Clubinho da leitura: amorosidades

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AS PRIMEIRAS LEITURAS NO CLUBINHO DA LEITURA DE BARBACENA

Que encantamento é o desabrochar de uma criança para as leituras ! Primeiro começam a ler imagens, criando eles próprios as histórias que desejam ler, atribuindo palavras oralmente àquelas imagens, depois ouvem as estruturas das historinhas, dos poemas, das receitas culinárias, de tantos gêneros de texto que acabam enfeitiçadas por tudo. Basta se começar com uma estrofe, com versos em rima, que pelo ouvido já sabem tratar-se de um poema; se surge um “era uma vez” já reconhecem os contos de fadas e assim vão bebendo pequenos goles da linguagem escrita. Vão preferir uns a outros, vão fazer perguntas em meio às narrativas, vão rir, gargalhar percebendo a graça, a ironia de um trecho ou outro … seguirão na magia das leituras

Seguirão até o dia em que eles próprios conseguirem fazer suas conexões, entenderem o processo de construção da escrita e … lerem. Sozinhos. Mais tarde começarão a interpretar, também sozinhos, aquilo que leram. Nesse momento a mediação com o pai, a mãe, a professora, os amigos será de grande importância porque literalmente estarão conseguindo ler o mundo e agregando significados ao que leram. A magia terá acontecido.

Depois disso, de terem sido encantados com a varinha de condão, nada os deterá, continuarão bons leitores. De todos os tipos de textos que lhes caírem nas mãos. Saberão dizer se gostaram mais de um do que de outro e por quê e seguirão em suas leituras.

A PRIMEIRA LEITURA DE RAFAEL

Desde os 4 anos no Clubinho, vivenciando leituras, levando livrinhos para serem lidos por seus pais pra ele em casa, agora aos 6 anos, Rafael em meio a meninos maiores, que já leem, conseguiu fazer sua primeira leitura sozinho.

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CLUBINHO DA LEITURA
Quando se descobre a leitura, fica-se literalmente com o mundo nas mãos

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O outro Rafael também fez sua primeira leitura, de obra completa, no Clubinho: “PETER PAN“. Alegria impossível de ser expressa por palavras aqui. Hoje já lê e tem o mundo nas mãos, faz perguntas sobre esse mesmo mundo, leva livros que sejam relacionados ao que descobriu e ainda acrescenta “Agora que já sei tudo isso sobre continentes, polo norte, polo sul, seria bom eu levar esse livro aqui né, A terra e os planetas. Já faz relações muito bem, já abstrai, já sente necessidade de complementar conhecimentos. LER É ISSO.

E assim nesses 4 anos de Clubinho da Leitura de Barbacena, pudemos juntos assistir a lindas cenas de amorosidades entre eles, e comigo. Nada mais lindo do que a repartição de carinho, de afeto, de atenção. Isso eleva a nossa autoestima em muito, a deles e a minha.

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“Poesia na varanda”
Vivenciando a frase de G. Rosa na epígrafe do livrinho ” Felicidade se acha é em horinhas de descuido”

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Fotos de arquivo pessoal

Vídeo: Canal Cuerdas Cortometraje Oficial

“Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura” G. Rosa

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Rios, Riobaldo

Ela não é ela
ela é uma
ela não tem corpo
só palavras em voz outra
só companhia quimera ilusão
ela não é ela
ela é uma
sem possuí-la
sem senti-la
sem vê-la
ela não é ela
ela é uma
ela é minha refém no escuro das noites
ela é minha cúmplice na clareza dos dias
ela não é ela
ela é uma.

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Dias, Diadorim

Ele é ele
ele não é um
cavalga trota campeia
silencia esvoaça some
Ele é ele
ele não é um
No corpo-sonho
na garupa-nuvem
no dia -Diadorim
Ele é ele
ele não é um
Acorrentada em asas de destino
percebe Diadorim a vereda
segue persegue sua natureza
porque sabe
Ele é ele
ele não é um.

