ONTEM MORRI MAIS UMA VEZ
Segue em paz, mano. Leve com você a malinha cheia de nossas orações.
Poesia: Odonir Oliveira
Fotos de arquivo pessoal
Vídeo: Canal Eva Cassidy
ONTEM MORRI MAIS UMA VEZ
Segue em paz, mano. Leve com você a malinha cheia de nossas orações.
Poesia: Odonir Oliveira
Fotos de arquivo pessoal
Vídeo: Canal Eva Cassidy
MOSAICOS
A Arte Musiva, como é chamada, remonta séculos e provavelmente surgiu com os mesopotâmicos no ano 3000 a.C.. No ocidente, os maias e astecas já conheciam o mosaico e por isso, há controvérsias quanto ao seu surgimento.
O mosaico é uma arte decorativa milenar que reúne pequenas peças de diversas cores para formar uma grande figura. Do grego, o termo mosaico (mouseîn) é relativo às musas.
Representam a colagem próxima de pequenas peças, formando um efeito visual (seja um desenho, figura, representação) que envolve organização, combinação de cores, de materiais e de figuras geométricas, além de criatividade e paciência.
O “Estandarte de Ur” (produzido cerca de 3500 a.C.) é considerado o mosaico mais antigo encontrado até hoje, pertencente à região que viviam os antigos mesopotâmicos (sumérios).
Um dos maiores representantes da arte musiva e arquitetônica moderna é o artista catalão Antonio Gaudí (1852-1926). Podemos encontrar a maioria de suas obras espalhadas pela cidade de Barcelona, por exemplo, a Igreja Sagrada Família e o Parque Güell.
[…]
Fonte: https://www.todamateria.com.br/o-que-e-mosaico/
Aprendi a fazer mosaicos – pelos quais já era fascinada – em 2003. Fui fazendo pequenas peças, porta-jóias, porta-retratos, caixas, vasinhos. De repente, comecei a presentear também com mosaicos, além de versos. Fui descobrindo, por experimentação, outros materiais a serem utilizados, e não só as pastilhas de cerâmica ou de vidro. Logo percebi que poderia recolorir objetos antigos, dando-lhes novas cores, com retalhos de madeira (de catálogos de marcenarias), com retalhos de tecidos (de catálogos de tapeçarias), com retalhos de azulejos de demolições … Ou seja, os mosaicos me abriram um caminho amplo para criação. E como me satisfazia olhar ao final e dizer para meus ouvidos “Fui eu, fui eu mesma que fiz”. E depois vieram as costuras, as decoupage e outras formas de colorir os dias.
Acabei encontrando a interpretação da vida na metáfora da reconstrução. Tornar belo, novo, colorido aquilo que outros atiram fora, descartam, acreditam estar velho, sem serventia mais. Reciclar começou a fazer outro sentido. Filosofando as metáforas, fui seguindo. E com gente… mais ainda.
“O mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando” Guimarães Rosa
ERA UM SER EM RETALHOS
Conheci-o frágil, principiante
fortaleci-o
fortaleceu-me
fortalecemo-nos
Pedacinho a pedacinho
dia por dia
ano a ano
formamos um rico painel
desenhado por suores e dores
adornado de admirações mútuas
cristalizado por sensações tantas
enraizado pela terra-mãe
fincado no sal, no sol, no sim
multiplicidades
Mosaicos de nós
RECORTES LÍRICOS
Soubesses, oh anjo de mim,
sentir-me os perfumes
calar-me a voz
beber-me de cores
sugar-me de flores
desenhar-me a pele cegamente
embrenhar-me de néctares
emprenhar-me de meles simples
Soubesses tu que cor
têm meus medos
têm meus segredos
têm meus degredos
Soubesses tu de meus recortes
de florestas
de rios
de cachoeiras
de serras
Soubesses tu, anjo de mim,
da colagem de meus cacos
do desenho dos meus músculos
do brilho dos meus olhos
do verniz na minha imagem interna
mosaicos
Soubesses tu …
AOS CACOS
Ah, como te amo, meu pássaro encantado
Ah, como te espero vir em asas ao parapeito da janela
Ah, como te vejo ir, pousar
levantar voo com a mais bela asa morena
carregá-la no bico aos plenilúnios
todas as vezes
todos os meses
todos os anos
Ah, ser alado, de nada adiantariam meus ais
meus sopros e rogos
preferes a ela
todos as vezes
todos os meses
todos os anos
Carregas no bico acepipes que lhe gotejas nos lábios
Fazes teu canto para que ela te responda
Ela corresponde
Com ela voas beirando as veredas
Com ela semeias torvelinhos de ilusões
E quando a devolves ao porto de origem
todas as vezes
todos os meses
todos os anos
retornas ao ninho cabisbaixo, taciturno, poético
E assim segues levando no bico
a vida, as luas, as ruas, as brumas
todas as vezes
todos os meses
todos os anos
Meus trabalhos de artesanato não são vendidos. Guardo-os pra mim ou presenteio alguém com alguns deles. Nunca me preocupo com perfeição, porque eles são como eu, imperfeitos.
Tenho alguns leitores que criam o seu artesanato. Aplaudo-os. A eles dedico esse post. Nunca uma criação é igual à outra. Não se produz em série, por formas, mas com mãos que sentem, portanto, elas nunca sentem da mesma maneira, da mesma forma.
Poesias e fotos (SP/ 2013) : Odonir Oliveira
Vídeo: Canal Socorro Lira – Tópico
1967
É hoje o noivado?
Quase Natal
É hoje o noivado.
Uma moça magra, esguia
sonha e realiza sonhos.
Alianças finas
desejos finos
enlace de mãos
Namoro, noivado
noivado, namoro
O moço tímido
planeja, desenha, calcula
mede, elabora
Namoro, noivado
noivado namoro
Estradas à frente.
– Não posso comprar esses, vou ficar mais alta que o noivo.
