Oliveiras e fados

 

DE OLIVEIRAS

há troncos rijos
há troncos milenares
há raízes fincadas em nós
há um azeitar de olhares e de horizontes longínquos
há um devir incontestável
há um verde insubstituível
há um aroma de terra lusa
há um aroma de terra negra
há um misto de lusos e de negros
em oliveiras
há mastros de mares distantes
há naus à deriva
sem portos
sem pousos
há o monte das oliveiras
há um óleo de ungir dores
 

 

A DOR PROFUNDA

Quando um fado toca
toca fundo
toca manhãs de infância
nas ondas de um rádio companheiro
toca uma veia lusitana mourisca
toca um destino desenhado
de sobrenome
de saga
de sanha.
 
Quando um fado toca
abre gavetas
revolve caixas de fotografias
 
Quando um fado toca
entorna o sentir
no copo do vinho cúmplice.

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3350 ANOS

oliveira milenar
de células iniciais
machucadas
feridas
por séculos
regenera-se
DNA alterado
revive
 
perpetuamente.

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MILENAR

Fincada na terra
acolheu a celtas
recebeu iberos
conviveu com lusitanos, celtiberos
resistiu a godos, romanos, visigodos
sustentou alanos e árabes
 
Do Faraó Ramsés II a Moisés
verdes folhas
verdes frutos
verdes óleos
fincados
mantidos
untados
milênios na terra
milênios de oliveiras
 

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Leia também

Pessoa, sou Oliveira, Pessoa

 

Poesias: Odonir Oliveira

1º Vídeo: Canal Antoine Briano

2º Vídeo: Canal Jo Martins

3º Vídeo: Canal Airin R

Imagens de oliveiras de Portugal retiradas da internet

O homem que eu amo é assim

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O homem que eu amo

Tem mais de 60 anos. Percorreu comigo bailinhos dançando Beatles, ouvindo Caetano, Gil, Chico, Nara, Roberto. Esteve comigo desde as primeiras bebedeiras pueris de cubas-libres às caminhadas de volta, entre amigos, até em casa.

Esse homem que eu amo é um cara simples e sofisticado ao mesmo tempo, porque vai de 8 a 80 rapidinho, sem esforço. Nada tem de herói, como os amados de minhas amigas tantas, não é destemido, nem forte ao extremo, não precisa abrir porta de carro, nem trocar pneus. Não abre potes muito duros de se abrir. Meu homem amado é muito divertido, gosta de ironia, de trocadilhos – com bagagem, claro. Sabe ser amigo dos amigos, dos meus e dos dele. Cozinha um nada, entretanto tem segredos culinários para momentos especiais e uma bebida gelada pra acompanhar.

O homem que eu amo só faz certos favores se desejar, para seu e meu prazer. Nada lhe é imposto, nada é pertinente apenas a ele, nada consta de um script apenas seu. Conhece os papeis múltiplos que trocamos e num dia abre as janelas e eu fecho as portas; no outro, eu abro as janelas.

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O homem que eu amo me percorre as descobertas faz anos, me motiva versos, risos, belezas sonoras e líricas de se enxergar de longe.lua-e-homem-no-escuro-azul

O homem que eu amo é contemplativo e ativo, adora silêncios, namora as estrelas e a lua, ouve os grilos, os peixes, os passarinhos e o vento. Sabe da necessidade da quietude, sabe da busca pela espera, do florescer ao frutificar. O homem que eu amo sabe reconhecer diferenças entre o incomum, o invulgar e o restante das coisas. Ele desenha bem,  com luz e perspectiva, além de colorir com sensibilidade ímpar.

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O homem que eu amo tem chuva nos olhos, nas mãos, no peito. Molha-me todos os ossos e a pele. Canta quando dirige, assobia e grita pela janela, gritos de emoção. Pinta telas policromáticas, do verão ao inverno. Muda apenas certas tonalidades, mas as sensações são as mesmas.

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O homem que eu amo conhece. Percorre. Enternece. E tem ira, indignação, medo, orgulho e fragilidades. Permite. Faz. Responde. Corresponde.

