Laços

(p.11, Editora Vozes Ltda. Petrópolis, 1977)

Guilherme, você nos orgulha por sua postura, seu envolvimento com a semeadura do conhecimento. Gosto demais. E esse vídeo permitiu, por sua extensão, ouvir suas ideias de forma bastante clara. Adorei sua carinha, viu. De uma professora aposentada que cursou a FFLCH na USP, nos anos 70.

Vídeo: Canal Embrulha sem Roteiro

Contemplação

CONTEMPLAÇÃO

Em mantos estendidos pelas estradas,

encontro um banquinho rústico.

Detenho-me

formiga bebendo poesia.

Mãos que contemplam

mãos que sentem

cravaram ali uma estação

qual a da via-crúcis

Há que se parar e admirar

Há que se deter e refletir

Há que ficar e se nutrir

Mãos divinas

Mãos humanas

Poesia.


Quem se encanta com flores, quem para a admirar flores … já é um lírico, já é poeta, mesmo que nunca tenha escrito um verso sequer.

Poesia: Odonir Oliveira

Fotos de arquivo pessoal

Vídeo: Canal Milton Nascimento

O brilho eterno de uma mente sem lembranças

Hoje não há lembranças
Hoje não há lembranças para ver ou compartilhar, mas avisaremos quando houver algo para recordar.(Facebook)

Filme de 2004, indicado ao Oscar e vencedor como Melhor roteiro e Melhor Montagem, além de mais 20 outras premiações mundo afora.

“Tempo que me mediu. Tempo? Se as pessoas esbarrassem, para pensar – tem uma coisa! -: eu vejo é puro tempo vindo de baixo, quieto mole, como a enchente duma água… Tempo é a vida da morte: imperfeição.”
“Vivendo, se aprende; mas o que se aprende, mais, é só a fazer outras maiores perguntas”
“O senhor sabe o que silêncio é? É a gente mesmo, demais.”
Guimarães Rosa

Fotos de arquivo pessoal

Vídeos:

1- Canal Ester Prado

2- Canal Rico Jazz

As brisas da manhã

AS BRISAS
no lume da minguante
o dia clareia ventoso
a minguante ainda está
abro o baú de ventos
há brisas suaves
há perfumes uns
há recordações outras
brisas na sinfonia
brisas nas vozes juvenis
brisas de algodão doce
nuvens recolhem a minguante
deitam em seu colo a minguante
embalam a minguante
repouso e descanso
cai a tarde
início de uma nova noite

BRISAS PERFUMADAS
Em 1977, fui viver em Santos. Minha professora e sua família acabara de comprar o Colégio do Carmo, na Ponta da Praia, a lei 5692 da Educação permitia e incentivava que colégios criassem cursos profissionalizantes de 2º grau (hoje nível médio). Fui pra dar aulas de Português, Literatura e de grego. Minha professora de literatura grega na USP me convidara. Tinha apenas 23 anos. Fiz a travessia, fui viver no 1º quarteirão da praia, no Embaré. Lá tive alunos não só em idade escolar “adequada”, como também lecionei à noite para alunos que já trabalhavam na Petrobras etc.
Nas aulas da manhã, lecionava no curso Tradutor e Intérprete, um curso Clássico dos anos 60, repaginado, onde se estudavam inglês, francês, grego, latim e as matérias curriculares de 2º grau. Outros alunos cursavam Eletrônica, Mecânica, Técnico em Laboratórios de Química. Havia também a ideia de se criar a Pedagogia do Excepcional, curso já coordenado no Mackenzie por minha professora da USP. Isso ocorreu logo após com a iniciação dos cursos universitários. Foram anos felizes, de sol, barezinhos com colegas professores, com amores e muita afetividade com meus alunos. Uns, adultos, até mais velhos que eu. Outros, jovens, apenas 6 ou 7 anos mais jovens. Ganhei amigos e frequentei seus grupos familiares etc. Era bom, muito bom.
Quando em 2015 entrei para o Facebook por sugestão do meu irmão mais velho, egresso do Orkut, e que gostava de rever amigos de outros tempos, seus filhos … reencontrei alunos de vários momentos da minha docência. Confirmo que sempre fui feliz nesses reencontros. O que não posso dizer de meus amigos de infância, pois traçamos caminhos, ideais bem diferentes. E fui, aos poucos, selecionando quem ficaria. Sou muito criteriosa no Facebook.
Fato é que Olavo me encontrou. Hoje, arquiteto, músico, cantor e ainda morador de Santos. Achou seu caderno de grego e postou pra mim, em 2016, o pequeno dicionário de palavras que construíamos. São várias páginas. Seguem algumas.
São brisa da manhã.

