A História sempre se constrói com causas e consequências; buscar fontes, investigar fatos, formar conhecimento é papel de qualquer cidadão.
Os Autos da Devassa são peças fundamentais do acervo do Arquivo Nacional e foram reconhecidos como patrimônio da humanidade pelo Programa Memória do Mundo da UNESCO em 2007.
Na imagem, folha da “sentença proferida contra os réus do levante e conjuração de Minas Gerais”, 18 de abril de 1792. Arquivo Nacional. Fundo Diversos Códices. BR_RJANRIO_NP_COD_0_005_v09
Joaquim José da Silva Xavier- Tiradentes, MG
“Mil vidas eu tivesse, mil vidas eu daria pela libertação da minha pátria”
RECADOS DE DRUMMOND
São João Del Rei- MG
MEU ENCONTRO COM TIRADENTES
Autora: Isabelle Dourado- 7ª B- 14 anos–1999
Joaquim José da Silva Xavier- Palácio Tiradentes- ALERJ, RJ
A História sempre se constrói com causas e consequências; buscar fontes, investigar fatos, formar conhecimento é papel de qualquer cidadão.
Prados, MG
ESSA BARBACENA Barba -acena Sobe Desce Venta Queima sol Olha rosas Olha Rua Quinze Olha Escola de Cadetes Olha a Cabana da Mantiqueira Olha as pedras Tropeça Levanta Cai Levanta Olha mais Olha isso aquilo, olha Que Visconde de Barbacena que nada. Que cidade de loucos que nada Que gente boa de tudo! Ah, Barbacena! Acena traz teus filhos todos de volta Que a gente muda esse negócio de política leite com leite Vota de novo Muito bem E reconstrói esse país. Eh, Minas, Eh, Minas !
Manuel Rodrigues da Costa, Padre Inconfidente
Manuel Rodrigues da Costa (Queluz, Minas Gerais, 2 de julho de 1754 — Barbacena, 19 de janeiro de 1844) foi um sacerdote católico, revolucionário e político brasileiro que participou da Inconfidência Mineira e da Primeira Assembleia Nacional Constituinte do Brasil.
Nasceu no arraial de Nossa Senhora do Campo Alegre dos Carijós, sendo filho dos portugueses capitão-mor Manuel Rodrigues da Costa e de Joana Teresa de Jesus e neto paterno de Miguel Rodrigues da Costa e Inácia Pires. Era afilhado de João Rodrigues de Macedo, banqueiro do Império e proprietário do imóvel atualmente conhecido como a Museu Casa dos Contos, em Ouro Preto.
Estudou no seminário da cidade de Mariana e ordenou-se padre em 1780, possuidor do Hábito de São Paulo.
Sempre residiu na sua fazenda do Registro Velho, no atual município de Antônio Carlos, na época ainda parte de Barbacena. Nessa fazenda, hospedou Joaquim José da Silva Xavier, que o convenceu a participar na Inconfidência Mineira. Após a delação de Joaquim Silvério dos Reis, foi condenado a degredo de dez anos em Lisboa, em dependências eclesiásticas. Também foram confiscados muitos de seus bens, dentre os quais metade da fazenda Tapera, um título de terras minerais, sua rica biblioteca, móveis, utensílios domésticos, dois escravos, tabaco e uma batina, que atualmente está exposta no Museu da Inconfidência, em Ouro Preto. A Fazenda do Registro Velho foi preservada por ser meação da sua mãe.
Depois de seu retorno ao Brasil, dedicou-se à administração da fazenda Registro Velho. Atuou também como industrial, tendo fundado uma tecelagem e se dedicado à fabricação de vinho e óleo de oliva. Auguste de Saint-Hilaire, em sua viagem por Minas Gerais, visitou-o e escreveu que o padre havia trazido de Portugal máquinas para fazer tecidos, utilizando lã de ovelha e linho, que produzia em suas terras. Estes seus projetos, no entanto, não foram bem-sucedidos. Nesta época também tornou-se um dos primeiros sócios do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
Em sequência à Revolução Liberal do Porto, foi eleito para as Cortes Gerais Extraordinárias e Constituintes da Nação Portuguesa em 1820. Ao mesmo tempo, participou ativamente nos acontecimentos que levaram ao “Fico” e à Independência do Brasil.
Depois da Independência do Brasil, elegeu-se deputado por Minas Gerais à Assembleia Constituinte de 1823 e reelegeu-se para a Legislatura Ordinária de 1826, embora não tenha servido este último mandato.