A escolha dos sapatos
O vestido pelo joelho
O mantô branco sobre o vestido cenoura
O casquete de miçangas
O grande terço nas mãos
Uma noiva moderna, vanguardista
Uma noiva bossa-nova
Um noivo na espera
Na capela da universidade
a cerimônia matutina
a alegria dos familiares
à luz do sol
em dó, ré mi, fá
Estradas à frente.
Eu juro
sou testemunha participante
O nascimento do primeiro filho
O nascimento do segundo filho
O nascimento do terceiro filho
O crescimento dos filhos
As palavrinhas dos filhos
A escola dos filhos
Tantas rotas seguidas
Tantas rotas alteradas
A saúde de uma
A saúde do outro
A saúde de todos
Estradas cheias de curvas sinuosas
Chegadas, partidas, idas e voltas
Começos e términos
Voltas e reviravoltas
Amor o mesmo
Amor de cores diferentes
A chegada da neta
A chegada do neto
Estradas percorridas
Momentos vividos
Momentos sentidos
50 julhos
Uma vida inteira
nessa estrada.
Essa ”maratona didática” foi realizada com alunos de 6ªs séries, (7º ano) do ensino fundamental da EMEF Rui Bloem, em São Paulo, em 1998.
DESAFIO
A partir da imagem de um trem maria-fumaça com o número 353, contei-lhes que ali, naquela viagem, havia acontecido algo misterioso. O que poderia ter sido? Um crime, um grande assalto, um acidente … o que cada um teria a contar sobre o trem 353?
Percebi que gostavam muito de contos de mistério (e de filmes de mistério também). Então me propus a ensinar-lhes como fazê-los.
Depois surgiu a ideia de criarmos livros e fazermos sessões de contação das histórias, em ambiente preparado para que isso acontecesse. Sala com cortinas pretas, repleta de cartazes de filmes de mistério e de terror, objetos sinistros e caracterização de personagens.
Aqui está a sequência didática que percorri e que poderá ajudar os professores.
Bom trabalho.
– Elementos da narrativa;
– estrutura da narrativa
– escolhas para esse tipo de texto: advérbios e tempos verbais, léxico específico (relacionado com o clima de suspense);
– leitura de contos de suspense
– apresentação oral dos contos com boa dicção, entonação e tom de voz audível.
7º
Aproximadamente 15 aulas
– Cópias do texto Conto de Mistério, de Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).
– Vários exemplares de livros de contos de mistério.
– Filme de mistério para ser assistido em classe.
– Caderno para produção de texto, em suas várias fases ou versões.
– Retroprojetor, monitor de computador ou lousa para reflexão e refacção de textos de forma coletiva.
– Mural ou varal para exposição dos textos dos alunos.
– Materiais diversos para montagem da sala de contação de histórias de mistério.
– Sala com cenografia para contação das histórias de mistério e suspense.
Introdução
Verificamos, em produções de alunos, dificuldades para escreverem textos com sequência narrativa, elementos de conflito, caracterização de personagens, clímax da história e, principalmente, desfechos coerentes com o processo narrativo desenvolvido.
Muitas vezes possuem ideias incríveis para produzir narrativas, mas por lhes faltar orientação específica para escrever aquele tipo de texto, o fazem com qualidade aquém daquela que poderiam apresentar.
Na habilidade para escrever podem-se distinguir duas dimensões: o processo mental que se percorre para escrever e o resultado desse processo: o texto já construído. No processo global de construção escrita, distinguimos os processos parciais: planejamento, transcrição, edição e revisão. Essa sequência didática visa a trabalhar com os alunos a estrutura e a forma linguística que caracterizam esse tipo de texto.
Assim, reforçar as fases do processo de composição escrita: a fase do planejamento (geração do conteúdo de ideias, organização e estruturação desse conteúdo e determinação dos objetivos para ao ato da composição: público formato; a fase da tradução ou transcrição das ideias pensadas para uma forma linguística e a fase da revisão, onde se avalia o texto de acordo com o planejado e se faz revisão e correção do produzido.
Objetivos
Fornecer orientação específica aos alunos para escreverem seus contos de mistério.
Converse com os alunos sobre contos, histórias e filmes de mistério. Procure levantar com eles que elementos existem nesses gêneros. Anote o que disserem na lousa ou em uma folha de papel pardo, que ficará exposta na classe, durante todas as aulas.
Em seguida leia o Conto de mistério, de Stanislaw Ponte Preta, até o trecho ”Saiu então sozinho, caminhando rente às paredes do beco. Quando alcançou uma rua mais clara, assoviou para um táxi que passava e mandou tocar a toda pressa para determinado endereço”. , portanto, não leia o desfecho.
Utilize a técnica de predição de leitura, pergunte-lhes o que o personagem teria ido buscar naquele lugar. Anote na lousa as ideias e sempre questione a coerência destas com os elementos desenvolvidos no texto até ali.
Na sequência, entregue-lhes o texto impresso e deixe que descubram do que se tratava. Surgirão perguntas sobre o porquê do mistério ser um quilo de feijão. Levante com eles, o que poderia estar acontecendo para o personagem ter passado por tanto suspense para obter aquele simples quilo de feijão. Compare com outros produtos escassos e a dificuldade para obtê-los etc. Por fim, avalie com eles quem chegou mais próximo do desfecho ou se algum aluno descobriu o mistério. Não se esqueça de salientar que a novidade, o elemento surpresa, estava justamente no inesperado- elemento típico dos contos de mistério.
Proponha que leiam para seus pais e amigos em casa, mantendo o mesmo procedimento, sem o desfecho, para que possam saborear com outras pessoas o que sentiram em classe. Assim, também, estarão trabalhando sua leitura em voz alta, que é um dos objetivos da leitura.
Faça uma avaliação das opiniões dos ouvintes de casa. Compare com eles se estas coincidiram com as de seus colegas de classe. Sempre aparece uma ou outra novidade, o que enriquece o campo das ideias.
Retome o texto e comece a destacar com eles os elementos linguísticos que construíram o mistério no conto. Destaque as descrições, para isso levante os adjetivos especiais, soturnos, que foram usados para caracterizar as personagens e os objetos em cena; saliente os advérbios de modo e as descrições das ações onde foram usados períodos curtos, quase sempre orações coordenadas; repare também a quase ausência de diálogos e o emprego dos verbos no pretérito (perfeito, imperfeito).