Poesias: Odonir Oliveira

Fotos de arquivo pessoal

1º Vídeo: Canal mariocalarcon

2º Vídeo: Canal Odilon Esteves

(compacto do docudrama “Sertão:Veredas”
produzido pela Bossa Nova Films
direção: Willy Biondani
com: Odilon Esteves, Sílvia Lourenço, Marco Cesana, Laís Corrêa)

Ubuntu: Eu sou porque nós somos

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CARAVANAS

Olho por dentro
desertos
vazios íntimos
moradia oca
abismo antropofágico.
Invado em mim as revoltas
Invado em mim todas as injustiças
Invado em mim todas as exclusões
Invado em mim todos os descartes
Cuspo escarro vomito
Abro portas janelas horizontes
Evado de mim a dor
Evado de mim as dores
Evado de mim predileções vãs
por mistérios magias imantações chãs.
Olho para fora
Fora estará o alívio ou a consternação
Fora estará o apanágio ou o desespero
Fora estará a suavidade ou a consumição.
Estradas
Caminhos
Veredas
Invernadas
Caravanas,  reflexão.

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UBUNTU

Se ando e enxergo, maravilho-me
Se paro e contemplo, pulso
Se ardo em sensações, vivo.
Se estou numa fala num gesto num sorriso, continuo.
Se toco a dor humana, emano
Se acarinho a terra vermelha, sou.
Se tenho compaixão, ajo.
Se tenho ainda a emoção, levito.

Se ando e enxergo, maravilho-me

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CONHECER, SER, FAZER

riacho bebe folha
riacho bebe pedra
riacho bebe murmúrios
riacho bebe limo
riacho bebe flor galho semente
riacho bebe eu
riacho bebe nós
riacho atrai
riacho seduz
riacho conclama ação

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Ubuntu é, assim, um sistema de crenças, uma ética coletiva e uma filosofia humanista espiritual pautada pelo altruísmo, fraternidade e colaboração entre os seres humanos.
Do ponto de vista político, o conceito de ubuntu é usado para enfatizar a necessidade da união e do consenso nas tomadas de decisão. É a síntese de um conhecido provérbio xhosa da África do Sul que diz o seguinte: “Umuntu Ngumuntu Ngabantu“, que significa “Uma pessoa é uma pessoa por causa das outras pessoas“.
Ser humano significa ser por meio de outros. Qualquer outra forma de ser seria “des-umana” no duplo sentido da palavra, isto é, “não humano” e “desrespeitoso ou até cruel para com os outros”. Essa é, grosso modo, a forma como a ética ubuntu africana descreve e também prescreve o ser humano.
Em um sentido estritamente tradicional ou, se se preferir, religioso, ubuntu significa que só nos tornamos uma pessoa ao ser introduzidos ou iniciados em uma tribo ou em um clã específicos.
Nesse sentido, “tornar-se uma pessoa por meio de outras pessoas” implica em passar por vários estágios, cerimônias e rituais de iniciação prescritos pela comunidade “.

Ver mais em: http://muitoalem2013.blogspot.com.br/2015/10/ubuntu-eu-sou-porque-nos-somos.html

Poesias: Odonir Oliveira

Fotos de arquivo pessoal: zona rural de Sta. Bárbara do Tugúrio, MG

1º Video: Canal aissav

2º Vídeo: Canal KayoooS

Semana da criança: a italianinha

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Datemi Un Martello
Datemi un martello
Che cosa ne vuoi fare
Lo voglio dare in testa
A chi non mi va
A quella smorfiosa
Con gli occhi dipinti
Che tutti quanti fan ballare
Lasciandomi a guardare
Che rabbia mi fa
Che rabbia mi fa
Datemi un martello
Che cosa ne vuoi fare
Lo voglio dare in testa
A chi non mi va
A tutte le coppie
Che stanno appiccicate
Che vogliono le luce spente
E le canzoni lente
Che noia mi dà
E datemi un martello
Che cosa ne vuoi fare
Per rompere il telefono
L’adopererò perchè si
Tra pochi minuti
Mi chiamerà la mamma
Il babbo ormai sta per tornare
A casa devo andare
Uffa che voglia ne ho no no no
Un colpo sulla testa
A chi non è dei nostri
E così la nostra festa
Più bella sarà
Saremo noi soli
E saremo tutti amici
Faremo insieme i nostri balli
Il surf, il hully gully
Che forza sarà
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TRADUÇÃO