Em 1831, Dom Pedro I, que o admirava, hospedou-se na fazenda do Registro Velho, condecorou-o com as Ordens de Cristo e do Cruzeiro e o nomeou cônego da Capela Imperial. Paradoxalmente, em 1833, o padre Manuel Rodrigues da Costa articulou na mesma fazenda o movimento que culminaria no 10 de junho da Revolução Liberal de 1842, as reações liberais ao primeiro Ministério Conservador de Dom Pedro II.
Em 1839, o padre Manuel Rodrigues da Costa foi entrevistado pelo também inconfidente José de Resende Costa Filho, que escrevia sua versão da Inconfidência Mineira. Era apenas o terceiro relato sobre esse movimento.
Foi o último dos inconfidentes a falecer. Foi sepultado na igreja matriz de Barbacena; no entanto, seus restos mortais foram perdidos durante a reforma dessa igreja no século XX.
A História sempre se constrói com causas e consequências; buscar fontes, investigar fatos, formar conhecimento é papel de qualquer cidadão.
Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição, Ouro Preto, MG
Igreja São Francisco de Assis, Ouro Preto, MG
“Na Igreja São Francisco de Assis, podemos reconhecer a grandeza que faz da arte colonial brasileira um caso particular de inovação do estilo europeu. Toda em rococó, que por si mesmo já é uma evolução do barroco, esse templo expressa em suas formas a liberdade, também sonhada nas ruas da antiga Vila Rica. Considerada por especialistas como a obra-prima de Aleijadinho e Mestre Ataíde, não é de se admirar que em 2009 ela ganhasse o título de uma das sete maravilhas de origem portuguesa do mundo. O primeiro impacto que temos quando entramos na nave é de uma luminosidade proporcionada por ornamentações delicadas. São anjos, elementos vegetais, fitas, guirlandas e entrelaçados, que não cobrem toda a superfície interior. Eles possuem movimento e dinamismo de forma impressionante e parecem sobrevoar os seis altares, pintados em branco e ouro. Também contribui para essa luminosidade as quatro janelas do coro que jogam a luz em direção ao teto da nave central, pintado por Manuel da Costa Ataíde, o Mestre Ataíde. Observe aqui o balé da assunção de uma Nossa Senhora da Conceição mestiça, rodeada por anjos mulatos e músicos.” –https://www.minasgerais.com.br/pt/atracoes/ouro-preto/arquitetura/igreja-sao-francisco-de-assis
Cemitério do Carmo– S. João Del Rei – Antigo cemitério pertencente à Igreja do Carmo, construído no início XIX. Construção imponente e coberta, um dos únicos no Brasil ,com portão de ferro forgé. O interior possui várias sepulturas em suas paredes e no chão sendo algumas, na vertical.
Igreja Nossa Senhora do Carmo, Sabará, MG
A PRESENÇA DAS IRMANDADES LEIGAS EM MINAS GERAIS “A presença das irmandades leigas em Minas Gerais guarda certas especificidades. Diferentemente de outras regiões do Império, aqui proibida a fixação de ordens religiosas, a assistência social e o culto católico foram de responsabilidade dos leigos. Por isso a compreensão mais ampla da sociedade colonial mineira não pode prescindir da abordagem sistemática da vida confrarial. Também as irmandades erigidas por “homens negros” revelam-se como fontes de fundamental importância para compreensão de uma sociedade que tinha em sua base a escravidão. A morte, momento tão ritualizado no setecentos, ficou sob cuidado dessas associações. O propósito deste estudo foi analisar como a Irmandade do Rosário dos Pretos do Alto da Cruz, em Vila Rica, na segunda metade do século XVIII, cuidou dos enterros de escravos e forros e como estes rituais foram indicadores de outros aspectos da vida na Colônia. Fontes primordiais, que subsidiaram nossa discussão, as atas de óbito e os testamentos constituíram relatos individuais que, não raro, expressaram modos de viver coletivos e informaram sobre o comportamento deste grupo social”- Em: Os rituais de morte nas irmandades de escravos e libertos: Vila Rica, século XVIII- https://lph.ichs.ufop.br/sites/default/files/lph/files/125_juliana_lemos_lacet_-_os_rituais_de_morte0anas_irmandades.pdf?m=1525724404
Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar- São João Del Rei, MG
“Há exatos 5 anos, a Diocese de São João del-Rei acolhia Dom José Eudes Campos do Nascimento como novo bispo e pastor. O clima era de expectativa nos arredores da Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar. Uma multidão cercava o templo na tarde de sábado aguardando o iniciar da Cerimônia de Posse Canônica. Foi ao som dos sinos, buzinas e aplausos que o bispo foi acolhido pelo povo. Uma mistura de emoções e agradecimentos após o período de um ano em Vacância.