Faça um inventário do léxico pertinente a esse tipo de texto (substantivos: crime, pistas, álibi, suspeitos, vítimas, acusados, cúmplices, prisão, condenação, sequestro, rapto de alguns verbos, advérbios; adjetivos) , facilitando-lhes a aquisição de repertório. Registre todas as sugestões e as deixe expostas no papel pardo na classe.
Na sequência, comece a trabalhar os elementos e a estrutura do conto:
Uma narrativa deve elucidar os acontecimentos, respondendo às seguintes perguntas essenciais:
O QUÊ? – o(s) fato(s) que determina(m) a história;
QUEM? – a personagem ou personagens;
COMO? – o enredo, o modo como se tecem os fatos;
ONDE? – o lugar ou lugares da ocorrência
QUANDO? – o momento ou momentos em que se passam os fatos;
POR QUÊ? – a causa do acontecimento
A estrutura de um conto pode ser a seguinte:
Uma situação inicial onde se expõe o assunto, o lugar ou a ação que vai acontecer. A complicação ou o problema que vai se apresentando gradativamente. O clímax que a complicação elevada ao máximo de suspense. E o desfecho que soluciona ou tenta solucionar o problema.
Proponha que delimitem (na medida do possível, pois nem todos os contos seguem rigorosamente a mesma estrutura) tais elementos linguísticos e de estrutura da narrativa no conto lido. Esse procedimento é importantíssimo para que vivenciem realmente, na prática de leitura, os elementos essenciais a esse gênero.
Lembre a eles os dois tipos de foco narrativo (narradores) que costumam fazer parte dos contos de mistério: em primeira pessoa (narrador personagem ou participante da ação) e narrador em terceira pessoa (observador ou onisciente: que tudo viu, tudo sabe e expõe pensamentos e sentimentos das personagens).
Para casa, peça que leiam um conto de mistério para comentar na aula seguinte. Sugira alguns, se possível imprima outros e socialize entre eles; se não for possível fazê-lo em casa, que se faça em classe.
A discussão hoje será sobre como criar o suspense – A partir das leituras feitas em casa, levante formas de suspense encontradas nas leituras. Haverá histórias de crimes, de roubos, de fatos estranhos, de aventuras extraterrestres etc. Converse sobre o nível de suspense de cada um desses textos e como foi conseguido.
Depois registre isso na lousa, enquanto os alunos o farão em seus cadernos:
Como criar o suspense?
Crie frases que sugiram apenas, provoque no leitor a vontade de querer saber o que vai acontecer depois.
Dê margem a se pensar em vários suspeitos, com vários fatos combinados com ações que despistem o leitor. Trabalhe com muitas pistas: umas falsas e outras verdadeiras.
Use palavras, vocabulário específico para criar suspense: adjetivos expressivos, exagerados; advérbios de modo, de lugar, de tempo que acrescentem circunstâncias especiais às ações.
Trabalhe com verbos no pretérito (perfeito, imperfeito ou mais-que-perfeiro)
Use as palavras- chave com frequência e ênfase.
Esconda do leitor determinados detalhes.
Crie um desfecho inusitado, surpreendente.
Proponha que eles escrevam contos de mistério para publicar.
Nesse momento é preciso discutir dois determinantes: público e formato.
Peça que escolham para quem irão escrever, o formato de seus textos e o suporte onde serão publicados.
Sugira:
Para quem você irá escrever seu texto: para uma revista dirigida ao público jovem, para o jornal da escola, para um painel no pátio da escola para a seção literária de uma revista, para um concurso de contos, para uma antologia de contos de mistério, para ser lido para uma platéia, para ser editado com ilustrações em um livro.
Em que formato você irá escrever: em folha sulfite, em colunas, como texto de jornal e revista, em folha bem grande para um painel, seu texto será interrompido por ilustrações de cenas ou outros. Peça que tomem essas decisões porque delas dependerá o produto final: o conto de mistério. Em seguida faça exercícios com o caráter de oficina de contos. Pode trazê-los em lâminas para retroprojetor, ou em arquivos para usarem os computadores, ou impressos.
Reescreva o texto
Complete as lacunas com as palavras ou expressões do quadro, acrescentando emoções e sentimentos a ele.
Foi uma cena ……………………. Entramos no quintal vagarosamente e para não espantar nem uma nem outra, mas ficamos …………………. Desmentindo o dito popular ‘vivem como cão e gato’, a visão era ……………………… Dentro da casinha, deitadas estavam a …………………… dobermann preta, de dentes afiados, espalhada no chão e a gatinha vira-lata toda branquinha com sua orelha cinza ………………, mamando em uma das tetas da outra, como filhote. Não se mexiam, como em um ………………… espetáculo a não ser modificado. Restou-nos ficar ali ………………………, contemplando aquele ………………. momento de satisfação.
raro- de muita delicadeza- extasiados- inesquecível- temida- maravilhados- inconfundível- magnífico
Reescreva o texto
Substitua os espaços pelos advérbios ou locuções abaixo para expressar um clima de suspense.
Era …………………., vinha caminhando para casa, ……………………………., chovia uma garoa fina e gelada. ………………………………, olhei para o lado esquerdo e vi ………………., algo me pareceu uma trouxa de roupa, um saco de lixo. …………………., ……………….., …………………………………., fui me aproximando …………………………….., para não ser surpreendido.
E se fosse um bicho estranho que ……………………………. avançasse sobre mim?
perto da praça vazia- repentinamente – lentamente – sem fazer barulho – sorrateiramente- junto a um orelhão- rente às paredes dos prédios- muito tarde- sem pressa
Escolha um bom filme de suspense e assista com os alunos. (os que foram baseados nas obras de Agatha Christie são bons para retomar os elementos dos contos de mistério).
Ao final, promova uma discussão a respeito dos elementos de uma história de mistério presentes no roteiro, nomes de personagens, espaços cênicos, cores etc.
