Só com meu violão

DORES MASCULINAS
Tenho lido pelos blogs tantas histórias de amor!
Algumas repletas de metáforas sensuais, de signos e símbolos. Fico a imaginar quão fascinante teria sido aquele amor vivido, quão produtivo teria sido naquelas vidas.
Outras vezes são narrativas salpicadas de recordações, de momentos envolventes, de delírios em pares. Fico a visualizar tais momentos a partir do narrado. Quanta beleza há nesses relatos masculinos desnudos, sem temores, sem máscaras ou disfarces. Sempre admirei amores explícitos, posto que acontecem com gente corajosa, que se declara, se mostra, se arrisca. Considero esses escritos masculinos verdadeiras heranças, repletas de valores afetivos aspergidos em outros corações.

CAMINHEIRO
segue o corpo só
segue só um corpo
para, bebe, segue
para nos trilhos
tropeça no túnel
bebe poesia
segue o corpo só
segue só um corpo
ao longe luzes de faróis
perto luzes de passado
cruza o túnel
segue o corpo só
segue só um corpo
míngua a lua
míngua a rua
míngua a língua
míngua a vida
segue o corpo só
segue só um corpo

CHORO MOTRIZ
Uma noite
outra noite
um rosto, um resto
uma rota
sem volta
sem farol, nem luz
uma noite
outra noite
“ porque amanhã é outro dia”
Bebe versos, mastiga pinga
uma noite
outra noite
outro rosto
outra noite
outro rosto …

CERTO MENINO
Media-se por competições
Estimava-se por reflexo em espelhos
Divertia-se com os desafios
Era um, mas era bem outro
Gostava de duelar
Gostava de vencer os duelos
Adorava exibir os troféus
Seduzia-se por ser sempre o vencedor.
Era um homem, mas era apenas um menino.

HOMEM DE PALHA
Como uma vela
era manobrado com facilidade por ventos quentes
Como uma biruta
era moldado com facilidade por ventos novos
Como uma pipa
era conduzido com facilidade por ventos de ocasião
Como paina
era assoprado com facilidade por bocas de pimenta
Porque de palha
cedia ao rumo que lhe impusessem.
Um dia pegou fogo.
Não era mais um homem, então.

SEM SER UM ÍCARO
Mira a infinitude do ser e estar ali
Entoa um hino sagrado em sussurros
Arrisca a pista
Arrisca a travessia
Arrisca a vista
Arrisca o voo
Prepara-se para acreditar
Mas teme
Não há como acreditar.
Retorna ao seu centro
Retorna ao prumo.
Não quer o ridículo
do voo sem verdade,
do voo sem reciprocidade,
do voo sem sustentação.
Não quer voar sem asas.

Poesias: Odonir Oliveira

Fotos de arquivo pessoal

Vídeos; Canal Pat Metheny

Saudade da escola

PROFESSORES SEMPRE

Quem é professor e professora
tem um vício diferente daqueles das demais pessoas
está no respirar a carência de ensinar
a saciação de, em se dando, aprazeirar-se
ser e estar ensinando
mesmo a si mesmo
mesmo sem salas de aulas
mesmo em ágoras não ágoras …

Para sempre.

À LUTA

Ei você aí que tem
Ei você aí que viu
Ei você aí que recebeu
Ouve um lamento
Ouve um pedido
Ouve um direito.

Ei você aí que sabe
Ei você aí que usufruiu
Ei você aí que possui

Ouve um desejo
Ouve um sonho
Ouve uma vontade.

As paredes e os muros
deveriam ser etéreos apenas.

COMUNHÃO

bebe verso
come letra
sorve número
mastiga a história
namora a ciência
acorda com a geografia
aprecia a letra e a música
desenha a geometria dos sons e dos signos
encanta-te com as descobertas todas os dias
porque todo dia tem um futuro novo pra você.