Catedral repleta, 18 bispos, centenas de padres, milhares de pessoas na área externa. Familiares e amigos. Todos, juntos, saudando o novo pastor da região são-joanense. Ao som da “Marcha da Igreja” foi dado início aos ritos de posse. Dom José Eudes subiu a escadaria da Catedral acompanhado do Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora, Dom Gil Antônio Moreira, e do bispo emérito de São João del-Rei, Dom Waldemar Chaves de Araújo. Logo na entrada, a Banda de Música Teodoro de Faria executava o Hino Nacional Brasileiro e o Hino Pontifício.
Seguindo o tradicional Rito da Igreja Católica, o bispo beijou o chão da Catedral, beijou o Crucifixo e aspergiu a si mesmo e aos presentes com água benta. Visitou a Capela do Santíssimo Sacramento, onde fez suas orações, e se dirigiu ao presbitério, onde se encontravam os demais membros do Colégio de Consultores. Ao todo foram 13 momentos vivenciados pelo bispo durante a cerimônia.
As Letras Apostólicas foram apresentadas ao Colégio de Consultores e lida, em seguida, pelo Chanceler da Cúria, Padre Adriano Tércio Melo de Oliveira. Após a leitura, Dom José recebeu o Báculo e foi conduzido à Cátedra. Foi o momento de receber os cumprimentos. Após o ato de devoção à Nossa Senhora do Pilar, foi dado a benção das Velas.
Concluindo o Rito Canônico, foi iniciado o cortejo até o Largo do Rosário. Do lado externo da Catedral, muitos aplausos e gritos do povo ao novo pastor. Nem a alta temperatura e o forte calor vindos do sol puderam afastar a população. Faixas, bandeiras de pastorais e movimentos, enfim, muitas manifestações de carinho e acolhida.“- https://diocesedesaojoaodelrei.com.br/dom-jose-eudes-completa-5-anos-como-bispo-da-diocese-de-sao-joao-del-rei/
Casa dos Bispos Diocesanos, em São João Del Rei, MG (atualmente vive lá o barbacenense Dom José Eudes)
Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos- São João Del Rei, MG
A força das Irmandades persiste desde o século XVIII. Ainda hoje, em cidades como São João Del Rei, Ouro Preto, Mariana e Sabará percebe-se alguma competição entre elas em festas religiosas, procissões, adornos e em demais aspectos.
Igreja de Nossa Senhora das Mercês, São João Del Rei, MG
Hospital Nossa Senhora das Mercês, São João Del Rei, MG
Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição- Prados–MG
A História sempre se constrói com causas e consequências; buscar fontes, investigar fatos, formar conhecimento é papel de qualquer cidadão.
Lanterna Mágica – V – São João del-Rei “Quem foi que apitou? Deixa dormir o Aleijadinho, coitadinho. Almas antigas que nem casas. Melancolia das legendas. As ruas cheias de mulas-sem-cabeça correndo para o Rio das Mortes e a cidade paralítica no sol espiando a sombra dos emboabas no encantamento das alfaias. Sinos começam a dobrar. E todo me envolve uma sensação fina e grossa.
Carlos Drummond de Andrade in Alguma Poesia (1930)
Igreja de São Francisco de Assis, frontal de Aleijadinho (no cemitério contíguo a ela encontram-se os restos mortais de Tancredo Neves)
Chafariz da Legalidade, 1855, em frente à Casa de Fundição, São João Del Rei, MG
TANTO OURO Tanto ouro retirado, tanto ouro das Irmandades Tudo aqui, Igreja Nossa Senhora do Pilar, São João Del Rei. Tanto ouro, tanto ouro...
Igreja de Nossa Senhora do Rosário e de São Benedito dos Homens Pretos
OS NEVES
Busto de Francisco de Paula Neves, nascido em 1879
A História sempre se constrói com causas e consequências; buscar fontes, investigar fatos, formar conhecimento é papel de qualquer cidadão.