Proponha que escrevam o conto de mistério a partir do que foi planejado:
Dicas
– Escreva seu texto a partir do que você planejou.
– Você já deve ter escolhido o público para o qual irá escrever.
– Considere esse público na hora de elaborar seu texto.
– Não se esqueça da estrutura do conto.
– Procure usar palavras para criar emoção e suspense como as usadas na oficina.
– Dê um título ao seu texto.
Edição de texto – Sentados em quartetos, os alunos lerão os contos de seus colegas. Após fazerem isso registrarão sua avaliação em uma pequena ficha que será entregue ao autor. Nela estarão registrados alguns aspectos e inclusive sugestões para melhorar a edição dos textos.
Essa atividade também pode ser feita em Word e com cada aluno ou dupla em um computador.
Modelo de ficha de avaliação
Foi muito suficiente pouco (ou nada)?
O texto apresentou a estrutura de um conto?
Narrou o fato, quando aconteceu, com quem aconteceu e como aconteceu?
Você acha que ele conseguiu criar emoção, suspense?
Usou para isso os adjetivos nas descrições, verbos e advérbios adequados?
Sugestões ao autor:
Nome do leitor:
O professor deve acompanhar essa atividade andando pelas carteiras, auxiliando nas avaliações, contemporizando falas e sugestões. Lembre a eles a questão do público a quem se destinam os textos e em que formato cada um vai ser editado.
Como tarefa de casa , peça que façam a revisão de seus contos, usando para isso as tabelas de avaliação e as sugestões dos leitores. Nesse momento os autores já serão capazes de formular novos objetivos para o processo de construção.
Nessa revisão deverão proceder às seguintes operações: avaliar o planejado e ajustá-lo de imediato; modificar o texto escrito em dois aspectos avaliando o resultado em função dos objetivos (público, formato), e avaliação da coerência do conteúdo, em função do esquema textual. Por fim revisão e correção de acordo com os resultados dessa avaliação.
Crie um roteiro de observações gerais.
Sugestões
Aspectos gramaticais
Observe os itens abaixo:
Verifique a ortografia . O dicionário vai ajudá-lo e vai lhe oferecer sinônimos para evitar algumas repetições de termos sem necessidade.
Depois revise a pontuação; cuide para que fique bastante expressiva.
Passe o conto a limpo, no formato que você escolheu.
Importante:O professor pode criar pautas de correção a partir de aspectos gramaticais, ortográficos e de pontuação já trabalhados com a classe. Além disso, deve desempenhar também a função de leitor. Ao ler os textos dos alunos, poderá fazer observações a respeito dos conteúdos trabalhados durante o processo de produção dos contos. Deve evitar, assim, ser apenas um corretor e sim, um leitor.
Atividades complementares – Socialização dos textos – Todo texto deve ter uma função social, portanto, esta sugestão atende a essa função. Momento de preparação para exposição dos textos (em painel, em livros, em antologias etc.) para leitura expressiva dos textos. Os alunos, em grupos, devem planejar e executar a cenografia, a decoração da sala de contos de mistério, se usarão trajes como contadores das histórias etc. quando isso acontecerá e como preparar uma leitura expressiva desses contos para a platéia. Dê sugestões para fortalecer a atividade, professor.
Preparação da leitura expressiva dos contos – Os alunos devem ler os contos para seus pares. Na preparação, acompanhados do professor, devem refazer entonações, pausas, dar ênfase a frases de suspense, entre outros detalhes.
Apresentação dos contos para alunos de outras turmas da escola, para pais e amigos.
A avaliação se dará em cada etapa do processo de criação dos contos. O professor acompanhará os alunos nas atividades cotidianas, reforçando a realização de um plano de texto, de uma pré-redação, da preparação e da edição dos textos. Outro aspecto a ser observado deve ser o desenvolvimento da capacidade de leitura, de percepção de inadequações e de correção de textos próprios e alheios, visando à clareza, objetividade e coerência. A evolução dos alunos nas atividades propostas deve ser compartilhada com eles.
BIBLIOGRAFIA
JOLIBERT, Josette, Formando Crianças Produtoras de Textos, P. Alegre:Artes Médicas,1994
KAUFMAM, Ana Maria e M. Elena Rodriguez, Escola, leitura e produção de textos, Porto Alegre: Artes Médicas,1995
MATA, Francisco Salvador, Como Prevenir as Dificuldades na Expressão Escrita, Porto Alegre: Artes Médicas, 2003
PORTO, Sérgio (Stanislaw Ponte Preta) Conto de Mistério, http://www.casadobruxo.com.br PORTO, Sérgio, (Stanislaw Ponte Preta) Testemunha Tranquila In: Dois amigos e um chato. São Paulo: Moderna, 2006. p. 24-25
Coleção Para Gostar de Ler v. 12 Histórias de Detetives- vários autores- São Paulo: Ática, 1998
LEIA TAMBÉM : Projeto realizado com os mesmos alunos, no ano seguinte, 1999
”Encontra-me em Vila Rica, por favor”
Texto elaborado por Odonir Oliveira
Fotos de arquivo pessoal
Imagens da Internet
Vídeo: Canal: Sem Stress
Encontros com amigos de infância e de adolescência revelaram histórias de Paixão e de Amor, desconhecidas por mim. Gosto muito de histórias. Ouço e vou escrevendo-as mentalmente, criando a ficção, enquanto as ouço. Gosto do que há de humano nelas. Do sofrer, do gozar, do arriscar-se, do perder-se por Amor, do reencontrar-se. Gosto de ouvir gente falando de si escancaradamente. Geralmente pergunto pouco. Assim, vou me banhando de humanidade, lendo o sofrimento alheio e as alegrias deles, com respeito. Não aceito cabotinismos. Desmascaro-os na hora – ainda que me torne antipática ou arrogante. Como pode uma mulher dizer que nunca tenha sofrido por amor; um homem não admitir suas dores e fraquezas. Questiono. Se não quiser se rever é escolha, mas perde todo o crédito comigo.
