O maquinista

Vem ver esse trem, Carlos, vem!

Mas que trem foi esse?!

Conhecido entre os aficcionados por ferrovias como “Vaca Azul”, o trem de celulose da MRS leva as cargas da Bracell para o porto de Santos-SP. Neste vídeo vemos um desses trens, passando pelo pátio de ZVK, em Campinas-SP

RETROVISOR

Não sei. Não me pergunte.

Não entendo de imagens pelo retrovisor.

Sei que tenho uma relação sensorial com trens.

O apito me provoca fagulhas

O cheiro de lenha queimada, do diesel, da água, de gente

provocam reações sem nomeação em mim.

O trilhar pelos ferros, o sacudir, o ir-se … êxtase.

Tudo ali é braço é mão é toque é sabor é aroma.

 Trens, trilhos, trilhas, tralhas são minha pele.

TRILHOS

Andar nos trilhos

Trilhar caminhos

Dormentes acordando sentidos

encruzilhadas eternas

apitos que cortam uma noite que não termina

vozes segredadas entre dentes

vozes felizes por conquistas perseguidas ferrenhamente

idas vindas voltas encontros desencontros separações

bancos nas estações, repletos de ouvidos secretos e bocas atormentadas

Trens fazem anúncios sempre.

TREM DOIDO, SÔ

arranjei uma casinha rústica
pus gramado no seu quintal
jardineiras na janela
pra poder ficar olhando o trem dali
ouço seu apitar várias vezes ao dia
observo seu serpentear melancólico
com carga exposta
com carga imposta
com seu maquinista diário
várias vezes, várias vezes, várias vezes
enamorada por seu bucolismo
fico encantada
hipnotizada mesmo
pelo prazer primeiro
de ser passageira daqueles vagões
não sou carga
ferro, aço, derivados
não estou sentada em seus bancos
sou mera namoradeira de seu ir e vir
cotidianamente
arranjei uma casinha rústica
sem azulejos na cozinha
com portas singelas
com cômodos simples
cheia de sol de norte a sul
arranjei uma casinha rústica
só para poder ver nascer e morrer o dia dali
a lua vem
a lua vai
arranjei essa casinha rústica de frente para o fim do mundo.

Poesias: Odonir Oliveira

Fotos de arquivo pessoal

Vídeo: Canal Na Trilha Dos Trilhos

Da avenida à estação

Na boca do sol

Na minha cidade do interior
Tudo que chegou, chegou de trem
Minha mãe olhava pra estação
E vendo viagens dentro de mim
Desenhou no ventre mais um irmão

Na minha cidade do interior
Pra quem mora lá, o céu é lá
Lembro da manhã na boca do sol
Vou da avenida à estação
Com medo dos pais ou por solidão

Toda a minha vida eu vi passar
No brilho dos trilhos de um trem
Que me vem e parte toda manhã
Engolindo túneis que a gente tem
E a preguiça não deixou fechar

Na minha cidade do interior
Perto da manhã, na boca do sol
Pra quem mora lá, o céu é lá

Na minha cidade do interior
Perto da manhã, na boca do sol
Pra quem mora lá, o céu é lá

Na minha cidade do interior
Perto da manhã, na boca do sol
Pra quem mora lá, o céu é lá

Na minha cidade do interior
Perto da manhã, na boca do sol
Pra quem mora lá, o céu é lá

Na minha cidade do interior
Perto da manhã, na boca do sol
Pra quem mora lá, o céu é lá…

Compositores: Vitor Martins / Arthur Cortes Verocai

Poesia: Odonir Oliveira

Fotos de arquivo pessoal

Vídeos:

1- Canal Odonir Oliveira

2- Canal Arthur Verocai Official

O trem passou

O TREM PASSOU
Estar à beira dos trilhos
ouvir seu apito-aviso
anúncio de companhia.
Estar à beira dos trilhos
a cada manhã
num cenário motivação.
Namorar o tempo
à beira dos trilhos.
O trem passou.