Datemi Un Martello 

Ah ah ah….
Thiu riu thiu ria….
 Deem-me um martelo,
O que quer fazer com ele,
Quero batê-lo na cabeça
De quem não gosto, sim sim sim,
Daquela dengosa
Com os olhos pintados
Que todos todos fazem dançar
Deixando-me a olhar.
Que raiva me dá!
Que raiva me dá!
 Thiu riu thiu ria….
 Deem-me um martelo,
O que quer fazer com ele,
Quero batê-lo na cabeça
De quem não gosto,
De todos os casais
Que ficam coladinhos
Que querem as luzes apagadas
E as musicas lentas.
Que tédio me dá!
Ufa, que tédio me dá!
 Thiu riu thiu ria….
 Deem-me um martelo,
O que quer fazer com ele,
Para quebrar o telefone
O usarei,
Porque em poucos minutos
Me chamará mamãe,
O papai está quase para voltar,
Para casa devo ir.
Ufa, que vontade que tenho!
Não não não, que vontade que tenho!
Thiu riu thiu ria….
Um golpe na cabeça,
A quem não é dos nossos
E assim a nossa festa
Mais bonita será,
Seremos nós somente
E seremos todos amigos,
Dançaremos juntos os nossos bailes
O surf e o hully gully
Que força será!
Que força será!
Que força será!
Que força será!
Cicantica…
Ai!

https://www.vagalume.com.br › R › Rita Pavone › Datemi Un Martello

sopro

TERCEIRA INFÂNCIA

A Jovem Guarda já fervilhava nas rádios AM da cidade, as gírias, a moda, os modos, tudo influenciava a quem vivia naqueles anos sessenta.Os festivais da canção de São Paulo, os programas de auditório da Excelsior, da Record,  da Tupi eram determinantes para que crianças e adolescentes bebessem da cultura estrangeira que galopava. Chegavam os primeiros discos dos Beatles, dos Rolling Stones e de outros conjuntos americanos. Tudo era novidade.

Gina era meninota ainda, não se incomodando, ainda, com assuntos de querer, de namorar, de se enfeitar com a sensualidade já permitida. Gostava de cantar, dançar o twist. As composições entravam-lhe pelos ouvidos e ela passava a repeti-las, mesmo sem compreender seu significado, mas repetia aquilo tudo com enorme prazer. Encantavam-lhe as palavras, a sonoridade das palavras, o ritmo das canções. Não eram invocação para o real vivido, para uma paixãozinha inicial, como para muitas de suas amigas. Quase todas.

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Naquele ano de 1964 iniciaram-se as dublagens, as mímicas das canções estrangeiras. As meninas criavam  grupos de 4 para dublarem formações americanas. Os meninos imitavam Beatles, Rolling Stones, com guitarras sem fio, numa mise-em-scène  adorável.

Gina encantara-se por Rita Pavone, pelo italiano que ela trazia, pela língua, pelas traduções das letras. Acreditava que teria de entender o que iria cantar. Cantar não, dublar. Assim encaminhou-se a estudar por conta própria, a ouvir muitas e muitas canções em italiano. A língua já lhe era até familiar. Pensava em italiano. Vestia-se como Rita Pavone nas apresentações que ela e as amigas faziam no clube nas concorridas domingueiras. Levava até o martelinho.

Assim, iniciou seu interesse por uma língua estrangeira, a primeira pela qual demonstrou atenção. Nem o inglês beatlemaníaco a fascinara tanto quanto o italiano.

Um dos motivos de tamanho interesse também devia-se ao fato de haver engenheiros italianos trabalhando na fábrica da cidade, da observação de sua forma de falar, de se vestir, de se relacionarem com os filhos. Tudo era um mundo novo que se descortinava para a menina.

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Conforme Gina ia traduzindo as letras, ia descobrindo naqueles versos um outro mundo, o do amor, da adolescência. Foi assim que Gina abriu-se em flor, através das letras e das canções italianas que ouvia. Com um prazer extasiante foi descobrindo o amor. Um amor que chora, ri, perde e ganha alguém.

“Cuore, cuore, Dio come ti amo!”

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Texto: Odonir Oliveira

1º Vídeo: Canal ORIGINALISSIMA

2º Vídeo: Canal Lisa Oi!

3º Vídeo: Canal Marcello Felici

4º Vídeo: Canal  LACM2610

5º Vídeo: Canal  glivingston73

6º Vídeo: Canal charassita

Imagens retiradas da Internet: telas da pintora surrealista Bridget Bate Tichenor (1917-1990), que viveu em Roma por um período.