Às vezes, ouço até por telefone. Não julgo. ”Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”, escreveu Caetano. Dizem que sou sua psicóloga, bem por isso um amigo médico me orientou a deixar cair a ligação. “Não faça terapia de graça, por telefone. É muito aluguel”. Retruquei. Gosto de ouvir gente. Pode ser a conhecida catarse grega, onde se purga na dor alheia as suas próprias dores. Deve ser.
Gosto do que nasce sem muito esforço. E vem. E acontece. Se for muito sofrido, muito difícil, nem vale. ”A alegria é a prova dos nove’‘, escreveu Oswald de Andrade. Também não gosto de grosserias, revides, ”tapas na cara”. Tem quem goste; eu, não. Saboreio amorosidades. De quaisquer espécies, desde olhares, sorrisos, gentilezas, delicadezas, telefonemas a beijos, abraços e peles.
NÃO SEI ESCREVER SEM SENTIR
Não sou um fingidor
Não finjo sinceramente
Não furto lágrimas e risos de outros
Não absorvo dores alheias apenas
Sorvo as minhas nas deles e as deles passando pelas minhas.
Não sou um fingidor
Não sei fingir completamente
A dor que deveras sentem.
– Você lembra da Martinha?
Aquela que era muito estudiosa? Morava na outra vila …
– Sei sim.
– Namorou um cara à distância. Ela o fascinava. Mas queria que se dispusesse a ir ao encontro dele. Morava noutro estado. Pode? Gostava de ser o príncipe, de ser buscado, cortejado e que fossem atrás dele. Signo de leão, já viu, né.
– Mas ela não foi? Não estava disposta a ir viver aquele amor?
– Foi. Mais de uma vez, telefonou, mandou cartas. Ele fugia de tudo. Contraditório. Como se não quisesse nada com ela. Ela apanhou muito, mas lutou. Passiva a Martinha nunca foi, você lembra, né, até naquela outra situação. É, quando …
– Lembro, claro.
– Em vez de pegar o telefone e dizer a ela o que pensava, que deveriam ser amigos, ou qualquer outra coisa. Não. Isso criava nela uma dependência horrível. O terapeuta de Martinha a orientou que parasse com aquilo, que muitos homens e mulheres fazem isso, sequestram, deixam o outro sob um cárcere de sentimentos inconclusos. Ela resolveu repensar – apesar do amor que lhe tinha. Sofrendo!
ESTIVESTE I
2.
– Acho que não.
– Depois de tantos anos foi me visitar. Cidade distante. Guiou mais de 200 km. Entrou, conversamos, bebemos. Revelou muita atração por mim. Atração antiga. Fomos pro quarto. Fui me despindo. Ele, não. Namorando, namorando, fez algumas perguntas. Mas percebi que se assustou comigo. Talvez quisesse comandar a partida, as jogadas. Pensou que ainda tivesse 17 anos? Não conseguiu ultrapassar a etapa. E não se despiu, inclusive. Disse que precisava encontrar uma farmácia. Saiu. Passadas duas horas, não voltou. Não entendi nada. Depois entendi. Não conseguiu enfrentar a mulher que tinha pela frente. Acostumado a brincar de jacaré ou de hipopótamo. Não sabe como?! Aquela imobilidade toda da fêmea, aquele jeito passivo, subjugada ao macho, entendeu? Foi isso. Fui demais pra ele. E olha que era o G. hem, o garanhão de sempre da turma. Eu o assustei? Meu Deus, no final das contas fiquei com pena dele. Talvez estivesse acostumado a outros tipos de mulheres. Não aconteceu. O pior é que toda vez que me encontra vem se justificar, dizer que foi nervosismo, que está tudo superado … quanta insegurança, quanta meninice.
– Deve ter sido duro pra ele. Mais do que pra você, né, mais liberada e segura que ele. Coisas de adolescências idealizadas, talvez?
– Parece. Mas ele foi muito tonto fugindo, em vez de conversar. Imagine a cabeça como é. Bem, já foi.
CAVALGA-ME
Arcadismo? O mito do herói? A devastação mineral nas Minas Gerais? A Conjuração Mineira? Século XVIII.
Tantas questões e tão distantes de 90 jovens paulistanos, em 1994. Como pegar o conhecimento com as mãos? Como nos apropriarmos dele sem possibilidades de recuo depois? Indo encontrar os lugares, deixando-nos invadir pelos caminhos e, sobretudo, percorrendo-os.
PREMISSAS GERAIS
A quem vai viajar com jovens, filhos dos outros
Jovens em grupo se transformam. E longe de casa, mais ainda. Há que se fazer ”combinados”. E cobrar que sejam cumpridos.
A possibilidade de problemas graves acontecerem como consumo de ilícitos, acidentes físicos, gástricos e outros mais é quase inevitável. Há que se ter paciência, amorosidade, disciplina e compaixão também. Todos fomos jovens. A repressão só acelera processos que aconteceriam de forma mais branda e tolerável talvez. ( Uma professora e amiga, mais velha que eu, sempre se recusava a viagens pedagógicas com ”filhos dos outros”, com pernoites e outros encaminhamentos. Acreditava ser muita responsabilidade para se assumir). Portanto, os pais e responsáveis devem receber, antecipadamente e por escrito, tudo o que for combinado.
Combinados feitos, é necessário ter-se bem claros, numa apostila talvez, os objetivos pedagógicos e interacionais da viagem. A relação entre os alunos, que fora dos limites da escola muda bastante. São 24 horas de convívio. (Muitos amigos não suportam tanta convivência assim, até em viagens de turismo). Outro aspecto é a interação com ”os locais”, nas cidades em que se visita. Qual o respeito que se deve ter, as diferenças de comportamento, os olhares e tudo o mais. É preciso ensinar, refletir sobre as peculiaridades locais e transformar diferenças em ganhos – que os alunos levarão com eles para outras viagens. E para sempre.
5 DIAS DE CONTATO COM MINAS GERAIS
90 meninas e meninas saem de São Paulo para as cidades históricas de MG. Eles têm 15 e 16 anos. São do Colégio Galileu Galilei, estão no 1º ano do ensino médio. Partem na 2ª feira de manhã e retornarão na 6ª feira. Com programação para todas as manhãs, tardes e noites.
