RAÍSSA, A DENTISTA O dente parte a paciente parte. “Quero que extraia, sem tempo mais para douramentos” Raíssa doce, mãos doces “Perdoe as mãos geladas, vamos fazer um retrato panorâmico” Mãos doces mãos que sentem. Cantarola com a boca nas mãos explica as ações cada uma mestra e aluna doutora e paciente sente indaga sensibilidades atrai afetividades semeia confiança colhe lavandas. Virginianas se reconhecem flores e canções versos em pôr do sol Retrato panorâmico retrato em três por quarto retrato em cores causos, risos, sensibilidades Moça ruiva mãos quentes ensinamentos, aprendizagens valores justos pelos serviços nada a mais explicativa aplicada estudiosa encantadora. Raíssa, a dentista, dedicação ao seu labor tal qual o doutor.
Tudo começou com uma coleção de CDs, contada e cantada pelo Grupo Ponto de Partida e Os meninos de Araçuaí. Depois vieram os vídeos e agora os livros. O lançamento do 1º livro, A Oficina do Cambeva, aconteceu dia 30 de julho, com a presença do autor do texto, da ilustradora, com exposição das ilustrações, encenação da obra, autógrafos e uma plateia cheinha de crianças.
A MENININHA LUÍZA Sentei no teatro e na cadeira vazia a meu lado sentou-se uma menininha. Depois dela a cadeira da mãe jovem. Você quer saber por que estávamos ali? Pois vai ouvindo. Tratava-se do lançamento de um livro infantil. Tínhamos eu e ela nossos livros nas mãos. -Bonita a sua mochila. O que você carrega aí? Olhou-me com um esgar, nada disse. Reparei que tinha lacinhos de fita nas meinhas e usava uma tiara com pequenas pérolas. Vestia uma blusinha sobre uma sainha bonitinha. -Tenho um livro igual ao seu. Ache essa página aqui no seu, veja se tem também como no meu. -Olhou e aceitou o desafio. Estava de pé e sentou-se na cadeira. A mãe nos observava. Encontrou a mesma ilustração e me mostrou. Desafiei-a com outra, achou-a também e riu. Pronto, já estávamos amiguinhas de livro – você me entende, né. -Quantos anos você tem? Esticou logo 4. Mas a mãe a corrigiu que eram 3. É que ela não percebeu que a menininha talvez já fosse completar 4. Mães são muitos “algarítmicas”, sabe. Eu disse que tinha muitos e muitos dedos de idade. Nem quis saber. -Como é seu nome, como você chama? -Luiza, respondeu minha velha amiga de leituras. Sentou-se ao meu lado, que já iria começar a fala da diretora do Ponto de Partida. Luiza nem quis saber. Continuou falando comigo, mostrando seu livro. Fiz sinal que ouvíssemos o que a diretora falava. Depois foi a vez da ilustradora, que interagindo com a plateia quis saber do que um ilustrador precisa para desenhar as histórias. Um adulto respondeu que era IMAGINAÇÃO. Mas um menino disse LÁPIS DE COR. Adorei. E ela, idem. Luiza continuava a se movimentar. Afinal, ela tem 3 anos, meu Deus. Fala, fala não atrai crianças. Mas aí … começou a leitura e encenação da obra. Com cantigas, projeção do vídeo do Youtube na parede. Nossa! Ela adorou. Mas queria interagir com os personagens, com os objetos de cena… era movimento em mil graus. 3 anos! Foi quando a envolvi, mostrando-lhe as palavras que eles liam, interpretavam etc. pois ela não tinha ideia de que aquilo também estava escrito ali. Ah, e lhe mostrava as ilustrações correspondentes. Adorou. Nos momentos de falas alteradas das personagens, assustava-se um pouquinho, mas eu lhe fazia também cara de espanto, e ela ria. A mãe foi embora? Nada. Ficou bem quietinha, adorando que eu estivesse dando conta daquela literatura toda, digamos assim. Quando terminou, quis mais. Dizia que ela ia contar a história. Claro, crianças não alfabetizadas fazem leitura de imagens e narram as suas próprias histórias. Peguei meu livro para o Lido autografar. Quando dei por mim, minha amiguinha Luiza tinha desaparecido. Talvez tenha corrido pra pegar a abóbora carruagem antes das badaladas do relógio. Tarde inesquecível!