Desde o início de 2020, após a disseminação da Covid-19, o mundo vive uma nova fase. Com o objetivo de diminuir a propagação do vírus e minimizar os efeitos da pandemia, foram adotadas diversas medidas de proteção, entre elas o distanciamento social. Escolas por todo o Brasil foram fechadas e foi estabelecido o ensino remoto. Essa situação já se estende por mais de um ano e milhões de crianças, adolescentes e outros membros da comunidade, estão impossibilitados de frequentar o ambiente escolar. Neste sentido, o Pensar quis saber: “Do que você mais sente saudade na escola?” Recebemos desenhos de crianças e adolescentes, e áudios de professores, com a temática “SAUDADE DA ESCOLA”. O intuito desse projeto foi produzir um vídeo, reunindo todo este material recebido, neste encontro repleto de lembranças, ideias, vontades e saudades. O Pensar agradece a todas e todos que contribuíram para a construção do vídeo e deseja força para seguirmos nessa luta.

Poesias: Odonir Oliveira

Fotos de arquivo pessoal

Vídeo: Canal Pensar a Educação Pensar o Brasil

Roberto, 80

Playlist especial, 80 anos de Roberto Carlos. Nossa homenagem vai pro rei Roberto Carlos que completa 80 anos de muitas emoções! Fizemos uma playlist recheada de “Músicas de Roberto Carlos” pra celebrar esse dia super especial! Vamos dar o play e desejar vida longa ao nosso rei? . . .⠀”

00:00​ – Maria Bethânia – Você Não Sabe (Ao Vivo).mp4

02:48​ – Simone & Zélia Duncan – Meu Ego

06:38​ – Simone & Zélia Duncan Vou Ficar Nu

10:00​ – Ângela Maria e Erasmo Carlos – Sentado à Beira do Caminho

15:14​ – Ângela Maria – Jovens Tardes de Domingo

18:39​ – Angela Maria e Cauby Peixoto – Como é Grande o Meu Amor Por Você

22:30​ – Emoções – Rosa Passos

28:14​ – Alcione – Eu Disse Adeus

31:36​ – Maria Bethânia – Fera Ferida (Ao Vivo)

34:36​ – Maria Bethania Você

36:14​ – Rita Benneditto – Fé

40:38​ – Gal Costa – Meu Nome É Gal

46:14​ – Maria Bethânia – As Canções Que Você Fez Para Mim

50:14​ – Célia – Meu Menino Jesus

53:43​ – Alcione – Olha

57:27​ – Gal Costa – As Curvas da Estrada de Santos

01:01:20​ – Gal Costa – Sua Estupidez

01:05:16​ – Marcelo Costa e Adriana Calcanhotto – Do Fundo do Meu Coração

Aqui no blog: “Roberto Carlos em meus amores” https://poesiasdemaosquesentem.wordpress.com/2016/05/14/roberto-em-meus-amores/ “Roberto & Roberto” https://poesiasdemaosquesentem.wordpress.com/2018/06/10/roberto-roberto/

Vídeo: Canal Biscoito Fino

Seresta, à moda antiga

SERESTA, À MODA ANTIGA
Hélio era um homem caladão. Guardava sentimentos de si para si. Somente. Todos o conheciam por Martinez, assim também era chamado seu falecido pai. E dele herdara quase tudo.
Desde rapaz seguia os passos do pai, homem reservado, de poucas palavras, raros sorrisos, e olhares de senhor feudal. A ele todos obedeciam, todos acatavam, da mulher aos 3 filhos homens. Parecia não ter sentimentos, qualquer deles. Sempre de expressão severa, de olhar soberbo, de atitudes cotidianamente iguais. Martinez aprendeu com o pai a se defender, a não se expor, a não se manifestar. Aprendeu, repetia, repetia, repetia quase todos os procedimentos paternos, mesmo já estando falecido há mais de duas décadas. Morrera de repente. Anos depois fora também a esposa. Os três filhos seguiram seus caminhos. Dois deles, militares e Martinez, um dedicado e reconhecido contador. Muitos na cidade eram seus clientes por décadas.
A mulher de Martinez sofria com aquele seu frequente mutismo, sua falta de entrega, sua visível aceitação do consumado, sem reivindicações, sem luta por objetivos. Aceitava tudo.
Depois que lhe nasceu o primeiro filho, passou a tratar a mulher como enfermeira, babá do filho. Ela sentia falta do namoro, do homem, da correspondência. Tudo vai morrendo aos poucos, se não for avaliado, valorizado, renovado. Martinez estava sempre satisfeito. Tudo estava indo bem para ele. A mulher contava as semanas para pedir que ele se fosse. Não conversavam mais, nem brigavam também. Tudo estava ruim para ela e tudo bom para ele.
Não se sabe bem por quê, naquele dia, ao sair do escritório em direção ao estacionamento, ouviu serestas que tocaram sua pele. Quis saber, obteve o telefone do grupo que tocava aquelas maravilhas. Contratou-os para fazer uma bela serenata no sábado seguinte para a mulher. Moravam numa casa com sacada e cadeiras de ferro batido. Sentou-se lá, ao fim da tarde. Chamou por Eleonora. Ela foi. Sentou com ele e ouviram quase uma hora de seresta, à moda antiga, que vinha da calçada.
Eleonora viu mudanças em Martinez. Passou a acreditar neles dois. Juntos.