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O homem que eu amo vive comigo por mais de 50 anos. Nunca mudou. Ele é o mesmo homem que sempre esteve comigo.

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É bom sentir que existe um homem que eu sempre amei e que ele sempre esteve comigo.tumblr_kfikyh55

Texto: Odonir Oliveira

Vídeo: Canal João Felipe

Fotos da Internet.

O poeta é um fingidor?

AUTOPSICOGRAFIA

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Fernando Pessoa

Tenho muito cuidado com os sentimentos alheios. Sejam quais forem, dor, paixão, alegria, luto, ilusão, amizade, confiança, fidelidade …. jamais envolvi alguém em brincadeiras de gostar, de sedução, de flertes inconsequentes. Sou bastante sensível, e , muitas vezes me esqueço de que outros podem não ser assim. Vejo jogos de sedução acontecerem às baciadas todos os dias, para se obter uma vantagem qualquer: seja uma conquista amorosa, fazer ciúme em outro, na conquista de um emprego, até mesmo pela conquista de um favor mais difícil.
Não, não finjo a dor que deveras sinto, nem a que não tive. Sou sensível, gosto de seres amorosos, especialmente de crianças pequenas. Não uso as pessoas. E, isso em outros, naqueles que já foram manipulados, descobrindo depois as manipulações, provoca um instinto de defesa permanente, gato escaldado…. sabe como é.
Eu, Odonir, não sou de brincar com o sentimento alheio. Respeito. Não esfolo o ser fisicamente, nem por alegorias. Isso é cruel, a meu ver.
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Meu post anterior, “TECENDO UM AMANHÔ, foi publicado por mim em um grupo do Facebook, no qual estou inserida.Dentre os comentários, um em especial me chamou a atenção. Assim, o copio aqui porque quando se tem sensibilidade, respeita-se o outro, ao escrevermos um poema, uma crônica, mesmo sem sabermos, alguém será “atingido” por aquilo em seu sentimento.
Quando estive visitando e fotografando o local, sozinha, num lindo domingo ensolarado, meditei por lá. E nesse encontro com a demolição, com os escombros da antiga tecelagem, imaginei histórias que por ali poderiam ter sido vividas. 
Escrevi.
RESPOSTA DO LEITOR
Jesus Tavares de Campos
Jesus Tavares de Campos : Postaram para mim, como um fantasma, a bisbilhotar,minhas idas e vindas,no ano de 1952,nas madrugadas frias e nas noites enluaradas,no meu primeiro emprego…na Fábrica de Tecidos Ferreira Guimarães,na minha Barbacena! Ainda guardo com respeito e muita gratidão,o som ritmado dos teares é uma sinfonia singela que enfeitiçou minha alma de então menino!Ali, encontrei uma colega Elisa, que me fez um homem amado e um Pai de família tudo no ano de 1959…agora, Ferreira Guimarães, se faz somente como um retrato de parede, e certamente o gigante será demolido, mas ,no meu coração estará sempre VIVA e minha saudade será ETERNA!!!
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Românticos
(Vander Lee)
Românticos são poucos
Românticos são loucos
Desvairados
Que querem ser o outro
Que pensam que o outro
É o paraíso…Românticos são lindos
Românticos são limpos
E pirados
Que choram com baladas
Que amam sem vergonha
E sem juízo…São tipos populares
Que vivem pelos bares
E mesmo certos
Vão pedir perdão
Que passam a noite em claro
Conhecem o gosto raro
De amar sem medo
De outra desilusão…Romântico
É uma espécie em extinção!
Romântico
É uma espécie em extinção!Românticos são poucos
Românticos são loucos
Desvairados
Que querem ser o outro
Que pensam que o outro
É o paraíso…Românticos são lindos
Românticos são limpos
E pirados
Que choram com baladas
Que amam sem vergonha
E sem juízo…São tipos populares
Que vivem pelos bares
E mesmo certos
Vão pedir perdão
Que passam a noite em claro
Conhecem o gosto raro
De amar sem medo
De outra desilusão…Romântico
É uma espécie em extinção!
Romântico
É uma espécie em extinção!Românticos são poucos
Românticos são loucos
Como eu!
Românticos são loucos
Românticos são poucos
Como eu! Como eu!
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Texto: Odonir Oliveira

Fotos de arquivo pessoal

Vídeo: Canal Vander Lee – Tema

Tecendo o amanhã

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TECELÕES

São fios tênues
são mãos que sentem fios delgados
são olhos que gozam a cada vez
são jovens, homens, mulheres
tantos
tecem
traçam
torcem
trançam
tantas
tantos
tomam
tramam
tecidos tantos
anos anos e anos.