Acompanham-nos no estudo do meio, eu, Odonir, professora de Língua Portuguesa e Literatura, os professores Luiz de Campos Jr, de Geografia e Eduardo, de Filosofia, e 3 guias da empresa de turismo pedagógico que nos daria suporte estratégico: reserva em pousada em Mariana, reservas em restaurantes, museus, igrejas, mina, desde a parada em Lavras, passando por Congonhas do Campo, Mariana, Ouro Preto e recomendações específicas sobre alguns procedimentos. Por exemplo, não se podia entrar de bermudas nas igrejas das cidades históricas.
A apostila, densa. Há muitos poemas e textos com os quais se discutiria a existência de Tiradentes ou a sua não existência. O professor de Filosofia os desafiava a encontrar provas concretas de sua existência. O que aconteceu quando visualizaram a assinatura de Joaquim José da Silva Xavier, em um recibo emitido a um pedreiro por obras em sua casa. Viram isso na Casa de Contos, onde morreu enforcado Claudio Manoel da Costa.
Na lateral do Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo, em companhia dos profetas de Aleijadinho, ouvimos ‘‘Evocação das montanhas” e, olhando aquelas montanhas, criaram poemas e os ilustraram. De arrepiar a emoção estética ali presenciada.
Em frente à Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Mariana, discutimos o mito do herói. Já haviam lido e relido textos sobre as barbas de Tiradentes, a respeito de ter sido uma recriação da República – em busca de heróis – e outros. O professor Eduardo, de Filosofia, encaminhava a discussão. Quando olhamos ao redor, havia homens, mulheres e crianças que não estavam gostando nem um pouco daquela prosa. Tive que chamá-los de lado e explicar-lhes tratar-se de um desafio pedagógico, de um encaminhamento para busca de provas em Ouro Preto – a Vila Rica – etc. Entenderam. Isso é se ter respeito com ”os locais”. Depois, nós, professores, socializamos com os alunos o episódio ocorrido. E aprenderam também com ele.
A DESCIDA À MINA
O impacto na descida de 315 m e o cenário mexeram com todos. O estudo geológico e histórico sobre os séculos XVII e XVIII foi vivenciado na Mina da Passagem.
Imprevisto foi o incidente em que alunos entraram em um dos lagos. Um deles pisou ali, sem tênis, e cortou o pé. Isso envolveu socorro, atendimento com sutura e comunicação aos pais em SP. Imprevistos que ocorrem e devem ser tratados com calma e atenção em viagens com alunos.
VISITAS EM OURO PRETO
Museu da Inconfidência (antiga cadeia de Vila Rica).
Casa de Contos – onde morreu Cláudio Manuel da Costa, declamação de poemas da sua lavra no interior do espaço.
Ponte de Marília de Dirceu e criação de um texto dramático de conversa entre os dois- ali sentados na ponte. Leituras posteriores nos saraus, à noite.
Visitas a todas as igrejas históricas de Ouro Preto
EM MARIANA
Visita a todas as igrejas históricas.
Visita à Câmara.
SARAU NAS NOITES DO HOTEL PROVIDÊNCIA, EM MARIANA
Criação de varal com poemas e produções de textos ilustrados.
Cantorias, em luau, no pátio interno do Hotel Providência (colégio das freiras), onde estávamos hospedados.
Sarau lítero-musical, aos moldes do século XVIII.
Lira I
CARTAS CHILENAS e a CONJURAÇÃO MINEIRA
Visita à UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto) Faculdades de Humanas, Departamento de Letras, em Mariana. Conversa com o professor Ronald Polito, especialista em Tomás Antonio Gonzaga, reflexões sobre a vida, obra e o exílio do poeta em Moçambique, sua relação com Maria Doroteia de Seixas, a Marília, seu posterior casamento e vida abastada em África.
Alunos muito participantes, fazendo perguntas e interagindo com o professor. Manusearam documentos históricos de T. Antonio Gonzaga e textos de correspondências entre ele e seu pai. Segundo o especialista, encontrados em bibliotecas de Lisboa e do RJ.
Observações psico-pedagógicas
É preciso saber que nem tudo sai exatamente como se espera a partir do planejamento, em um estudo de meio de 5 dias, em outro estado, como esse foi. Há imprevistos de toda ordem, mas cabe aos educadores – afinal são eles os adultos na situação – cabe a eles manterem a calma, atentarem aos objetivos previamente estabelecidos e tomarem as decisões necessárias, como alterações de ”certas rotas”, por exemplo.
Esse Projeto foi o 1º de muitos que desenvolvemos com essa moçada, até o 3º ano do ensino médio.
Leia também: ”Outra Semana de Arte Moderna- 1996”
ESCOLA PÚBLICA
Anos mais tarde, em 1999, desenvolvi outro Projeto sobre Minas Gerais, com alunos do 8º ano da EMEF Rui Bloem, em SP. Foram motivados por esse Projeto. Desafiei-os “Vocês também podem fazer igual ou parecido? Se quiserem, nós faremos”. É claro que não teríamos condições materiais de viajar até MG, o público era outro. Mas garanto que estudaram e gostaram bastante do projeto desenvolvido “Encontra-me em Vila Rica, por favor”.
Leia aqui: https://poesiasdemaosquesentem.wordpress.com/2016/03/13/encontra-me-em-vila-rica-por-favor/
AOS MEUS EX-ALUNOS, HOMENS E MULHERES HOJE
Sempre que posso, retorno aos nossos caminhos aqui em MG. Fico olhando outros jovens percorrendo as mesmas ruas e os mesmos becos. Lembro de vocês. Muito.
Confesso que foi a partir desse estudo, em 1994, que comecei a amadurecer a ideia de vir viver definitivamente em MG. O que ocorreu anos atrás.
“Minas são muitas” G. Rosa.