Em 2019, por indicação de Chico (Buarque), li Boa noite, Amazona, de Manoel Herzog. Excelente livro. Narrador em 1ª pessoa, desvendando o eu masculino em suas fragilidades, em seus sofismas, em suas incoerências e seus medos. O autor escreve muito bem e não escamoteia verdades sobre o personagem. Recomendo sua leitura.

Texto: Odonir Oliveira

Fotos de arquivo pessoal

Vídeo: Canal Música Boa

A última crônica, Fernando Sabino

A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever. A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num acidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: “assim eu quereria o meu último poema”. Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica.

Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acrescentar pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome.

Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês. O homem atrás do balcão apanha a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho – um bolo simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular.

A negrinha, contida na sua expectativa, olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Por que não começa a comer? Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim.

São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve a Coca-Cola, o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a um gesto ensaiado, a menininha repousa o queixo no mármore e sopra com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: “Parabéns pra você, parabéns pra você…”. Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa. A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura – ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração. Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido – vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso.

Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso.

Elenco de cronistas modernos.
21ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2005.

Meu filho me pede que lhe indique uma crônica a ser lida por alguém que nunca leu uma crônica antes. Envio-lhe essa porque acarinha a alma, é veludo para o espírito. ‘‘ ‘ssa sinhora, mãe, é uma baita duma crônica“. É sim, meu filho.

Imagens retiradas da Internet

Vídeo: Canal NANDO PRODUÇÕES

De flores e sementes

DAS BELEZAS E DE SUAS CIRCUNSTÂNCIAS

As famílias que moram na minha rua estão aqui há 30, 40, 50 anos ou mais – estrangeira aqui só eu. Isso traz certas estranhezas, contratempos e aborrecimentos a ambos os lados. Não sou mulher de ficar na porta de vizinhas conversando, nem tampouco de fazer visitas, digamos, de intimidade. Gosto de privacidade, certo isolamento e solidão. Evito ser transtorno para vizinhos, desde cedo, aos 18, quando passei a viver sozinha em São Paulo. Sempre me acompanharam discos e livros e a cidade, propriamente dita. Assim, não tenho hábitos interioranos de visitações. Desde o início da pandemia, converso com minhas vizinhas por nossas varandas, sacadas e muros. E, com GRANDE AFETIVIDADE, tenho recebido presentinhos e lembranças de todas elas. São mais velhas que eu (à exceção de uma delas), já avós até. Trazem mudas de orquídeas, de suculentas, batatas Yacon, e hoje recebi flores de vandas (para serem secas) e limões cravo (ou limões rosa) porque mencionei que adorava. Vou fazer disso tudo mais do que uma limonada; faço uma crônica, então.

As flores nos fazem bem aos olhos, nos alimentam versos, lirismo, encantamentos e são irresistíveis. De beleza todos gostam, não é mesmo? Já as sementes !!! Bem, “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é “- canta Caetano Veloso.