SONHADORES

Seguem madrugadores
aos grupos
eles à frente
elas atrás
frases sonolentas
escuro e muito frio pelas ruas ainda enluaradas
o vento da cidade gela as almas
caminham
adentram o grande portão,
uniformes,
trançam
tramam seus tecidos
tecem os amanhãs
dias dias e dias.
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O TOM INGLÊS

Chega
traz novas tramas
traz novas tranças
traz novas danças
traz novos trunfos
traz bem-estar
traz o chá da tarde.
Tecelões apreciam
tecelões produzem
tecelões multiplicam
Tom ameaça
Tom incomoda
Tom desaparece.
Tecelões tecem, tecem, tecem.
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MARIA e JOSÉ

Pelas idas e voltas
um atrasa o passo
a outra adianta.
Os tecelões seguem
os dois seguem
tecem
seguem
namoram noivam casam
a tecelagem tece outros destinos
filhos netos bisnetos.
A tecelagem deixa de tecer destinos
a tecelagem morre
a tecelagem desmancha-se
a tecelagem desaparece.
Uma chaminé resiste.
Ela contará a história.
Ela tecerá amanhãs.
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Companhia Fiação e Tecelagem Barbacenense, CFTB, empresa de tecelagem de algodão localizada na cidade de Barbacena, no Estado de Minas Gerais. Mais tarde Ferreira Guimarães.16722752_404019233279406_2567616426104298690_o16602246_404018483279481_6477978289920203493_o16722582_404018553279474_5339317723669158006_o16722720_404019159946080_8875186885758173525_o16722386_404019276612735_8967090626883456531_o16601950_404018963279433_3330291840366524564_o

Poemas: Odonir Oliveira

1º vídeo: Canal Helder Rocha

2º vídeo: Canal 1000amigovelho

3º vídeo: Canal Leonardo Thurler               

Imagens da Internet: da antiga Cia de Fiação e Tecelagem Barbacenense CFTB- depois Tecelagem Ferreira Guimarães

Fotos de arquivo pessoal: demolição- fevereiro de 2017

Saiba mais nessa crônica histórica:  http://www.recantodasletras.com.br/cronicas/4789465

LEIA TAMBÉM

A consequência poética desse post,  no  seguinte:

‘O poeta é um fingidor? ”

O poeta é um fingidor?

Pra não dizer que não falei das flores… uns versos

DOMINGOS DORMEM

É um sol modorrento nos telhados
é um muxoxo de nada mais
é um mormaço domingueiro vespertino
é um marrento sentar nas soleiras a conversações
é uma rebeldia estrangeira a tudo o mais.
É um abrir as cortinas
das ruas
das avenidas
dos barrancos
é um isso mais que aquilo
é um encanto multicor
é um encanto perfumado
é um carimbo intransferível
 
É Flor.
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Poema: Odonir Oliveira

Vídeo 1: Canal Luana C. Chacon 

Estão voltando as flores , de Paulo Soledade . Concerto realizado nos dias 27 e 28 de novembro de 2013 às 21h , no teatro do Sesc Vila Mariana , pela Big Band do Sesc e a Orquestra Sinfônica Jovem da Fundação das Artes de São Caetano do Sul , regência de Maurício Aguilar e Geraldo Olivieri Junior .