Matriz de Nossa Senhora da Piedade-Barbacena
SINOS MINEIROS sinos mineiros plangem sua história tilintam seus começos sua história de ouro seu rito religioso sinos mineiros da igreja dos brasões da igreja da garimpagem da igreja da fé sinos mineiros
SINO ANÚNCIO Desce o beco entra na vila ouve o sinal. São as chamadas nove, as nove badaladas, de quinze em quinze minutos. Cada irmandade se impõe. Ouve o sinal. É breve. Entra na vila.
Igreja de Nossa Senhora do Carmo, São João Del Rei
A Conjuração Mineira vem se repetindo em muitos períodos da História do Brasil. Grupos que defendem não serem cobrados por suas grandes fortunas; grupos que delatam outros brasileiros no melhor estilo “Cada um por si”, “Na falta de farinha, meu pirão primeiro”, “Puxando a brasa pra nossa sardinha”… e poucos, como Joaquim José da Silva Xavier, pensam no coletivo, no bem de todos, na ideia de independência para o país. Um país rico em recursos minerais, em diversidade de culturas em muitos tons de peles e em biomas únicos e tão imprescindíveis para o planeta Terra.
Igreja de Nossa Senhora do Carmo, Ouro Preto
Igreja de São Francisco- São João Del Rei
Igreja Nossa Senhora da Assunção (da Boa Morte) Barbacena
Poesias: Odonir Oliveira
Fotos de arquivo pessoal: cidades históricas mineiras
A História sempre se constrói com causas e consequências; buscar fontes, investigar fatos, formar conhecimento é papel de qualquer cidadão.
TELHADOS, EIRAS E BEIRAS
No cume do sonho a liberdade No alto do monte a reflexão Saltando por bandas, perseguindo uma flama, a vez Juntando pedras e marcas a torre de um ideário libertador Telhados, eiras, beiras escondem presságios devastadores
O que nos esperará ao final dessa outra derrama?
Vídeo: ” Guardado a sete chaves: entenda as expressões da época do Império que usamos até hoje”– Canal Band Jornalismo
Os pé rapados na porta das Igrejas mineiras no século XVIII
A História sempre se constrói com causas e consequências; buscar fontes, investigar fatos, formar conhecimento é papel de qualquer cidadão.
Ponte dos Suspiros- Ponte Antonio Dias (Ponte de Marília de Dirceu), Ouro Preto, MG
MARIA DOROTÉIA DE SEIXAS, A MARÍLIA
Nos longes, a amada encantou-se com o Tomás. Aos trinta e poucos anos, o poeta a conquistou com seu linguajar encantador de mocinhas. Derrubou sobre ela, a Maria Dorotéia, seu neoclassicismo mineiro. Não fosse ela, em seus vinte e poucos anos, tão apaixonada por palavras, talvez não se tivesse deixado encantar pelo doutor egresso da Europa. Não era ele um guapo rapaz em tenra idade mais; era leitor de Rousseau, Petrarca, Virgílio, tinha gado e terras, fora juiz de fora em Beja, Portugal, e por fim, Ouvidor Geral em Vila Rica. Já Maria Dorotéia era jovem, de tenra pele e lábios vermelhos, de família tradicional de grande prestígio em terras mineiras.
Noivos estavam, quando Tomás foi degredado para Moçambique, por sua participação na Conjuração Mineira. Suas Liras seriam lidas por séculos em Marília de Dirceu. Casou-se em África, teve filhos, enriqueceu e nunca mais retornou a Vila Rica.
Maria Dorotéia perdeu o noivo, por quem estava encantada, perdeu seus versos, sua estima. Contava-se nos longes que a Marília de Dirceu morreu, aguardando ainda que o seu Tomás regressasse a Vila Rica.
Como o naturalista francês Auguste Saint-Hilaire, que chega a Vila Rica em 1817, refere-se à popularidade dos versos de Gonzaga: “Por muito tempo ainda encantarão o viajante até sob os humildes ranchos e nos lugares mais solitários”.
A História sempre se constrói com causas e consequências; buscar fontes, investigar fatos, formar conhecimento é papel de qualquer cidadão.
Cartaz desenhado no Centro Histórico de São João Del Rei- MG
ENTREGANDO O OURO MINEIRO
Vídeo: “Descubra detalhes sobre a Conjuração Mineira”– Canal Band Jornalismo
Vídeo: “Ouro do Brasil ajudou reconstrução de Lisboa”– Canal Band Jornalismo
MEU ENCONTRO COM JOAQUIM SILVÉRIO DOS REIS
AUTOR: Murillo Soares Barreto – 7ª A– 14 anos
Vou contar uma conversa, uma simples conversa, mas que mudou todo um movimento.