Escreveu: “Cursei Tradutor & Intéprete no Ensino Técnico do antigo Colegial. Prometi à minha querida Mestra Odonir Araujo que encontraria em meus alfarrábios o dicionário que produzíamos em classe. Obrigado, querida professora Odonir Araujo, por ser uma das pessoas que me fizeram menos burro e NUNCA, JAMAIS ter possuído ou usado uma camisa da cbf e menos ainda seguir ordens de redes grobos e similares. Beijo enorme e Ευχαριστώ!!

Poesia e texto: Odonir Oliveira

Fotos de arquivo pessoal

Vídeo: Canal Márcia – Tema

Chico, um sonho

ESSA NOITE SONHEI COM CHICO

Fui dormir lá pelas 11 da noite. Não sei bem por quê, estive em um evento e Chico também. Fiz perguntas, ele respondeu da mesa e foi bom.( Nunca fui tiete ou fã de pedir autógrafo de alguém a quem admiro. Ao contrário, me sinto mal em situações em que isso ocorre porque vejo o artista, o escritor como qualquer outro e detesto rapapés em gurus etc.) Na hora de ir embora, meu carro deu problema, no grande estacionamento a céu aberto. Chico estava saindo, me viu e, de forma inesperada, veio me ajudar. Abrimos o capô, olhamos, emitiu algum juízo sobre, e eu disse que chamaria ajuda etc. Chico tinha uns 50 anos, talvez. E eu uns 40 e poucos. Começamos a conversar, era de tarde. Foi de táxi comigo até a Lapa, Vila Romana, onde eu morava, entrou comigo, depois de pagar o táxi. Éramos amigos de infância então, conheceu meu filho, estudante calouro da USP, conversaram. Meu filho desacreditava daquilo. “Mãe, o Chico Buarque está aqui em casa? É isso mesmo?”

Era aquilo mesmo. Saímos caminhando pelo bairro, Chico completamente à vontade – creio que se estivesse no Rio, já teria tirado a camisa, jogado nas costas ou a amarrado na cintura. Caminhávamos pela calçada, quis comprar uma coisa ou outra de quem passava vendendo na rua, conversávamos sobre música, não apenas sobre as suas, falávamos sobre o país… Nossa, e as risadas dele soavam como um show, um concerto, uma récita, sei lá. Creio que estávamos indo ver algo relativo à oficina, acho eu.

Voltei sozinha para casa. Chico continuou. Disse que iria ao Mercado da Lapa, gostava de mercadões. Mas disse que voltaria para se despedir. Ao entrar em casa, abri o portão, e na sala me esperava um primo mineiro – que sempre me socorre das panes cotidianas. Disse-lhe que estava com Chico Buarque até aquele momento etc. Meu filho já havia contado. Meu primo nem deu conta, que se ligava era num sertanejo raiz, me sugeriu o que poderia estar acontecendo com o carro etc. pra não ser enganada numa oficina. Agradeci. Ele ficou conversando com meu filho. Fui trocar de roupa. Mas acreditava que o Chico não mais voltaria. Iria direto para o seu hotel e de lá pro Rio. Passada hora e pouco, a campainha toca, mas o portão ficara aberto. Era o Chico. Argumentei sobre seu senso de direção, de localização etc. Riu. Disse-me que comera pastel, tomara caldo de cana etc. Quis saber do encaminhamento dado ao socorro do carro. Falei. Meu primo já havia ido embora, porque afinal ele mora em Minas. Eu, Chico e meu filho estávamos em Sampa. Pois é. Aí… eu acordei, já eram 5 da manhã. “Hoje eu sonhei contigo … foi um sonho desses que a gente sonha e baba na fronha… pois eu sonhei contigo e caí da cama, diz que me ama, e eu não sonho mais”