Vídeo 2: Canal Sonia Lessa- Emílio Santiago

Fotos de arquivo pessoal: flores das ruas da cidade de Barbacena, MG

Filmes eternos: iniciações

TELA GRANDE

encantamento
som luz imagens
duas cores
muitas cores
poltronas
escuro
silêncios
magia
prazer
imaginação
delírio
sonho
ilusão fascinação perpetuação

 

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MEU CINEMA PARADISO ETERNO

Quando nos reunimos presencialmente (ou virtualmente), além de canções -se alguém estiver com um violão- falamos de filmes. Tanto canções quanto filmes têm a propriedade de nos remeter a mundos muito além daquele em que vivemos. Vejo a moçada nas redes sociais hoje se emocionando em amor, raiva, ódio pelas séries americanas, pelos filmes a que assistem na Netflix… Sou do tempo da tela grande, do frenesi das estreias, das filas na porta dos cinemas de rua, dos debates pós-filmes, das resenhas, do café na saída da exibição e ali a conversa por horas sobre aqueles belos filmes a que assistíamos.

Quando o cinema fez 100 anos, fiz com meus alunos do Colégio Galileu Galilei, nível médio,  em São Paulo, um belo projeto sobre filmes- que eles desconheciam até então. Isso envolveu trilhas sonoras, elencos, estúdios, críticas aos filmes e muito mais. E depois de havermos recebido a visita de um cineasta, tudo ficou mais fácil.

Aqui gostaria de sugerir alguns filmes, principalmente para a moçada que não os conhece.

Escolhi começar com o tema:  iniciações.

Houve uma vez um verão (Summer of 42)

O filme é de 1971; eu o assisti em 1976.

Aos quinze anos de idade, Hermie (Gary Grimes) vai passar as férias na praia. Durante esta viagem, ele procura respostas para suas dúvidas sobre a vida, a guerra, o amor e o sexo. Com a cabeça repleta de interrogações e sonhos, Hermie conhece uma mulher mais velha (Jennifer ONeal) e fica apaixonado. Começa assim, uma intensa relação onde Hermie busca aprofundar seu conhecimento sobre o mundo. E ela, por sua vez, busca no jovem adolescente o amor ausente de seu marido que partiu para a Guerra. Sobre este tema, o diretor Robert Mulligan faz uma belíssima poesia cinematográfica, relatando com sensibilidade o despertar de um jovem para o amor. A inesquecível trilha sonora, ganhadora do Oscar, composta por Michael Legrant e a bela fotografia fazem deste filme uma obra que retrata com perfeição o clima daquela época. Dentro de uma atmosfera romântica e sensível, Verão de 42 se transforma numa apaixonante história de amor, onde desejos, sonhos e descobertas se misturam em um verão mágico e inesquecível.

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The Graduate (A primeira noite de um homem)

O filme é de 1967; eu o vi em 1972

Após se formar em uma faculdade presumivelmente localizada na costa leste americana , o jovem Benjamim Braddok  retorna para a casa de seus pais em um subúrbio californiano não identificado, indeciso quanto ao que fazer em seu futuro e quanto às perspectivas para ele. As primeiras cenas do filme se passam no aeroporto, após o desembarque, tendo como fundo musical a canção The Sound of Silence. É recebido entusiasticamente pelos pais, os quais preparam-lhe uma festa de boas-vindas para a qual convidam vários amigos da família, muitos dos quais são desconhecidos de Benjamin. Seus pais também lhe oferecem um carro conversível de presente, carro este que passaria a ser um elemento bastante presente ao longo da trama.

Benjamin acaba sendo seduzido pela mulher do sócio de seu pai, a sra. Robinson. O casal Robinson é vizinho e amigo íntimo dos pais de Benjamin e é revelado que passam por problemas conjugais, ainda que evitem passar esta aparência. A sra. Robinson pede a Benjamin que a leve em casa após a festa dada por seus pais pois ela teria bebido demais. Pressionando o jovem a que a acompanhasse em uma bebida na casa dos Robinsons, que se encontrava vazia, os dois personagens protagonizariam uma das cenas mais conhecidas da história do cinema norte-americano: com sucessivas indiretas dadas pela sra. Robinson a Benjamin, este dirige-se a ela e diz-lhe: “Sra. Robinson, você está tentando me seduzir!” (Mrs Robinson, you are trying to seduce me no original, frase esta adaptada diversas vezes em paródias feitas em seriados e filmes diversos).