TRISTES TRENS

Que tristes são os trens

que carregam pedras, minérios

e não gente mais.

Que tristes são os trens

que carregam

que seguem vazios

e voltam cheios

levando nossos minérios, nossas riquezas.

Que tristes são os trens

que não se importam

com as nossas chegadas e partidas humanas,

repletas de esperanças.

Tristes trens

vazios de gente.

Aqui no blog, há uma categoria com poesias e prosa sobre “Trens”: https://poesiasdemaosquesentem.wordpress.com/category/trens/

Poesias: Odonir Oliveira

Fotos de arquivo pessoal

Vídeos: Canal Odonir Oliveira

A máquina do tempo

UM TREM AO LONGE
Faz séculos que me encontro nesse refúgio
há nele sons e imagens
ponho-me a ouvir o atrito do trem
na minha pele
no meu devaneio
no meu delírio
faz séculos que me encontro nesse refúgio
entorno meu olhar por trilhos
absorvo seu perfume de vento
na minha pele
no meu devaneio
no meu delírio
faz séculos que me encontro nesse refúgio
identifico suas idas e vindas etéreas
na minha pele
no meu devaneio
no meu delírio
Faz séculos que me encontro nesse refúgio.

PERDER O TREM
a moça é moça à beira dos trilhos
a moça acompanha o sussurro dos trilhos
o coração palpita
a moça se agita
o trem apita
a moça viaja todas as tardes
no trem
a moça delira
ri para a chegada do trem
o coração palpita
a moça se agita

Poesias: Odonir Oliveira

Fotos de arquivo pessoal

Vídeo:Canal PartimpimVEVO

Escombros

VAGANTES
Das madrugadas de névoas assombradas
vislumbram-se imagens
ao longe
sempre ao longe
silhuetas que se movem
há corpos de homens
há corpos de mulheres
há silhuetas de crianças.
Ao longe
sempre ao longe.
Há saltos nos ares
almejando entrar no trem
Trem invisível
plataforma invisível
guichês invisíveis.
Escombros de viagens
escombros de partidas
escombros de chegadas.
Seres vagam
por mais de cem anos
como se quisessem completar a viagem
malsucedida
descarrilhada
interrompida…

Poesias: Odonir Oliveira

Fotos de arquivo pessoal

Vídeos: Canal Odonir Oliveira

Um trem ao longe

UM TREM AO LONGE
Faz séculos que me encontro nesse refúgio
há nele sons e imagens
ponho-me a ouvir o atrito do trem
na minha pele
no meu devaneio
no meu delírio
faz séculos que me encontro nesse refúgio
entorno meu olhar por trilhos
absorvo seu perfume de vento
na minha pele
no meu devaneio
no meu delírio
faz séculos que me encontro nesse refúgio
identifico suas idas e vindas etéreas
na minha pele
no meu devaneio
no meu delírio
Faz séculos que me encontro nesse refúgio.

Poesia: Odonir Oliveira

Fotos de arquivo pessoal

Vídeo: Canal Odonir Oliveira

Ô, trem, sô!

COMPANHEIROS DE VIAGEM
Nos dias de lúgubre cenário, há sempre quem nos faça companhia.
Há rostos, mãos, vozes, risos e ouvidos a nos velar as falas.
No banco, ao lado, na entrada, na saída, no percurso,
há sempre alguém sentado anonimamente.
Como querubins e serafins, colorem de humanidade nosso trajeto
São asas farfalhantes e desconhecidas que nos impulsionam ao desembarque.
Trocam-se confidências, revelam-se segredos, pedem-se conselhos
Depois, cada um desce do trem na estação pretendida
E a viagem continua.
Há sempre um companheiro na nossa viagem.

Há uma categoria especial aqui no blog: Trenshttps://poesiasdemaosquesentem.wordpress.com/category/trens/

Poesia: Odonir Oliveira

Foto de arquivo pessoal

Vídeo: Canal Far Out Recordings