MARÍLIA E A LIRA Andou, andou, andou, aportou ali. Entre carneiros e ovelhas era uma árcade a fuga da urbe a agradava bebia rios a goles grandes comia mangas com os dentes colhia flores do campo namorava carneiros e ovelhas lia seus poetas adorados fascinava-se com as aventuras de Ulisses o ouro e as montanhas à sua frente a lírica de seus poetas às costas cheirava o perfume das rosas amava amava muito a cor do céu a luz do sol a bruma das manhãs o pôr do sol acarinhava carneiros e ovelhas sentia-se musa da natureza tinha a natureza como musa amava amava muito
MULHERES SÃO ESTEIOS Acorda cedo haverá mutirão ajuda a companheirada acorda cedo lava a roupa todinha põe para corar diz quarar, assim como a mãe acorda cedo arruma a filharada para escola acorda cedo arruma os netos para a escola acorda cedo vai carpir as leiras aguar as flores acorda cedo arranja o almoço arroz fresco, feijão fresco, verdura, frango ensopado doce de abóbora na sobremesa coa café no coador de pano mantém a lenha seca no fogão usa pouco o gás caro caríssimo arruma a cozinha areia as panelas guardas os pratos já secos passa tabatinga no fogão acorda cedo passa as roupas dos filhos passa as roupas dos netos reza as orações da novena em casa reza as orações da novena em casa das vizinhas acorda cedo dá as tarefas para os maiores dá as tarefas para os menores prepara a janta vê as novelas da TV sonha com aqueles sonhos de encantamentos proseia com as companheiras ri dos atropelos sofre com as dores dos filhos sofre com as dores dos netos reza uma Ave Maria reza um Pai Nosso reza uma Salve Rainha Resolve rezar um terço inteirinho. Adormece. Acorda cedo…
EXEMPLOS para as mulheres que só se mantém às custas de homens, que têm que lhe dar 5 mil por dia, numa troca de favores, que mercantilizam, fazendo escambos de corpos, de favores ilícitos, de misérias humanas. MULHERES SÃO MUITO MAIS DO QUE MOEDA DE ESCAMBO. Vergonha na cara… é isso que muitas precisam ter.
O mundo é lindo, mas não é infindo Temos que cuidar Pra não ver Acabar Tantos lagos, assim como os rios podem fenecer Dar lugar Mas a quê? A mata queimando joga a esperança na mais cruel solidão Solidão Chuva demais pra uns e de menos pros demais Causando mais sofrer Mais sofrer Voar, correr Saltar, fugir Viver pra ver O Sol sair Voar, correr Saltar, fugir Ver indígenas e bichos implorando para existir Faz tão mal Faz tão mal Mas o homem cego por dinheiro só saber dizer Dizimar Dizimar Ver tanta beleza destruída encolhendo a própria vida, sim É o fim Pra quem hoje o fruto do não conta Logo vai ter conta pra pagar Pra viver Voar, correr Saltar, fugir Viver pra ver O Sol sair Voar, correr Saltar, fugir Viver pra ver O Sol sair (Uh-uh-uh) Voar, correr Saltar, fugir Viver pra ver O Sol sair Voar, correr Saltar, fugir Viver pra ver
A BOLSINHA ROSA Minhas meninas dos olhos se fixaram nela enfeitiçaram-se por aquela bolsinha sozinha E como se não bastasse a surpresa, ela era rosinha. As minhas meninas logo se sentiram atraídas tinha forma de menininha tinha cara de menininha tinha cor de menininha. Minhas meninas dos olhos quiseram saber quem seria sua dona por que estaria ali dependuradinha o que haveria dentro da bolsinha? Tantas perguntas um certo mistério coisas que meninas dos olhos amam. Tinha umas letras nela anotadas. De que curiosidade cuidariam primeiro do nome de fora ou do que havia dentro? As meninas dos meus olhos resolveram Vamos ver o que há no recheio da bolsinha rosa Ah, umas duas barrinhas de chocolate mordidas uns papeizinhos coloridos um lacinho. Que bonitinha! Ela tinha recheio de chocolate e lacinho. Agora as letrinhas. Eram brilhantes combinadinhas formavam sílabas que combinadinhas formavam uma palavrinha formavam um nome PIETRA As meninas dos meus olhos resolveram então brincar com a bolsinha rosa Encantos de meninas!