E eu nem conhecia essa outra canção. Só a encontrei agora, ao escrever o sonho. EU TE AMO, Chico. Para sempre.

Sobre ele, leia os diversos posts no link “Chico Buarque“, aqui no blog: https://poesiasdemaosquesentem.wordpress.com/category/chico-buarque/

Texto: Odonir Oliveira

Vídeos:

1- Canal Chico Buarque – Tema

2- Canal Biscoito Fino

Amizade

AMIZADE E AMOR
No momento em que podo minhas lavandas e recolho as lindas flores que me pedem para serem colhidas, encontro formigas alucinadas disputando minha atenção.
Já amei tanto! Já encontrei tantos amores que voejaram a meu redor! Lavandas perfumadas!
Sempre acreditei que a AMIZADE era o sentimento mais valioso da vida. Fosse por quem fosse: por colegas de trabalho, vizinhos, familiares, companheiros de vida. Recuso-me a odiar. Gosto de esclarecer fatos e impressões, “chamar pra dança” – como os teóricos da comunicação sem violência costumam chamar. Esclareceu? Está esclarecido. Claro que não se esquece coisa muito dolorida, mas aos poucos vão doendo menos a quem sente as dores e a quem provocou as dores também. A vida vai se apagando como uma chama que se gasta. É preciso sermos claros, verdadeiros, afetuosos e inteiros. Todos já-já iremos daqui para outras margens de rio, talvez para aquelas dos rios aéreos. Talvez. Amar é o quê?

AMAR É O QUÊ ?
Ah, meu amor
eu não esperava mais amar.
Amar é difícil:
ficamos frágeis, inseguros, duvidosos.
Amar faz-nos ciumentos do que antes não éramos
Amar deixa marcas jamais cicatrizáveis
Amar faz entregar aos outros nossas incapacidades.
Amar nos torna
compulsórios demais,
cotidianos demais,
corriqueiros demais.
Amar nos faz beber lirismo
em um copo
em um livro
em uma flor
em uma risada tola.
Amar é um sentimento,
é uma parte,
é uma fase,
é uma tormentosa viagem
em um oceano a esmo,
é um deleite de senhas descobertas,
é um sentar-se ao lado, nos silêncios compartilhados?
Amar se parece com o quê ?
Com um corpo dentro do outro
como encaixe de engrenagens que se integram
oferecendo trabalho?
Com um tempero harmonioso de manjericão, alecrim e salsa?
Com água de cachoeira pesando nos ombros
qual chicotadas de ânimo?
Com perfume de mãos deslizantes sobre flores delicadas?
Amar se parece com o quê?
Ah, meu amor
eu não esperava mais amar.

Poesias e texto: Odonir Oliveira

Foto de arquivo pessoal

Vídeos:

1- Canal Ana Beatriz Barbosa

2- Canal Odonir Oliveira

Ressignificar a vida

MOTIVO (Raimundo Fagner/Cecília Meireles)

