Das duas primeiras palavras do primeiro verso, “Te Deum laudamos” (literalmente ‘A ti, Deus, louvamos’), deriva o nome pelo qual o hino ficou conhecido. O nome latino vem sendo usado a designar também suas traduções para os diversos vernáculos, mesmo fora do catolicismo.
O termo Te Deum também pode referir-se a um breve serviço religioso (de bênção ou agradecimento) baseado no hino.
Tradicionalmente, a autoria do hino é atribuída a Santo Ambrósio (m.397) e Santo Agostinho (m.430), na ocasião do batismo deste último pelo primeiro na catedral de Milão, no ano de 387.
O hino é usado principalmente na liturgia católica, como parte do Ofício de Leituras, da Liturgia das Horas e outros eventos solenes de Ação de Graças.
No último dia do ano, as leis eclesiásticas concedem aos católicos a indulgência plenária, nas condições usuais, se estes recitarem um Te Deum em público no reveillon como gratidão a Deus pelos benefícios recebidos Dele durante o ano que finda. No cristianismo a gratidão sincera e cordial é considerada a chave para se receber mais dadivosos benefícios da bondade divina, por isso nada mais justo, digno e necessário esta demonstração de ações de graças por parte do fiel.”- Wikipedia


Ao trazer a célebre expressão, a peça sartriana,“Huis clos” (Entre quatro paredes), pondera que o outro, na verdade, é fundamental para o conhecimento de si mesmo. Isto é, o ser humano necessita relacionar-se com o outro para construir a sua identidade, processo nem sempre tranquilo e harmonioso.
O filme O Pior Vizinho do Mundo, protagonizado por Tom Hanks, evidencia e clareia o que é se viver em comunidade, pois mesmo que se tenha o maior grau de empatia e de compaixão, nem sempre se é aceito, quando não são verificadas as mesmas características, as mesmas ações e hábitos da vizinhança.
O INFERNO SÃO OS OUTROS
Ao sair de casa naquele fim de tarde, dona Generosa foi abordada pela vizinha da casa em frente, construída ali havia uns 5 anos. Muito entrona, já lhe perguntara antes quanto pagaria de aluguel, lhe pedira vasos de cerâmica que haviam acabado de ser entregues pela casa de flores. Já demostrara ser “intrigueira”, hipócrita, fazendo comentários perversos e invasivos sobre a forma de viver de dona Generosa por ali, sobre suas plantas, com risinhos de deboches… Ao que a senhora, mais velha, ignorou, desconsiderou, sem contudo entrar naquela política da boa vizinhança hipócrita, dissimulada, a que todos estavam acostumados no lugar; tudo cabotinamente naturalizado.
Foi nessas condições e com esses antecedentes, que dona Generosa acabava de ser abordada pela vizinha.
Boa noite, dona Generosa, a senhora aceita que o padre da comunidade venha visitar a senhora?
Por quê? – quis saber, desconfiada.
O Padre está visitando todos os idosos da comunidade, já visitou seu Jesus, dona Maria, seu José.
Mas por que visita apenas os idosos?
Não. A senhora sabe né, tem muitos idosos que vivem sozinhos, foram praticamente abandonados pelos filhos, vivem com depressão, aí ele visita, abençoa.
Bem, não é o meu caso, não me enquadro nessa sua justificativa. Além disso sou uma pessoa muito discreta, reservada, não mantenho hábito de receber pessoas em minha casa. Não frequento templos, nem acredito muito em padres, de maneira que…
Eu sei, mas se a senhora não aceitar, tudo bem, eu aviso a ele então.
Dona Generosa refletiu rapidamente sobre o que seria pior, ouvir o Padre ou ser o assunto da rua nos próximos dias.
Está bem, então. Quando ele costuma vir?
Vem na terça-feira, por perto de 2 da tarde. Não precisa oferecer café, bolo, nada. A senhora recebe ele numa salinha e conversa.
Aquilo incomodou demais dona Generosa. Aquilo, o quê? A visita do Padre ou a indicação, tendo em vista a anamnese feita pela vizinha de frente? Quem tem a autorização de medir a vida alheia a partir de régua própria? Fazer diagnósticos incapazes e infelizes a respeito do modo de vida de alguém?!
Dona Generosa conversou com os católicos frequentadores da paróquia a saber sobre o Padre. Obteve boas informações. Preparou-se para recebê-lo, não como Padre – ser escolhido pela liturgia católica etc. – mas como um interlocutor comum. Pensou Espero que ele também venha preparado.
Na tarde combinada, o Padre chega, toca a campainha e vem acompanhado de uma outra mulher.
O senhor é o Padre? E quem é ela?
Ah, eu sou secretária, acompanho o Padre, mas se a senhora não quiser, eu não entro.
Pergunto porque fui avisada de que viria apenas o Padre.
Podem entrar.
Conversam por mais de 2 horas, de forma amistosa e saudável. O Padre tem cerca de 50 anos e a secretária, talvez um pouco menos. Questionado sobre a razão da visita disse não ser verdadeira a justificativa. Ao contrário, havia visto idosos com mais de 80 anos muito ativos e cuidando de famílias inteiras ainda.
Dona Generosa compreende o currículo oculto proferido pela vizinha para justificar a visita futura. Tem, mais uma vez, pena. Lembra-se de Sartre.
Despedem-se.

Texto: Odonir Oliveira
Fotos de arquivo pessoal
Vídeo: Canal AvicennaPQP