Semana da criança: um menino Jesus

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MANOS

doces manos
o mais velho
o mais novo pouco mais novo
alegres boleiros
no céu de pipas
nos quintais iguais
no chão de terra
no chão de asfalto
no alto
luzes vezes vozes
sete, oito
música samba ritmo
alegria ritmo dança
escola alegria canto
beleza alegria estudo
passado presente futuros
desejos luta trabalho
luzes sucesso educação
luzes sucesso música

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JESUS

No mato denso nasceu Jesus
interessou-se desde logo pelos sons
do vento
da chuva
do gorjeio dos passarinhos
até dos grilos companheiros e dos sapos vizinhos.

Quem poderia ensinar viola pra esse menino, nesse fundão de mata, meu Deus?
Jesus fazia som com tudo que encontrava.
Jesus tirava o som de dentro de si.
Calado, quieto, sonhador

O homem passou no cavalo
Jesus correu até ele.
Não alcançou.
Na volta o alcançaria.
O homem tinha uma viola.
Estaria ali sua senha, sua fuga, sua história

O homem no cavalo um dia voltou.
Jesus o alcançou com o som que tirava de si.
O homem parou, ouviu, encantou-se.
Jesus saíra de si.
O homem trouxera a chave perdida no horizonte do menino.

Jesus melodia
Jesus sonho
Jesus futuro.

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Poesias: Odonir Oliveira

1ª foto: Do Facebook, sem autoria, mas tão linda por sua ternura, que irresistível.

Demais fotos de arquivo pessoal

Vídeo: Canal Bolhas Ilusórias

Semana da criança: aqui existiu um menino que levitava

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O MENINO QUE LEVITAVA

Ao clarear do dia o menino abria olhos arregalados
De beber o mundo.
Mas era pouco.

Montava seu cavalo alado
Como se dançasse com ele.
Era doce o menino.
E partia ao encontro de seus marimbondos
de suas rãs
e lagartixas.
Morcegos eram como flores do campo.

A tarde tinha a estrela vésper sempre a sua espera
E nela menino, cavalo e aventuras seguiam,
bebendo cada folha, cada árvore, cada trilha.
Mas era pouco.

Depois, pisar na água era um barulho celestial
Era cócega
Era música
Era verso
Era poesia.

Desmanchar rotas citadinas
Mergulhar no escuro de grutas cavernas, barcos e estradas.
Era pouco
Porque o menino ria, ria, mas ria tanto,
que de prazer
levitava.

E de baixo, em terra firme,
Ninguém o alcançava
E não era pouco !

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ORÁCULO GREGO
Meninos de todas as idades
Mãe pai irmãos
A contação de histórias na hora de dormir
A sanfona a viola
O pai a mãe os irmãos
A comida no fogão sempre quente
O bule no fogão sempre quente
A mãe o pai os irmãos
O dia a tragédia o ir-se
O irmão mais velho agora sendo o pai
de repente
A mãe sucumbe entontece delira
Perda
Mais tarde outra perda
O dia a tragédia o ir-se
A sina, a sanha, a saga
Os filhos os irmãos
Os parentes os amigos
A união mais forte na dor
A união mais forte nos braços
A união mais forte nos traços
A união mais forte nos abraços
A união ainda mais forte
nos louros
Mãe e irmãos num só lume
Mãe e irmãos num só barco
Mãe e irmãos num só compasso
Mãe e irmãos
num só
laço.

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O HOMEM CHORA

Esse homem chora de dor pelas águas
chora de dor pelos peixes
chora de dor pelo hoje
que não é mais o ontem
nem será mais o amanhã.
Esse homem chora porque tem a pele das águas
a  alma de lagoa e os olhos de ver
Tem flores do campo,
orquídeas selvagens no dorso,
conversa com deuses da aquarela
Esse homem chora
porque é menino que levita.

 

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Poesias: Odonir Oliveira

1ª foto retirada da Internet

Demais fotos de arquivo pessoal

Vídeo: Canal Odonir Oliveira

 

Semana da criança: uma menina especial

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GESTAÇÃO

Meses no de dentro
meses no tato interno
meses no cuidado seu e dela
além de todos
além de tudo.
Anúncio notícia aviso
chegada próxima
vinda ansiada
vinda celebrada
vinda proclamada
uma estrela pousaria em seu colo
uma estrela se aninharia em seu aconchego.