NUA E CRUA
Olho
sou galho seco
escorro de dentro um resto refugo de força
Sinto
sou pedra moldura cenário-parede separação
Reouço
marcas metros mudos surdos ecos absorção

Texto e poesia: Odonir Oliveira

Fotos de arquivo pessoal

Vídeo: Canal Música de Interior

“Senhor, livra-me de mim”

MULHER FÁCIL
Não sou fácil,
saiba disso.
Não sou fácil de saboreio nas coxas
não sou fácil de conversas paralelas
não sou fácil de verbos banais
não sou fácil de meios termos meias entradas,
rápidas saídas
não sou fácil de sair da dança do samba do tango.
Não sou fácil de entregar pacotes prontos
embalados em papel de seda de maçãs.
Não sou fácil de ler de ver de ter de me ter
assim separado, ou junto.
Não sou fácil sem hora senhora,
sou sem ouros e pedras falsas
sou de moles e duros de meios e fins.
Não sou fácil em ventre e membros
Não sou fácil de peles e gostos
Não sou fácil de descascar cortar chupar e engolir.
Sou de digestão difícil
Sou ácida nas bases
Sou base nos doces.
Sou sal nas unhas.
Não sou fácil
Saiba disso.
Rejeito fáceis, fósseis e fôssemos.

Poesia: Odonir Oliveira

Fotos de arquivo pessoal

Vídeo: Canal Mundo Dos Poemas

Leitor, leitores… presentes

LEITORES, PRESENTES

Quem escreve o faz, entre outros motivos, para desabafar, para exercitar a escrita, para compartilhar uma emoção, um juízo e para ser lido também. Escritores, em geral os poetas, são seres mais reflexivos, taciturnos, noturnos e notívagos – constato eu. Escrevem e publicam, escrevem e se recolhem, escrevem e guardam a sete chaves, escrevem e se desnudam ao mundo inteiro. É preciso ter coragem ao se expor. Há muitos escritores, brilhantes, que se protegem e não publicam por temerem críticas (Ah, mas isso não é poesia, é prosa, passe para linhas corridas etc.). Há os que, primordialmente, falam de si porque acreditam conhecer a si mesmos mais do que ninguém. Há tantas formas de escrever, sejam como terapias, como divulgação de conhecimentos, como críticas ao mundo em que se vive, nossa, tantas maneiras e motivações levam pessoas a escrever. Até mesmo pelo fato de desejarem ser elogiadas, valorizadas, diferenciadas, pelo fato de “conseguirem” expressar-se em palavras. Canso de ouvir muita gente dizer “Não tenho palavras para …”– talvez até como simplificação, clichê. Fato é que escrever faz muito bem. Alinhar, alinhavar palavras no papel, nas teclas, faz refletir, pensar e repensar e, principalmente, debruçar-se sobre O SENTIR.

Tenho leitores fieis nos Estados Unidos, em Portugal, Angola, Moçambique e, agora, na Suíça. Este(s)/esta(as) têm sido constantes, talvez como seguidores (pois, assim que posto sou lida), e como gosto de navegar na imaginação, penso seja(m) ex-aluno(s) que viva(m) na Suíça. Não são blogueiros do wordpress, não comenta(m), mas aprecia(m) meu blog, tamanho o número de posts novos e antigos que são lidos na Suíça. Interessante mistério esse. Portanto, esse post de hoje é em sua homenagem. Obrigada por sua frequência aqui no blog.

Obrigada por ser PRESENTE. Abraços.

Texto: Odonir Oliveira

Fotos de arquivo pessoal

Vídeo: Canal Paul Barton

Folhas esparsas

AO SOL

Ó sol, que pintas o céu todos os dias,

Ó sol, que colores de tons irreproduzíveis as manhãs, tardes e noites

Ó sol, que vivificas de esplendor

um grão,

um fruto,

uma flor

uma vida.

Que encanto é esse que tens e não me entornas?

Que calor procuras para me enternecer de som o corpo árduo?

Que sabor de vida é esse que insiste em me percorrer?

Quem é você sol, quem és?

EMOÇÃO ESTÉTICA

Pré- lúdio
procura … encontro
tronco firme
beleza cor forma impacto
reentrâncias imperfeições
perfeição
olhos verticalmente embevecidos.

tato majestosamente ativo
surpresa estética
ambição de posse
prazer repartido
êxtase parcial.

tronco árvore
posição de cruz
tronco galhos folhas atados
firmes eretos vibrantes
tocam-se
tocam-nos,
orgonicamente,
prazer estético.

folhas galhos dançam
levemente
suavemente
ritmadamente
freneticamente

natural- mente
êxtase total !

Poesias: Odonir Oliveira

Fotos de arquivo pessoal (5 últimas fotos do meu quintal hoje)

Vídeo: Canal Instituto Piano Brasileiro