The Go-Between (O Mensageiro)

O filme é de 1971; eu o vi em 1975.

Em férias de verão na casa de campo de seu melhor amigo em Norfolk, interior da Inglaterra, o garoto Leo Colston apaixona-se pela bela Marian Maudsley, a filha mais velha da família. A moça incumbe o garoto de fazer o papel de mensageiro entre ela e Ted Burgess, o arrendatário de uma fazenda próxima. Leo, sentindo-se amado e valorizado por Marian, cumpre a tarefa com satisfação. Porém, não demora a descobrir que entre Marian e o rapaz existe um ardente e secreto caso de amor. E vem a desilusão.

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Rebel Without a Cause ( Juventude Transviada)

O filme é de 1955; eu o vi em 1975.

Juventude Transviada (Rebel Without a Cause ) é um clássico no sentido mais puro da palavra; este é o filme definitivo que representa toda uma geração.Na trama, os pais de Jim Stark se veem obrigados mudar novamente de cidade devido à quantidade de problemas em que o jovem rebelde se envolve. No colégio novo Jim se sente um pouco deslocado e tenta fazer amizade com alguns encrenqueiros, mas a tentativa de aproximação dele com Judy não é bem vista por Buzz, líder da gangue do colégio e namorado da jovem. Sofrendo perseguições por parte dos colegas Jim aceita participar de um racha para provar o seu valor. Uma história demasiada simples, mas com uma profundidade e força que encanta, choca, emociona e diverte gerações desde o seu lançamento no longínquo ano de 1955. 

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EASY RIDER

O filme é de 1969; eu o vi em 1973.

“Easy Rider” (“Sem Destino” ) foi lançado em 1969 nos Estados Unidos, em uma época de otimismo geral da nação pós-Segunda Guerra Mundial, de patriotismo, de anticomunismo (manifestado principalmente na Guerra Fria contra a União Soviética) e de desenvolvimentismo. Porém, nesse período começaram a surgir diversas manifestações contrárias ao estilo de vida e de pensamento no ocidente. Essas manifestações tinham o intuito de posicionar-se na contramão do capitalismo, do consumismo, da moral vigente. Era a contracultura.

O filme acompanha a trajetória de Wyatt (interpretado por Peter Fonda) e Billy (encarnado pelo rebelde Dennis Hopper) pelas estradas dos Estados Unidos a bordo de suas motocicletas custom. No caminho até New Orleans, eles passam por comunidades hippies, fazendas tradicionais, pequenas cidades, e, ao serem presos por desordem, conhecem George Hanson (magistralmente vivido por Jack Nicholson) na cela, um advogado sarcástico e crítico. George conta suas histórias, levanta perguntas para os dois motoqueiros – e passa a os acompanhar em sua jornada, regada por um rock de altíssima qualidade: Steppenwolf, The Byrds e Jimi Hendrix.

“Easy Rider” é, acima de tudo, um filme sobre liberdade. O mais importante não é o enredo, mas sim as experiências dos viajantes. Não é um filme sobre o destino, mas sim sobre a jornada.

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Fotos de arquivo pessoal

Textos de sinopses diversas retirados da Internet.

Vídeos:

1-Canal rony gee guerrero ocampo

2- Canal Maureen712’s channel l

3-Canal  BigGreenMovieMachine

4- Canal  thesobgetsawaywithit

5- Canal Movieclips Trailer Vault

6- Canal  Regina Côrtes

“O senhor sabe o que silêncio é? É a gente mesmo, demais”, G. Rosa

CLEPSIDRA

Tua água escorre sobre meu corpo
Com as marcas de existir
São marcas de pele, carne, ossos e dores.
 
Meu corpo, que antes me entregaste belo e fresco,
ora resulta ocre e rugoso.
Meu tronco, que antes o fizeste rijo e aveludado,
ora resulta sem o brilho vivaz das primeiras idades.
Minha pele, antes rósea e fina,
ora fazes dela um outro matiz e uma outra textura.
 
Convivo com meu corpo
Convivo com meus sentimentos
Convivo com minhas marcas
Há muitos anos.
 