Como meu amigo Jorge, também fui seduzida pelas leituras – meu refúgio de um mundo com o qual quase nunca eu concordava – Guimarães Rosa foi meu encanto na idade madura, em suas obras bebi o mundo e me embriaguei com ele sempre. Aqui alguns trechos de Campo Geral, uma paixão.
De MIGUILIM e MUTUM
Um certo Miguilim, morava com sua mãe, seu pai e seus irmãos, longe, longe daqui, muito depois da Vereda-do-Frango-d’Água e de outras veredas sem nome ou pouco conhecidas, em ponto remoto, no Mutúm. No meio dos Campos Gerais, mas num covoão em trecho de matas, terra preta, pé de serra. Miguilim tinha oito anos. Quando completara sete, havia saído dali, pela primeira vez: o tio Terêz levou-o a cavalo, à frente da sela, para ser crismado no Sucuriju, por onde o bispo passava. Da viagem, que durou dias, ele guardara aturdidas lembranças, embaraçadas em sua cabecinha. De uma, nunca pode esquecer: alguém, que já estivera no Mutum, tinha dito: – ‘É um lugar bonito, entre morro e morro, com muita pedreira e muito mato, distante de qualquer parte; e lá chove sempre…’
(GUIMARÃES ROSA, 2001, p. 27).
“Quando voltou para casa, seu maior pensamento era que tinha a boa notícia para dar à mãe: o que o homem tinha falado – que o Mutum era lugar bonito… A mãe, quando ouvisse essa certeza, havia de se alegrar, ficava consolada. Era um presente; e a ideia de poder trazê-lo desse jeito de cor, como uma salvação, deixava-o febrilaté nas pernas. Tão grave, grande, que nem o quis dizer à mãe na presença dos outros, mas insofria por ter de esperar; e assim que pôde estar com ela só, abraçou-se a seu pescoço e contou-lhe, estremecido, aquela revelação. A mãe não lhe deu valor nenhum, mas mirou triste e apontou o morro; dizia – ‘Estou sempre pensando que lá por detrás dele acontecem outras coisas, que o morro está tapando de mim, e que eu nunca hei de poder ver… ‘Era a primeira vez que a mãe falava com ele um assunto todo sério. No fundo de seu coração, ele não podia, porém, concordar, por mais que gostasse dela: e achava que o moço que tinha falado aquilo era que estava com a razão. Não porque ele mesmo Miguilim visse beleza no Mutum – nem ele sabia distinguir o que era um lugar bonito e um lugar feio. Mas só pela maneira como o moço tinha falado: de longe, de leve, sem interesse nenhum; e pelo modo contrário de sua mãe – agradava de calundu e espalhando suspiros, lastimosa. No começo de tudo, tinha um erro – Miguilim conhecia, pouco entendendo. Entretanto, a mata, ali perto, quase preta, verde-escura, punha-lhe medo.
(GUIMARÃES ROSA, 2001, p. 28-29).