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VIDA

Chega quieta
chega  e fica
mama e fica
dorme e fica
acorda e fica.
Correm as águas dos rios
mudam-se as luas
a estrela quieta
a estrela em repouso
a estrela distante.
A análise, especial
A síntese, especial
O luto paterno
O luto materno
Doce pele, doces cabelos, doces amores
A luta materna
A luta paterna
O olhar distante, inconsútil, sem nuances
O gesto inerte, impensável, incompreensível
O vago, o trôpego, o ímpar
A caminhada estendida aos pés de todos.

 

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GERMINAÇÃO

afeto e companhia
toques sorrisos confeitos confetes
semeadura nutrição ternura
atenção percepção semente
ninho aconchego carinho
amor amor amor
estradas de cores
estradas de movimentos
estradas de melodias
estradas em harmonia
olhares
sentires
ficares
Arte
Encanto com a arte
Encanto com o belo
Encanto enquanto arte
Alicerces apoios aplausos
Arte
Germinação
Flor em botão
Especial

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DANÇA

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encantamento
concentração
improvisação criação intenção
dança ritmo rumo
corpo alma corpo intenção ação sedução
sedução ação intenção corpo alma corpo
luz cor movimento
encantamento
luz movimento luz movimento
concentração
aplausos
salvação
análise, uma estrela
síntese, uma menina especial.

 

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Nota pertinente: Durante os primeiros 4 anos de minha docência em S. Paulo, lecionei para crianças especiais. Eu era um pouco mais velha que eles, uns 10 anos. Aprendi, com eles, a arte de ensinar. Todos com diferentes dificuldades – naquele momento ainda não se falava em TDAH,  nem em muito do que se sabe hoje. Eram considerados pelos psiquiatras e psicólogos como crianças DCM – com disfunção cerebral mínima. Fato é que aprendiam por canais de afetividade e de conhecimento que muitas vezes ainda não entendíamos à luz das matrizes teóricas. Aprendiam, relacionavam-se entre seus pares e amavam ARTE. ARTE salva. ARTE prevê, antecipa questões individuais e sociais. A ARTE não rotula, não aprisiona, não etiqueta. Assim, foi com eles que eu, ainda bem jovem, aprendi que se ensina e se aprende ao mesmo tempo. Foi graças aos meus meninos e meninas dos anos 70 que pude exercer meu ofício respeitando individualidades, as diferenças nas formas de se aprender e, principalmente, que todo o conhecimento passa pelo canal da afetividade.

 

Poemas: Odonir Oliveira

Fotos de arquivo pessoal

1º Vídeo: Canal motet ( sanem ucar )

2º Vídeo: Canal  JB Jazz Blues House The Club

3º Vídeo:  Canal GrupoCorpoOficial

 

Semana da criança: o menino das cocadas

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JOÃO E OS IRMÃOS

Era magrinho, mais do que os garotos de sua idade. Depois dele a mãe, de forma surpreendente, teve gêmeos, 2 meninos. E depois mais uma menina. Todos quase da mesma idade, 3 e 4 anos de diferença entre João e a irmã mais nova.

O pai ganhava pouco para tantas bocas, tantos pés, tantas calças, tantos sapatos, tantas urgências. Das urgências nasceram as cocadas. João era o mais velho, coube a ele, ainda garoto, levar o tabuleiro pelas ruas, aos vizinhos, às portas das escolas, à saída da fábrica.untitled-5

Enquanto seus amigos se divertiam das maneiras mais divertidas de se divertirem meninos, João trabalhava. E, por amor à família, não achava ruim não. Seguia. Às vezes uma parada desobediente e cheia de meninice o impelia a ser garoto como os demais. Ali conquistava a todos. Sempre teve discurso convincente de vendedor. Reconhecia em si tal habilidade. Quase que intuitivamente, reconhecia. E vendia todas as cocadas.

Os amigos por vezes sentiam certa pena de João, assim tão cheio de compromisso com as vendas, comentavam um isso e um aquilo, mas tudo passava, que João era muito gente boa.