Texto: Odonir Oliveira
Fotos de arquivo pessoal
Fotos 2,3 e 4 de Denis Gorayeb
Vídeos
1 e 2: Canal Thadeu Camargo
3 – Canal Walter Rodrigues Filho
4 – Canal Gabriel Piva
Versos cheios de jovialidade, cheios das angústias do amor. Camões os aplaudiria, Fernanda Abreu.
Não quero amar
como doença carnavalizada
cravada no peito,
daquelas que a gente desaba.
Amor é cura,
é cuidado, é respeito…
Tô cansada de tanto despeito.
Não precisa doer em mais nada.
Me preocupo, me importo…
Ainda que tudo o que eu sinto
seja ou não seja fogo de palha.
Ainda que eu queira
arrancar do meu peito
aquilo que me maltrata.
Ás vezes eu acho que não
tem mais jeito,
penso em desistir…
Mas fico calada.
Fico em dúvida
se eu te mereço
ou não mereço
mais nada.
Ás vezes desejo
te ter de algum jeito…
Mas eu não quero
ter nada.
Não se trata de posse,
ou apenas desejo.
Eu quero abraçar
tua alma.
E é tão difícil
não sentir medo.
Ás vezes eu queria
não sentir nada.
Mas não adianta,
querer não dá jeito
e eu tenho no peito
um turbilhão de palavras.
Não sei se eu…
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SILÊNCIOS EXTERNOS
RECOLHIMENTOS
OLHARES
Poesias: Odonir Oliveira
Fotos de arquivo pessoal
Vídeos:
1- Canal Khuong Chau
2 – Canal novizuke
INTOLERÂNCIAS
”Enquanto eles capitalizam a realidade, eu socializo os meus sonhos”
Sérgio Vaz
SONHOS
E ai neguim? Então, fala pra mim
Se tem um dream, tipo o Luther King?
Alguns chamam de sonho, outros castelo
Já projetei vários, pique arquiteto
São sonhos em faculdades e concessionárias
Sonhos em padarias e imobiliárias
O sonho da casa própria ou do Ap
O sonho de sair do aluguel, do perrê
Sonho de vencedor é tá entre os primeiro
Sonho de preguiçoso não sai do travesseiro
Quase perdi o rumo num sonho de consumo
Já me iludi também, eu confesso, eu assumo
E quanto sonho lindo de formatura
Morreram no pesadelo da viatura
Mas se a gente só sonha, não corre, só dorme
Faz o pijama virar uniforme
Ontem sonhei com a palavra do pastor
Ao invés de grana, ofertei o amor
Sonhei com uma religião sem demanda
Onde o Deus coração manda
Lembrei de quando sonhava tá de carro
Ou indo no bar com meu pai buscar cigarro
O volante era tampa de uma lata de Nescau
Meu possante: Vrumm! Passava mal (Haha)
Hoje eu só sonho com dia que todo mundo aqui
Vai poder ser maior pra poder dirigir
A própria vida, a própria escolha (Aham!)
Acelerar, vazar, sair da bolha
Pros pessimista de plantão sou um sonhador
Um fanfarrão que ainda crê no amor
Mesmo assim digo: Sonha, neguinho, sonha!
Só não deixa o sonho morrer na fronha!
[Dj Kl Jay]
Uma vez ouvi um frase: Toda realidade antes é sonhada
Sei lá… sonho é sonho e fica na mente, né?
A grande questão é tentar colocá-lo em prática
E se você não tentar, você nunca vai saber
Siga os exemplos das crianças, acredite inclusive em você
A maior empresa do mundo é a sua empresa
Inquérito, Dj Kl Jay, Racionais e os demais
Na construção do império, estamos vivos! Ha!
” Todo camburão tem um pouco de navio negreiro”
Marcelo Yuka
Eu Só Peço a Deus
(uma história de Levi Riera)
LIÇÃO DE CASA
O Rap é a comunidade enchendo a laje
É ir no cinema ver um filme e tá lá o Sabotage
É quando um moleque da Fundação contraria
E ganha um concurso de poesia
O Rap é Halls preto não é bala de Tutti Frutti
É um carrinho de dog que virou food truck
A caneta do GOG, a agulha do KL Jay
Os pés do Nelsão, as mãos dos Gêmeos no spray
Quer saber o que é Rap puro?
A escola ocupada pelos aluno!
Mariguela, Mandela, Guevara, Dandara, Zumbi
Foram Rap antes do Rap existir
Um texto do Ferréz, um samba do Adoniran
São Rap tanto quanto qualquer som do Wu Tan Clan
E as tia que leva sopão pros mendigo
É Rap até umas hora, mais que os MC umbigo
É UMA CHAVE, UM ESCUDO, UMA ESPADA
UMA LÂMPADA, UM COLETE, UMA ESCADA
UMA BÚSSOLA, UM DESPERTADOR
O Rap é tipo Galileu e a sua teoria
Provou que o mundo não é centro, é periferia
Sarau da Cooperifa, em plena Zona Sul
Resgatando mais gente do que o Samu
Rap é Milton Santos, é Paulo Freire, é escola
Tem uns que estuda e outros que só cola
É a mãe da família que vira freestalylera
E improvisa com o pouco “dendá” geladeira
Um pivetinho ouvindo Racionais com 11 anos
A força de uma senhora se alfabetizando
Era tão Rap subir no telhado e conseguir
Virar a antena até pegar Yo MTV
Dina Di, Carolina de Jesus, Jorge Ben
Bezerra da Silva e Mussum, foram Rap também
E quando uma palavra salva um moleque
Uns chamam de conselho, eu chamo de RAP
É UMA CHAVE, UM ESCUDO, UMA ESPADA
UMA LÂMPADA, UM COLETE, UMA ESCADA
UMA BÚSSOLA, UM DESPERTADOR.