Sei o porquê de cada uma.
Os outros é que não.
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MARIA

Bebe veneno no frio
come veneno no calor
cheira veneno no quintal
olha a lua
fala com as estrelas.
 
Chora com as ondas
soluça com as serras
engasga com o sol.
descama com a fumaça.
 
Sofre com incertezas
emagrece com torpezas
engorda com durezas
desfaz-se em friezas.
 
Maria
faz travessias na garupa do cavalo torpe
que lhe encilha a alma.
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NA ROTA, UM PORTO

Chapéu de aba larga florido
vestido de fustão e renda
botas de cadarços
luvas brancas de seda.
 
Colo branco, rosto pálido, boca rósea
Olhar distante
jardim florido de rosas, rosas, rosas …
Pés de amoras, pitangas, goiabas
Perfume de lenha pão bolo café
Cavalos nas calçadas,
homens de chapéus bengalas,
meninos em calças curtas
Olhar distante
Horizontes perdidos em espaço e tempo.

BEBO

Bebo olhos de lentes
Bebo focos de luzes
de manhãs tardias
de tardes já sem sol
de noites em flashes artificiais
 
Bebo sons de fardos fatos e fotos
Bebo retinas de nesgas de luz morrente
Bebo uma fissura mínima de acontecimentos
Bebo cores nuances tons
toantes
soantes
penetrantes.
 
Que sou eu
se não dois olhos
bebendo frisos de cores e incensos ?
 
Que sou eu?
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OUVINDO O CORAÇÃO

     Por mais de trezentos dias ouvi meu coração
     Por mais de trezentos dias ouvi seus suspiros e contestações
     Nada desprezei, nada sufoquei, nada neguei.
 
   Dias, tardes, noites de escutas atentas e aflitas.
   Portas abertas, portas fechadas, portas trancadas.
   Janelas abertas, janelas fechadas, janelas trancadas.
 
  Melodias, poemas, minhas estradas, lagos, cachoeiras, estrelas.
  Transfigurações de viagens idílicas em caminhos de terra vermelha e poeira.
  Moldura de telas pintadas a esmo, sem tintas ou pincéis.
 
Qual voo cego sem rumo nem porto, alcei espaços e tempos.
Nunca houvera antes voo de tamanha amplitude em meu coração.
 
Ah, que novo setembro inaugure beirais !
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Poemas: Odonir Oliveira

Fotos de arquivo pessoal: Túnel sob antiga Estrada de Ferro Oeste de Minas- EFOM -Barbacena, MG

1º Vídeo: Canalplaylistplay

2º Vídeo: Canal sarahsrecords

3º Vídeo: Canal Odonir Oliveira

Tempos nefastos

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VITRINE LEXICAL

o maléfico chega
o peçonhento intriga
o danoso rebate
o nocivo contamina
o funesto amplia
o danoso ataca
o tóxico envenena
o lesivo atiça
o prejudicial aplaude
o maligno comemora
o pernicioso condena
o fatal sepulta.

 

SEMÂNTICA PERVERSA

Ela disse, ela fez, ela causou
Ele escreveu, ele ofendeu, ele registrou
Ela contou, ela entregou, ela ofendeu
Ele aceitou, ele concordou, ele marcou
Ela feriu, ela se feriu, ela sofreu
Ele encarnou, ele assumiu, ele sumiu
Ela chorou, ela bebeu, ela adoeceu
Ele seguiu, ele voou, ele mergulhou
Ela sangrou, ela anoiteceu, ela amanheceu
Ele encantou-se, ele fascinou-se, ele enlevou-se
Ela envelheceu, ela endureceu, ela cristalizou-se
Ele, asas
Ela, concha.

 

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RELAÇÕES SINTÁTICAS

Ser agente de voz ativa ou passiva
Ser sujeito ativo ou paciente
Ser objeto direto ou indireto de um verbo qualquer
Ser termo acessório apenas ou termo integrante
Ser uma circunstância adverbial, o quando, o talvez, o finalmente
Ser adjunto do nome, enfeite, qualificador, apêndice
Ser um aposto explicador, um  esclarecimento, um entendimento, uma identificação
Ser vocativo, chamamento, invocação, busca
Sintaxes cotidianas, relações de interdependência.
Texto, contexto, intenção.