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Tinha lá os seus complexos e, conforme foi crescendo, no começo do contato com as garotas, pode-se perceber algum detalhe de superioridade manifesta, disfarce para uma inferioridade latente nele. Escrevia muito mal, ortografia impossível, letra ilegível, tudo em seus estudos denunciava uma idade inferior à que já tinha. Parara no tempo, do ponto de vista cognitivo. Como trabalhador ia em frente, muito além do que se poderia estimar para um rapazola como ele.e52aef6f678e6d1d98a9f786da3caa64meninocomcarneirocc3a2ndidoportinari28195429

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Muitas vezes, ao desejar assistir à televisão, ficava do lado de fora, aproveitando a janela aberta de algum vizinho, e contemplava aquele aparelho, que como outros tantos também, não tinha em casa. Cresceu olhando pelas frestas aquilo que achava merecer.

A gangorra da vida empurrava João para o comércio Comprou no Paraguai, em S. Paulo, comprou sem Nota Fiscal, deixou de emitir recibos nas vendas, negociou o que deu e o que pode. Trouxe os irmãos para trabalharem com ele. Enriqueceu. Comprou um diploma em uma faculdade particular. Adquiriu muitos imóveis, casou com rica filha de fazendeiros, teve 3 filhos, mandou-os estudar fora do país. Enriqueceu.

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Tornou-se esnobe, sem perceber que é, relatando seus bens, suas posses a todos e a todo momento. Exibe, em encontros com amigos de outros tempos, lindos carros importados, bens materiais e engata narrativas esdrúxulas frente a eles.

A Síndrome do Pânico, o medo de morrer a qualquer momento, a fobia de avião e o medo de assalto, de sequestro, o corroem dia e noite.

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Texto: Odonir Oliveira

Imagens: telas de Cândido Portinari (retiradas da Internet)

1º Vídeo: Canal  Andrés Treviño

2º Vídeo: Canal TheVideoJukeBox4 (clique no Youtube)

Semana da criança: aqui existiu uma menina

(Aí estão a Escola Santo Antonio, a banda marcial do Colégio Estadual Barão de Mauá, a FNM, montadora de caminhões, de JKs etc. Estão aí o adorado e apaixonante prof. Josemar Contage, entregando um diploma a uma mocinha; estão os times de futebol dos 3 clubes que ali havia Aliança, Piauí e Vila Nova- este último tendo seu Plácido como um de seus fundadores; o ônibus da Junel, que levava para o Rio, para a Praça Mauá; os  desfiles da primavera, estão aí o escorregador, o balanço, a gangorra, o rema-rema nos quais escorregam as infâncias, estão aí o Cine FNM, das matinês dos domingos às 11 h, depois da missa na Igreja N. Sª das Graças, o armarinho do seu Passos, a farmácia, o grupo de escoteiros que se reunia aos domingos, e UM TRILHÃO DE LEMBRANÇAS FERVILHANDO LÁGRIMAS, nessa Vila Operária de 1953 até 1968.

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BONECOS

– Dá, é meu
-Você só gosta de boneco, boneca é mais bonita
– Dá, gosto de bonecos, não quero esses enfeites da sua nele não
– Vem, vamos andar de bicicleta então.
– Vou. Só se depois a gente brincar de pique
– De pique depois.
– De pique antes. Depois, de bonecos.
– Tá bom, de pique antes !

 

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MATINÊS

Domingos
canto oração hóstia comunhão
olhos espichados no relógio do pulso ao lado
Missa das nove, depois matinê
 
Matinês
Oscarito, Mazzaropi, Jerry Lewis
balas doces chicletes amendoins
almoço sobremesa bicicletas piques
sonhos desejos planos
 
Domingos

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SEMEANDO O FUTURO

O pai planta
semeia espera
molha cuida  enriquece a terra
 
A menina observa
tem regador pá e ancinho
 
Olha copia reproduz
na terra na horta
na sala
na vida
 
Prazer em saber semear e colher
Prazer em poder semear e colher. 

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(Amigas de infância se encontrando, depois de mais de 50 anos)

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1º Vídeo: Facebook Direção Cafura’s Studio

2º, 3º, 4º Vídeos: Canal Eduardo Paz Fraga

Fotos de arquivo pessoal

Texto e poemas: Odonir Oliveira

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