Minas Gerais 300anos – 6º Poema da Série: uma exaltação aos saberes e aos sabores mineiros presentes em cada canto do Estado na fabricação caseira, artesanal e industrial do místico Queijo Minas…
EM MINAS A LUA É QUEIJO
Em Minas
Uma massa crua
Ao paladar se insinua
O céu da boca que a usufrua
Qual noite sedutora de prateada lua
Em Minas
A Maciez e textura
E a riqueza em gordura
Do queijo mineiro meia cura
Qual meia lua no céu é sabor e aventura
Em Minas
Suavidade sem igual
Saboroso saber artesanal
Delicado queijo Minas frescal
Minas não precisa de mar pra fazer luau
Em Minas
Terra de poesia
Prosa também contagia
E o queijo canastra, que iguaria
No topo da Serra é lua que sacia todo dia
Em Minas
No campo ou Sertão
Curado em amarela coloração
Queijo Minas padrão é uma tentação
Beijo vigiado pela lua cheia no calor do verão
Em Minas
Em cada canto e lugar
Sabor e saber há de encontrar
Em Araxá, no Serro e Serras avistar
Queijo de Minas é amar nas noites de luar
SUGESTÃO: Poema lindinho. As professoras mineiras deveriam trabalhá-lo nas escolas. Pode ser o start para o estudo da queijaria mineira, origens, especialidades de cada região etc. Além de muita produção de texto a partir disso: informativos, narrativos, poéticos, epistolares, publicitários. Riquíssimo, Estevam.
NOITE ESCURA um fiapo de luz aqui ali acolá lá onde será o lá rumos traçados antes trilhos estradas picadas veredas onde será o lá um fiapo de lume desafios tormentas vendavais onde será o lá a flecha o alvo a meta o curso na serra no monte no rio na fonte onde será o lá a terra semeada a terra tratada a terra a poeira a rota onde será o lá persegue o risco no céu alinhava os pontilhados costura as nuvens onde será o lá?
“Como cronista procuro apenas amenizar um pouco o aspecto trágico, sinistro, do mundo em que vivemos.”
“Não sou um escritor na acepção literária da palavra, mas alguém que fez da poesia a sua saída.”
“Eu me considero, no máximo, o maior poeta vivo da rua onde moro, onde, aliás, não me consta que exista outro poeta.”
“Tarde, a vida me ensina esta lição discreta: a ode cristalina é a que se faz sem poeta.”
“Com toda a sinceridade, não desejo nenhum prêmio internacional, é muito cacete.”
“Os cacos da vida, colados, formam uma estranha xícara. Sem uso, Ela nos espia do aparador.”
“A amizade é um meio de nos isolarmos da humanidade cultivando algumas pessoas.”
“É mais fácil conceber um anjo sob aspecto de pessoa que se pareça com ele do que como anjo propriamente dito.”
“O amor antigo tem raízes fundas, feitas de sofrimento e de beleza.”
“A contagem do tempo do poeta não é a do relógio nem a da folhinha.”
“Talvez. O certo é que nunca.”
“Pisando livros e cartas, viajamos na família”
“O corpo da verdade tem uma pinta em lugar invisível.”
“O povo toma pileques de ilusão com futebol e carnaval. São estas as suas duas fontes de sonho.”
“O país excessivamente grande perde a noção de grandeza e resigna-se a ser dirigido por homens pequenos.”
“É meio constrangedor a gente ficar, depois que todos vão embora.”
Poema-orelha
Esta é a orelha do livro por onde o poeta escuta se delem falam mal ou se o amam. Uma orelha ou uma boca sequiosa de palavras? São oito livros velhos e mais um livro novo de um poeta inda mais velho que a vida que viveu e contudo o provoca a viver sempre e nunca. Oito livros que o tempo empurra para longe de mim mais um livro sem tempo em que o poeta se contempla e se diz boa-tarde (ensaio de boa-noite, variante de bom-dia, que tudo é o vasto dia em seus compartimentos nem sempre respiráveis e todos habitados enfim.) Não me leias se buscas flamante novidade ou sopro de Camões. Aquilo que revelo e o mais que segue oculto em vítreos alçapões são notícias humanas, simples estar-no-mundo, e brincos de palavra, um não-estar-estando, mas de tal jeito urdidos o jogo e a confissão que nem distingo eu mesmo o vivido e o inventado. Tudo vivido? Nada. Nada vivido? Tudo. A orelha pouco explica de cuidados terrenos: e a poesia mais rica é um sinal de menos.