 

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Poesias: Odonir Oliveira

Vídeos Canal  JB Jazz Blues House The Club

Imagens da Internet

Lendo pelo mundo …

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LER O MUNDO

bebo palavras
lambo ilustrações
sorvo metáforas, alegorias, hipérboles
de mim
de nós
de todos.

mastigo estrofes
degluto versos
sugo frases
chupo páginas

amo capas lombadas
devoro prefácios, sumários, epígrafes

Sou uma devoradora de livros
quase autofagia de meus mitos gregos
quase antropofagia de meus mestres poetas
quase dependência física de papéis escritos.

Essa sou eu.
Sei que é você.
Também.

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Eu, uma contadora de histórias, declamadora de poemas …

Durante mais de 3 décadas tentei seduzir meu alunos pela leitura. Muitas foram as atividades que realizamos com esse objetivo. Fora de sala líamos sob as árvores, fazíamos leituras compartilhadas- capítulo a capítulo- de narrativas memoráveis. Recriamos finais de obras, transformamos texto narrativo em texto dramático- e o encenamos para o autor, inclusive. Fizemos tantas e tantas peripécias literárias… de saraus lítero-musicais até a recriação da Semana de Arte Moderna de 1922- com duração de uma semana mesmo, com vaias, apupos, plateia etc.Sempre lutei, lutei mesmo, nas editoras para conseguir levar os escritores às escolas, com intuito de dessacralizar essa coisa chamada LIVRO.

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Quando fui saindo das salas de aulas, havia decidido ser uma leitora apenas. Trabalho voluntário.Leria para quem desejasse, fossem analfabetos, internos em hospitais, asilos … ou para crianças em quaisquer circunstâncias- menos nas escolares. Fujo de escolas, de seu carcomido anacrônico roteiro apostilado e pasteurizado de ensino. Por mais de 15 anos, trabalhei com recapacitação de professores por 4 estados brasileiros, mambembando leituras. Concluí que pouco havia conseguido alterar na sua forma obsoleta de ensinar, naquela em que estavam viciados.

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O Clubinho da Leitura é um dos ramais que sigo com o objetivo de ser apenas uma leitora. Logo vem alguma mãe que me pede para ir a um encontro de crianças e contar histórias etc. VOU.

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De outra vez o faço em domicílio, há ali uma criança adoentada, desanimada, merecendo sonhar. VOU.

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Ainda outra vez há uma festa de aniversário, crianças de todas as idades, inquietas, talvez acostumadas a tablets, celulares… VOU.

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Todos deveriam ler para outros, experimentar fazer isso em voz alta, declamar um poema, ler com a beleza que a literatura quer distribuir, ler com o encanto que as palavras, as frases e suas combinações querem semear com suas metáforas e alegorias. Ler sem ficar investigando o que se aprendeu com aquele texto, aquele poema. Quando muito, conversar sobre a fruição, se gostou e por que gostou, de que trecho gostou mais, se gostaria de conhecer outros textos como aquele, do mesmo autor etc. E com crianças, deixar que elas namorem os livros, peguem, abram, cheirem, vejam as ilustrações, de que material são feitos e tudo mais.

Em novembro, em um shopping de B. Horizonte, MG, havia um espaço montado para leitura que funcionava da seguinte forma: qualquer pessoa doava 2 livros e levava outros 2 pra casa. Assim, o acervo tornava-se atualizado e circulante, manipulável, facilmente. Uma menininha chegou com mãe, pai e avó, tocou nos livros que lá estavam, não havia um infantil sequer. Fiquei observando, de perto. Abriu, manipulou, queria penetrar neles, mas não viu graça. Pedi que esperassem um pouco ainda por lá. Corri à Livraria Leitura e comprei 4 livros infantis. Coloquei-os na mesinha. Imediatamente ela os devorou, ainda que não soubesse ler. Ofereci minha leitura, comecei e deixei a cargo do pai continuar. Em troca, levei meus 2, um do Saramago e outro do Chico Buarque, que aliás não os tinha em casa.