VERSOS VEGETARIANOS
Tomei um soco do sol na cara, meu despertador natural
Lavei o rosto, sai pro quintal
Cansei de telejornal, de sangue, carne espirrando
Pensei em fazer uns versos vegetarianos
Falei com Deus, meu nutricionista espiritual
Que disse pra eu evitar de me alimentar do mal
Mas se a gente é o que come
E quem não come nada, some
Por isso ninguém enxerga essa gente que passa fome
Eu fiz meu rap virar cereal cerebral matinal
Pros moleque não morrer de desnutrição mental
Trocar os programa enlatado, lotado de conservantes
Por um instante, um Ni Brisant, conservantes
Vim pra impregnar, rá! Tipo cheiro de Cheetos
E atravessar gerações, que nem os Beatles
Só vou desistir, abortar minha missão
Quando a educação aqui virar ostentação
Tudo vem do vento do vem
Do vento vem tudo vento vem
Do vento vem tudo
Tudo vem do vento tudo vem
Do vento vem tudo vento vem
Do vento vem tudo
Loucura
Dieta lembra ditadura
Onde a gente tem que fechar a boca, ficar na moral
Todo regime radical, faz mal
Regime militar, alimentar, talibã
Drogaria, socorro imediato, CPF na nota
A farmácia é uma biqueira com CNPJ
Igual a mim, aqui, quantos fi de mãe solteira
Que viu no rap, ali, um pai pra vida inteira
Já engoli sapo de patrão até umas hora
E por não querer ser robô fui mandado embora
E eu fui embora, atrás do meu sonho, viver da música
Cansei de dar meu talento praquela metalúrgica
Operário padrão, dentro de uma fábrica
Quer saber o que eu fazia? fazia lágrima
Deixei de ser o mecânico da oficina cinzenta
E hoje uso as palavra como ferramenta
Mas nem esquenta, são trinta primavera primo, tô firmão
De corpo e alma, honrando a missão
Onde os abraço são falso e o beijo é técnico, dá um saque
As ruas têm mais câmera do que o Projac
Cuidado irmão, não vai jogar tudo pro alto
Pra tirarem tua liberdade, isso que é assalto
Tudo vem do vento do vem
Do vento vem tudo vento vem
Do vento vem tudo
Tudo vem do vento tudo vem
Do vento vem tudo vento vem
Do vento vem tudo
Poesia: Odonir Oliveira
Fotos de arquivo pessoal
Imagens da Internet
Composições do grupo Inquérito
Vídeos
1, 2, 3: Canal Inquérito
4: Canal Vras 77
“Poesia é uma coisa muito restrita. Quem lê poesia?”
”Eu sou muito acomodado. Gosto de ficar em casa”
” Eu sou um poeta solitário. Será que alguém conversa sobre poesia? Eu tenho cá minhas dúvidas”
”Poesia é terrível, sô”
” Não é fácil a vida de um poeta”
” pensam que faço poemas a machado?
faço poemas com fino tratamento:
no corpo do poema o meu tormento
na sua pele meu corpo revelado.”
RR
” poesia é beco sem rua:
só palavra intermitente.
poesia se come crua.”
RR
” se a tua mão quiser viver comigo
e a tua mão não me couber, por certo
te deixo a minha pele como abrigo
te entrego o meu olhar como deserto.”
RR
” e quando o teu olhar me percorreu
na linha breve que contém o corpo
eu te entreguei o pouco que é meu.”
RR
” o anjo da morte me chega, olho de cobra
sua pupila ardente me retalha
meu foro íntimo é um corte de navalha
o mundo por inteiro é uma dobra.”
RR
‘‘ a vida que aqui bate tem um tanto
da densa lucidez eterna e fria
meu olho que é teu olho se esvazia
por tudo que encontro em teu espanto.”
RR
” decidido: é seco e semiótico.
pra destravar meu transe psicótico
declaro a todos que este mês de abril
passei a cappuccino e rivotril.”
RR
” se eu morrer amanhã não interrogue
da só devassidão dos meus ofícios:
eu deixo um girassol, como van gogh
e um afro-samba bêbado, vinicius.”
RR
” quem te montou?
-o avesso.
quem te bebeu?
-o deserto.
quem te nutriu?
-o espesso.”
RR
” o mundo quase morreu
de virtude e enfisema:
e o diabo aqui sou eu.
quase morrer é um poema.”
RR
“92, manuel morreu de sangue.
simplicidade foi-lhe o coração.
nascido outro, neste espaço bruto
que outro manuel coubesse manuelzão.
declaro, em fé, que manuelzão foi boi.”
RR
” a casa é seca e vazia.
quem ama a casa secreta
do meu olhar, pura nona
sinfonia de poeta?”
RR
” os poetas fuzilam pétalas,
metem balas, riscam solidão.
os poetas atacados
de revolução.”
RR
(para bibi e dodó)
“as musas me sumiram. quero vê-las
na tarde solta da cidade viva.
belas, encantos, olhos tantos
de um escuro que carrega o tempo.
se os seus silêncios dardejam o meu silêncio
tenho motivos para reclamá-las
e vejo a falta das suas palavras
na minha fala, um poema louco.
a mãe e o pai emitam seus sinais
pois,delas necessito mesmo, agora.
as musas me sumiram, quero vê-las
na tarde ainda. isto me salva a noite ! “
(para mãe e pai encantados)
” é uma cantiga só
de um poeta na estreia
nasceram bibi e dodó
as flores da pauliceia.
a mãe é mãe amorosa
o pai, violão, bandolim
bibi com a face da rosa
dodó com a cor do jasmim.
bibi, beatriz, abelha
dodó, de caymmi, dora
uma, na ponta da telha
outra, na pele da aurora”
A entrevista abaixo contém uma bela aula sobre a essência da poesia, artistas plásticos, Scliar, autores contemporâneos, Vinícius, João Cabral, Drummond, música e compositores brasileiros. E divertida.
Não perca.
Livros publicados
Romério Rômulo é poeta e vive em Ouro Preto, MG.
Blog do Romério Rômulo
Leia aqui uma entrevista de Romério Rômulo na Revista Germina
http://www.germinaliteratura.com.br/pcruzadas_triptico_rr_set07.htm
Poemas: Romério Rômulo
Fotos do poeta: Juliana Brittes
3ª foto: Germano Neto
Imagens de telas selecionadas entre as publicadas pelo próprio Romério Rômulo, em seu Facebook.
Vídeos
1- Canal República do Pequistão
2- Canal GGN