LEITURAS APAIXONADAS Encantam-me os homens apaixonados delicio-me em ler suas paixões escrevem cartas de amor pintam telas repletas de símbolos compõem canções com endereço certo ouvem atentamente a quem amam fazem ações significativas recolhem as palavras do ser amado com carinho e apreciação encantam-me os homens apaixonados choram por amor sofrem com ausências sentem falta do ser amado da cor da pele do cheiro da pele do gosto da boca do contorno do rosto do tato dos cabelos sabem o que dizer ao se encontrarem sabem o que fazer ao se tocarem sabem o que fazer de forma especial e única com aquele amor encantam-me os homens apaixonados.
DORES MASCULINAS Tenho lido pelos blogs tantas histórias de amor! Algumas repletas de metáforas sensuais, de signos e símbolos. Fico a imaginar quão fascinante teria sido aquele amor vivido, quão produtivo teria sido naquelas vidas. Outras vezes são narrativas salpicadas de recordações, de momentos envolventes, de delírios em pares. Fico a visualizar tais momentos a partir do narrado. Quanta beleza há nesses relatos masculinos desnudos, sem temores, sem máscaras ou disfarces. Sempre admirei amores explícitos, posto que acontecem com gente corajosa, que se declara, se mostra, se arrisca. Considero esses escritos masculinos verdadeiras heranças, repletas de valores afetivos aspergidos em outros corações.
DEDICATÓRIA: A todos os homens blogueiros, poetas e compositores que transformam seus amores em verso e prosa.
O QUE OS HOMENS (BRASILEIROS) DESEJAM DAS MULHERES? Sempre gostei muito da cantora e compositora Joyce. Fui acompanhando sua carreira. Tem 5 anos a mais que eu e foi desconstruindo, com a idade e a maturidade, alguns valores e padrões de comportamento. No final da década de 80, assisti a uma apresentação de Joyce no Centro Cultural São Paulo e levei junto minha filhota de uns 9 anos. Era um fim de tarde de sábado, morávamos ali pertinho, na Vila Mariana. Chegamos cedo, compramos os ingressos e aguardamos, visitando mais uma vez as mostras do espaço. O show foi excelente. Joyce tinha como cenário um pano, talvez algodão cru, onde ia pixando com spray frases de ordem, lemas etc. Antes de cantar ”Minha namorada”, fez um discurso feminista, inclusive. A plateia estava repleta de jovens de vinte e poucos anos. Todas e todos aplaudiram, sentados na arquibancada da plateia. Nós duas estávamos nas cadeiras, bem próximas do palco e dos músicos. Minha filha curtiu muito toda aquela encenação; eu, as canções. Fato é que os anos se passaram, Joyce (agora Joyce Moreno) casou-se com Tutti Moreno em 2001, suas filhas Clara e Ana cresceram, tornaram-se também mulheres, e, curiosamente, continua casada com ele em 2020. Joyce acaba de lançar seu livro “Aquelas coisas todas” e seu novo disco “Fiz uma viagem”. Vale a pena conferir e, sobretudo, se perceber como as mulheres mudam pontos de vista sobre valores etc. a idade e as vivências vão trazendo a maturidade e alterando aquilo que parecia cristalizado nelas. Homens deveriam fazer o mesmo. Tudo pode mudar seu mundo. Ninguém é de aço inoxidável.