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LIVROS ENCANTAM. 

Leituras necessitam de MEDIADORES, bons leitores, que tragam a chave (como indicou Drummond em seu verso: ”Trouxeste a chave?”) e arreganhem as cortinas do sonho, da aventura, da magia, da poesia … Depois é deixar com os novos leitores que eles seguem os ramais e caminhos.

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As mais belas histórias – por Sartre

“Eu ainda não sabia ler, mas já era bastante esnobe para exigir os meus livros. Meu avô foi ao patife de seu editor e conseguiu de presente Os Contos, do poeta Maurice Bouchor, narrativas extraídas do folclore e adaptadas ao gosto da infância por um homem que conservava, dizia ele, olhos de criança. Eu quis começar na mesma hora as cerimônias de apropriação. Peguei os dois volumezinhos, cheirei-os, apalpei-os, abri-os negligentemente na ‘página certa’, fazendo-os estalar. Debalde eu não tinha a sensação de possuí-los. Tentei sem maior êxito tratá-los como bonecas, acalentá-los, beijá-los, surrá-los. Quase em lágrimas, acabei por depô-los sobre os joelhos de minha mãe. Ela levantou os olhos de seu trabalho: ‘O que queres que eu te leia, querido? As Fadas? ‘ Perguntei, incrédulo: ‘As fadas estão aí dentro?’ A história me era familiar: minha mãe contava-a com frequência, quando me levava, interrompendo-se para me friccionar com água -de- colônia […] e eu ouvia distraidamente o relato bem conhecido […] Durante todo o tempo em que falava, ficávamos sós e clandestinos, longe dos homens, dos deuses e dos sacerdotes, duas corças no bosque, com outras corças, as Fadas; eu não conseguia acreditar que se houvesse composto um livro a fim de incluir nele este episódio de nossa vida profana, que recendia a sabão e a água-de-colônia.”

Em As Palavras, Jean-Paul Sartre,Nova Fronteira, 5ª edição, p.34.

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A paixão de Bastián

As paixões humanas são um mistério, e com crianças acontece a mesma coisa que com os adultos

A paixão de Bastián Baltasar eram os livros.

Quem não tiver passado nunca tardes inteiras diante de um livro, com as orelhas ardendo e o cabelo caído no rosto, lendo e lendo, esquecido do mundo e sem perceber que estava com fome ou com frio…

Quem nunca tiver lido à luz de uma lanterna, embaixo das cobertas, porque papai, mamãe ou alguma pessoa solícita apagou a luz com o argumento bem intencionado de que tem de dormir, porque amanhã precisa levantar cedinho…

Quem nunca tiver chorado dissimuladamente lágrimas amargas porque uma história maravilhosa acabou e era preciso se despedir dos personagens com os quais tinha corrido tantas aventuras, que amava e admirava, pelo destino dos quais temera e rezara e sem cuja companhia a vida pareceria vazia e sem sentido….

Quem não conhecer tudo isso por experiência própria, provavelmente não poderá compreender o que Bastián fez então.

Em “La historia interminable, Madrid, Alfaguara, p.12-13)

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Poema e texto: Odonir Oliveira

1º vídeo: Canal Odonir Oliveira

2º vídeo: Canal HYnd- Photography

Marisas, Maísas, Marias …

VIOLÊNCIA , AOS COSTUMES

Nas noites …
reprime a fala
maltrata o sentir
encosta o açoite sutil da moeda
encosta o açoite do domínio sexual
encosta o açoite do poder físico
cala as mãos, os pés, o olhar
cala a partida
cala , amedronta, ameaça.
Marisa engole
Marisa sufoca
Marisa implode
Maísa bebe
Maísa enlouquece
Maísa explode
Maísa se suicida.
Maria grita
Maria berra
Maria enfrenta
Maria desacata
Maria chora
Maria enxerga as pedras
Maria enxerga a luta
Maria faz jardins
Maria faz poesia.

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En la lucha de clases
todas las armas son buenas
piedras
noches
poemas

Paulo Leminski

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Poesia: Odonir Oliveira

Vídeo: Canal Milton Nascimento

Fotos de arquivo pessoal