“E Miguilim olhou para todos, com tanta força. Saiu lá fora. Olhou os matos escuros de cima do morro, aqui a casa, a cerca de feijão-bravo e são-caetano; o céu, o curral, o quintal; os olhos redondos e os vidros altos da manhã. Olhou mais longe, o gado pastando perto do brejo, florido de são-josés, como um algodão. O verde dos buritis na primeira vereda. O Mutum era bonito! Agora ele sabia”
“Miguilim queria ver se o homem estava mesmo sorrindo para ele, por isso o encarava. Por que você aperta os olhos assim? Você não é limpo da vista? (…) Miguilim espremia os olhos. (…) Este nosso rapazinho tem a vista curta. (…) E o senhor tirava os óculos e punha-os em Miguilim, com todo o jeito. — Olha agora! Miguilim olhou. Nem podia acreditar! Tudo era uma claridade, tudo novo e lindo e diferente, as coisas, as árvores, as caras das pessoas. Via grãozinhos de areia, a pele da terra, as pedrinhas menores, as formiguinhas passeando no chão de uma distância. E tonteava. Aqui, ali, meu Deus, tanta coisa, tudo … (…). Coração batia descompassado.”
Guimarães Rosa, Campo Geral, Manuelzão e Miguilim.
NOSSO INÍCIO: Era o começo do ano letivo de 1983, e eu (como outros professores) passaria por uma seleção, por uma aula-teste, para lecionar em um reconhecido Curso Supletivo particular na cidade de São Paulo. Colegas professores de Português e um coordenador compunham a mesa. Preparei uma aula sobre crase – assunto que dominava muito bem – acertei a didática e comecei minha exposição, usando a lousa, de frente para a banca quase todo o tempo… Lá pelas tantas, um professor alto, com a cara do Mário de Andrade, moreno jambo, me questiona “Mas por que você colocou o acento grave antes de VAI À FESTAS?”. Parei, olhei a lousa e respondi “Porque errei. Como o substantivo FESTAS está no plural – e o A, não – não se trata de uma contração com o artigo definido A; mas de uma preposição apenas. Caso fosse VAI ÀS FESTAS, aí sim ocorreria o fenômeno da crase. Errei, portanto”. Jorge elogiou meu conhecimento, minha postura e me perguntou se eu era carioca. Respondi que sim. Ele arrematou “Eu, também.” Descontraímo-nos. Comecei a lecionar em várias Unidades daquele curso pela cidade e nos encontrávamos sempre por lá. Sua esposa América também era da nossa área e ambos faziam mestrado na FFLCH da USP. Jorge era uns 6 anos mais velho que eu e começava a escrever contos. Certa noite me revelou que a pergunta que fizera fora proposital para que eu “desse o show” porque percebera meu conhecimento. Ademais, estava ali a contragosto, não gostava de testar colegas de ofício, nem tampouco de gramática. Gostava era de literatura.
A CARREIRA LITERÁRIA: Começou a escrever quando terminou seu mestrado na USP, já tinha 2 filhos, dava aulas em várias instituições. Em 1984, convidou-me para o lançamento de seu livro ESCARCÉU DOS CORPOS, num sábado de manhã, na Livraria Siciliano da Al. Santos. Quando cheguei, presenciei um happening. Amigas suas, atrizes, andavam entre os convidados, travestidas das personagens de seus contos, interagindo com todos nós, entre as taças de vinhos que bebíamos. Eram os contos interagindo com os leitores. Dali não parou mais de escrever. Ganhou o Prêmio da APCA pela obra NA CURVA DAS EMOÇÕES. Mais tarde o Prêmio Jabuti pelo TE DOU A LUA AMANHÃ: biofantasia de Mário de Andrade.