MULHER DIARIAMENTE Não está vendo ali? É uma mulher. Tem cheiro de mulher Tem jinga de mulher Tem sorriso visguento de mulher Tem redondos e doces de mulher Não está vendo ali? É uma mulher. Chora aos baldes como mulher Ensina aos ventos e tempos como mulher Arremata discursos com exclamações sem vírgulas como mulher Cuida de seres animais, vegetais e humanos como mulher. Não está vendo ali? É uma mulher. Enfeita o cenário Compõe a moldura Derrama tintas E socorre feridas. Não está vendo ali? É uma mulher.
MADRUGADA Quem está aí? Ah, é você. Entre. Fique imóvel. Mantenha as mãos para trás. Ouça. Sinta. Veja. Quem é essa mulher? pimenta rícino fel sangue Quem é essa mulher? pedra pau cuspe veneno Quem é essa mulher? tango rima ritmo gozo. Quem é essa mulher? fogo ventre peito bunda Quem é essa mulher? vômito catarro urina suor Quem é essa mulher? céu-inferno manto sangrento Quem é essa mulher? ódio inveja rancor estupor Quem é essa mulher? Quem está aí? Ah, é você. Entre. Ouça. Sinta. Veja.
NO DESFILADEIRO é noite precipita-se um corpo no parapeito é noite a lua que cresce não está o céu de estrelas não está precipita-se um corpo no parapeito inclina-se ao horizonte escuro detém-se no vazio cruel é noite baixa os olhos surpreende-se encanta-se delicia-se é surpresa fraterna é surpresa colorida é afago de terra e graça chegou sem ser esperada é surpresa divina é noite
ESTIVESTE I Vieste da garupa de um alazão de aço paraste desceste com tua marcante capa preta com teu inconfundível escudo nas mãos imprimiste tua marca no chão, no ar do portal querubins e serafins te reconheceram entregaram tua imagem querubins e serafins carregaram tua mensagem sempre souberam nos longes tu estiveste tu viste tu voltaste
A PASTA, O POSTE, A PISTA, A PESTE A mulher conheceu aquele homem de maneira sui generis. Viu uma pasta deixada num poste, olhou ao redor a ver se avistava o dono. Nada. Não havia ali nenhuma pista. Não havia remédio senão abrir, investigar, saber do que se tratava, por que fora deixada ali. Mas tinha receio de invadir a privacidade de alguém, assim sem ter por quê. Ou tinha? Não sabia ao certo. Levou a pasta embora consigo. Dias depois, abriu. Eram poemas, letras de músicas, cópias de telas famosas. Um escrito ou outro, quanto mistério. A curiosidade se ampliava. Leu e releu tudo aquilo muitas vezes. Seriam de um artista, de um poeta, de um estudante, de um diletante, de quem? Depois de dias e dias, ao virar uma das imagens, leu um nome completo, de forma meio camuflada, mas leu. Foi buscar mais pistas. Descobriu um telefone próximo, ligou quis saber mais. Soube uma coisa ou outra. Mas e a pasta? Parecia uma peste colada à sua pele. Algo aderente, enigmático, difícil de ser esquecido, abandonado, desprezado. Ou não? Que pasta era aquela? E as pistas? Sem compreender. Por uma escrita das estrelas, a mulher precisou viajar, 3 dias noutro estado. Como num traçado do destino, esteve em sua porta o dono da pasta a saber dela, a conhecê-la, a encontrá-la. Não a viu, não a encontrou, nem a conheceu. Voltou para seu refúgio de dono de pastas e arquivos esquivos. Muitos meses depois, soubera ela que o homem estivera ali, à sua porta, procurando-a, querendo vê-la, querendo conhecê-la, talvez a conferir quem havia seguido suas pistas, da pasta no poste. Talvez. A surpresa foi mútua.