O SER HUMANO É UM BICHO DIFÍCIL. Faz meses telefonei para uma pessoa distante, bem distante, supostamente amiga, que conheci lírica, melodiosa (que inclusive já declamara versos meus), identifiquei-me, repeti a identificação, respondeu que não sabia quem eu era, que não me conhecia e desligou. Triste. Eu queria lhe desejar votos de saúde, paz, depois dessa pandemia terrível. Triste mesmo. Inacreditável! O ser humano é um bicho difícil. Ou não? Em outra feita, telefonei a certa pessoa para quem sempre telefono. Esta, nunca. Interurbano é coisa cara etc. Ligo eu, pois que tenho planos telefônicos que me ligam ao mundo. E detesto celulares – saibam disso – conversas apenas escritas, lacônicas, sem expressão real etc. Atende o celular e por descuido não o desliga, deixa-o a ser ouvido. Escuto ao longe conversa sobre mim, de arrepiar os cabelos e tatuar a pele. Desligo eu, em seguida, posto que não estou aqui para autoflagelação, inclusive. E eu apenas queria confirmar a data da viagem da vinda da pessoa a passear e se hospedar em minha casa, há tempos planejada e adiada pela pandemia. Não há como se confirmar tal viagem, com as hipocrisias e falsidades verificadas. Bicho difícil. É ou não é? Como o ser humano já traz tatuadas em si as regras sociais do cabotinismo?! Em momentos assim, somados a tantos outros, faz-se sempre uma análise da parte que nos cabe nessa cova rasa, nesse latifúndio, o que é nosso em tudo isso, claro. Entretanto, já faz algum tempo, uns 7 a 8 anos que me identifico com traços de Border. Seria uma Border? Mas isso é conversa para outras ligações. E não telefônicas. Em frente, enfrente.

Texto: Odonir Oliveira

Vídeos:

1- Canal Edilson Lino

2- Canal Ana Beatriz Barbosa Silva

Depois da curva da estrada

AMORA

Renato Teixeira

Depois da curva da estrada

Tem um pé de araçá

Sinto vir água nos olhos

Toda vez que passo lá

Sinto o coração flechado

Cercado de solidão

Penso que deve ser doce

A fruta do coração

Vou contar para o seu pai

Que você namora

Vou contar pra sua mãe

Que você me ignora

Vou pintar a minha boca

No vermelho da amora

Que nasce lá no quintal

Da casa onde você mora

Vou contar para o seu pai

Que você namora

Vou contar pra sua mãe

Que você me ignora

Vou pintar a minha boca

No vermelho da amora

Que nasce lá no quintal

Da casa onde você mora

Depois da curva da estrada

Tem um pé de araçá

CARTILHA

AROMA

AMOR

AMORA

MARA

AMA

MARA

AMA

AMORA

AROMA

MARA

AMORA

AMOR

Postagem dedicada a(o) leitor(a) de Angola, fiel e sempre presente aqui nesse blog. Obrigada por suas leituras, viu.

Poesia: Odonir Oliveira

Fotos de arquivo pessoal

Vídeo: Canal Renato Teixeira

No fim de tudo é porque tudo não chegou ao fim

2015

Recordando de tudo em 2022

2014 A 2017, em Barbacena, MG
“O Clubinho da leitura de Barbacena é um projeto de trabalho voluntário que realizo com crianças e adolescentes – antes apenas do meu bairro, agora recebendo os de outros bairros também. Passei a realizá-lo aos sábados para contemplar mais leitores. Os pais também levam livros para casa. Fazemos atividades nas quais pretendo ser MEDIADORA de leitura. Lemos, declamamos versos, representamos histórias lidas em casa ou em alguma atividade do Clubinho, desenhamos e pintamos com aquarela, fazemos personagens de massinha, nos caracterizamos como as personagens das histórias, jogamos bola, peteca, jogo da velha, sempre contextualizando as atividades de leitura do dia.”

Ver atividades desenvolvidas em meu blog “Clubinho da Leitura de Barbacena”https://poesiasdemaosquesentem.wordpress.com/category/clubinho-da-leitura-de-barbacena/

Fotos de arquivo pessoal

Vídeos:

1- 2- Canal Odonir Oliveira

3-Facebook e Instagram Odonir Araujo