MEU INGRESSO NA REDE PÚBLICA: Jorge me convenceu a prestar concurso para a Rede Estadual de Ensino, em 1985 “Dizem que as particulares estão demitindo tanto, que até o Spina(diretor de Departamento na Letras da USP)vai fazer as provas”. E ria. Obedeci. Passei, fui muito bem classificada, e ingressei no Ensino Público. Sabia que quando isso acontecesse, jamais deixaria aquelas salas de aula. Quando muito, lecionaria na rede particular e na pública, concomitantemente. Sempre o convidei para ir conversar com meus alunos nas Escolas Públicas em que lecionava. Preparávamos surpresas literárias para ele, e sempre elogiava nossa criatividade com suas obras. Tinha grande respeito por meu trabalho. Era um homem muito sensível, amante de Clarice Lispector. Lia desvairadamente. Contava-me que filho de pais muito pobres na Ilha do Governador, pai caminhoneiro, aprendeu a ler tardiamente. Seus primeiros volumes foram os de Adelaide Carrara, seguidos de O Pequeno Príncipe e Dom Casmurro. Dizia que lia convulsivamente para compensar os anos em que não lera quando mais novo.
NOSSOS ÚLTIMOS ENCONTROS: Em 1997, eu estava na Secretaria de Cultura do Município de SP, ajudava a elaborar uma Semana de Autores para as Bibliotecas Infanto-juvenis, as BINJs. Muitos autores declinavam do convite porque o prefeito muito corrupto geria muito mal a Cultura, a compra quase nula de livros para bibliotecas públicas etc. Eram muitas negativas. A Diretora do Departamento se encontrava em dificuldades. Convidei-o. Em princípio, negou-se, posto que sempre fora um homem que lutava pelos menos favorecidos etc. como eu. Depois, ao telefone, voltou atrás e me disse que ao entrar para assinar o contrato, deixaria claro que só estava aceitando porque era eu a convidá-lo. E faria isso também no dia do encontro com os leitores. Ao telefone , já no ano 2000, revelou-me estar muito deprimido, sem vontade pra ir dar aulas na universidade, numa tristeza profunda. Eu quis entender, me identificando com ele… mas logo expôs seu quadro, dizendo que aquilo que eu tinha jamais poderia ser chamado de depressão. Era, no máximo, tristeza, com motivação clara e passaria. Numa noite de 2003, estava com minha filha na entrega do Prêmio Professor Nota Dez, no Auditório Abril. Haveria um show do Milton Nascimento, após as premiações. (Eu participara da banca que selecionava os melhores trabalhos dos professores de todo o Brasil. Inclusive, em 2001, a professora que selecionei, de Salvador, BA, do Projeto Axé, sobre os filmes de Charles Chaplin, foi a vencedora entre todos os outros projetos. Só alegria!) Jorge viu minha filha, da idade do seu mais velho, achou-a linda. E me disse “Como esses professores são criativos, não é, Odonir?”. Foi a última vez que o vi. Hoje, no meio do dia, Jorge me veio aos pensamentos. Fui pesquisar e descobri que havia falecido em junho de 2019. SALVE, JORGE!
OBSERVAÇÃO: A página do Facebook do Jorge é muito parecida com a minha no que tange a escrita autoral. Escreveu nela até 2013.
Texto: Odonir Oliveira
Fotos de capas de alguns de meus livros de Jorge Miguel Marinho
COM LICENÇA POÉTICA Adélia Prado Quando nasci um anjo esbelto, desses que tocam trombeta, anunciou: vai carregar bandeira. Cargo muito pesado pra mulher, esta espécie ainda envergonhada. Aceito os subterfúgios que me cabem, sem precisar mentir. Não sou tão feia que não possa casar, acho o Rio de Janeiro uma beleza e ora sim, ora não, creio em parto sem dor. Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina. Inauguro linhagens, fundo reinos — dor não é amargura. Minha tristeza não tem pedigree, já a minha vontade de alegria, sua raiz vai ao meu mil avô. Vai ser coxo na vida é maldição pra homem. Mulher é desdobrável. Eu sou.