CANTOS DE ANJOS Durante todo o ano de 1997, enquanto exerci o cargo de ”assistente artístico”, na Escola Municipal de Música, da Secretária Municipal de Cultura, em São Paulo, me encantava assistir às aulas dos professores músicos de instrumentos de orquestra, às de canto lírico e, principalmente às aulas da regente Mara Campos, de musicalização e formação do coral infanto-juvenil. Mara era uma professora cheia de didática e encantava as crianças e jovens, com jogos lúdicos que educavam a atenção, ritmo, ouvidos e afinação. Era uma belíssima professora. Hoje já regendo corais de grande importância no estado de São Paulo. Eu não perdia uma chance de aprender com ela, de fotografar e de elogiar sua pedagogia. Corais são encantadores. Sempre. Há a noção do todo, a divisão das vozes, a preocupação com o conjunto, com processo e produto, sem certas vozes ofuscando outras, ensinando o que é trabalho coletivo. Mesmo quando há solistas nos corais, isso é recebido como parte do trabalho coletivo. São abelhas de uma mesma colmeia. Com crianças e jovens corais vão além de tudo isso, são forjadores de caráter, de noções dos papeis que desempenhamos na vida etc. Vejo os corais como socializadores e muito ricos. Villa Lobos foi grande incentivador do ensino de canto coral em escolas no Brasil. Mário de Andrade, idem. Participei por 2 anos, (em 1963 e 1964) de um coral, da ESA – Escola Santo Antônio, na FNM, em Xerém,RJ. (Hoje Zeca Pagodinho mantém seu Instituto na região, onde há educação musical e coral também). E sou capaz de lembrar das canções que ensaiávamos e cantávamos nas apresentações. Eu pertencia ao grupo da 2ª voz. Meu uniforme era um vestido azul marinho, blusa branca, meias brancas e sapatos pretos. E eu amava tudo aquilo.
Coro Infantil do Theatro Municipal do Rio de Janeiro Elza Lakschevitz, regente Foyer do Theatro Municipal do Rio de Janeiro – 20/11/1984
0:00 Almeida Prado – O livro mágico do curumim (começo cortado) 3:20 falas de Elza Lakschevitz sobre as 20 Rondas infantis, de Edino Krieger Edino Krieger – 20 Rondas infantis 6:03 1. Bom dia 6:46 2. Bam-ba-la-lão 7:30 3. A canoa não virou (final cortado) 7:58 4. Marcha, soldadinho (começo cortado) 8:34 5. Ciranda das flores 9:19 6. Um, dois 10:15 7. Capelinha de São João 11:22 8. Garibaldi não foi à missa 12:14 9. Boa noite 14:39 10. O galo 15:20 11. O cachorro 15:43 12. O elefante 16:18 13. O boi de mamão 17:02 14. O pato e a galinha 17:52 15. O macaco Simão 18:41 16. O cavalinho alazão 19:37 17. O gatinho 20:24 18. Cantoria dos bichos 23:12 19. Baião 25:26 20. Os sinos de Belém A pianista, que não aparece especificada na fita, provavelmente trata-se de Inês Rufino. Obs. Cada uma das rondas pode ser cantada em cânone, e em algumas ouvem-se instrumentos de musicalização, provavelmente tocados pelas próprias crianças. 29:07 falas de Elza Lakschevitz 29:39 BIS. Os sinos de Belém, a 1 voz, 2 vozes, e 4 vozes, em cânone 33:49 falas de Elza Lakschevitz 33:03 falas de Edino Krieger, oferecendo um exemplar da partitura a Francisco Mignone, que estava presente no concerto Acervo de Frank Justo Acker.
Gravação realizada por Frank Justo Acker em fita-rolo, digitalizada pelo Instituto Piano Brasileiro, e divulgada para fins exclusivamente culturais. Agradecimentos especiais a Clara Acker, que gentilmente autorizou o IPB a digitalizar e divulgar estas gravações.
Leia mais a respeito neste post: http://www.institutopianobrasileiro.c… Imagem: Elza Lakschevitz e o Coro Infantil do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, no Foyer. Foto tirada por Ricardo de Hollanda em 1987.
Agradecimentos a Ronaldo Miranda, que compartilhou esta foto em seu facebook. Digitalização de Adalberto Carvalho Pinto (betoacp@gmail.com), para o Instituto Piano Brasileiro
Corais da Terceira Idade: Cantar em corais faz tão bem, que em muitas cidades formam-se grupos da Terceira Idade, mas reclama-se, contudo, da baixa procura de vozes masculinas. Talvez, envergonhados.