Lá estava eu andando pela CASA DOS CONTOS, quando avistei, ao fundo de uma sala escura, um homem. Me aproximei para ver e lá estava Joaquim Silvério dos Reis, um militar de nosso movimento. Lá estava ele, cabisbaixo. Na mão, um copo e na mesa uma garrafa de vinho quase vazia.
– Posso me sentar? – perguntei, já puxando uma cadeira.
– Claro!
– Então, Joaquim, todos já se foram e o que você está fazendo aqui?
– Bebendo, bebendo, para esquecer os problemas.
– Mas que problemas, a Conjuração vem seguindo tão bem?
– Ah, a Conjuração, a maldita CONJURAÇÃO. Mas quer saber, eu sou humano e como qualquer ser humano, tenho problemas! Todos vocês só se preocupam com esse movimento e se esquecem de que têm famílias e vidas para cuidar!
Percebi que Joaquim estava tenso. Pensei que talvez a bebida o tivesse deixado tão nervoso. Alguns minutos de silêncio e resolvi tentar descobrir o que estava havendo com ele.
– Me desculpe, talvez tenha sido inconveniente. Vou me retirar, com licença.
– Não, fique. Sinto que se eu ficar sozinho, vou acabar fazendo uma besteira.
– Então me conte o que está acontecendo, Joaquim, só assim poderei ajudá-lo.
– Ninguém nesse mundo além de mim pode me ajudar.
– Mas, talvez, desabafar, ajude.
– Pois bem, afinal não tenho nada a perder. É o seguinte: eu estava em um dilema entre a lealdade e a paz definitiva.
– Não entendo.
– Bem, tudo se concretiza assim: eu estou falido, endividado na Corte e não são dívidas pequenas, mas se por acaso eu acabasse com toda essa CONJURAÇÃO, a delatando ao Visconde de Barbacena, tenho certeza de que minhas dívidas estariam completamente quitadas.
– Joaquim, você tem consciência do que está dizendo? Se fizer isso, além do movimento, a vida de todos nós estará acabada.
– E você acha que não estou pensando nisso também?!
– Chega, não vou ficar aqui ouvindo isso. Faça o que vier em sua cabeça e o que você achar melhor. Só que se eu tiver que lutar por meus companheiros, vou lutar, mesmo que tenha de lutar contra você.
Depois de me retirar da sala, pensei que talvez tivesse sido rude demais com Joaquim, mas decidi deixar que o destino levasse tudo aquilo à diante.
A História sempre se constrói com causas e consequências; buscar fontes, investigar fatos, formar conhecimento é papel de qualquer cidadão.
”LIBERTAS QUAE SERA TAMEN”
ainda que tarde arde ainda que tarde queima ainda que tarde sofre ainda que tarde chora ainda que tarde maltrata ainda que tarde discrimina
ainda que tarde luta ainda que tarde age ainda que tarde grita ainda que tarde executa ainda que tarde corta ainda que tarde extirpa
ainda que tarde acolhe salva liberta
A Igreja Nossa Senhora do Rosário, localizada no antigo “Largo do Rosário”, mais tarde “Praça da Inconfidência”, hoje praça Dom Silvério, foi construída pelos negros escravos. Possui uma torre frontal e duas sacadas de velho estilo. Traz ainda uma cruz enorme, toda lavrada em uma só pedra inteiriça ,que denominou outrora o frontal do templo e hoje se encontra ao lado direito da Capela. Relatos históricos registram que o braço de Tiradentes está enterrado na Igreja Nossa Senhora do Rosário, em Barbacena. Seu irmão, inclusive, morava na mesma rua dessa Igreja. Em frente a ela havia um pelourinho e atrás dela um “cemitério” onde eram enterrados os escravizados. “Cinco dos principais envolvidos no movimento, incluindo Joaquim da Silva Xavier e Joaquim Silvério dos Reis, tinham ligações com Barbacena. O dono da Fazenda da Borda do Campo, José Ayres Gomes foi expulso do Brasil, teve suas terras confiscadas e morreu esquecido em Moçambique, na África. O irmão de Tiradentes, Padre Antônio da Silva Santos e o delator Silvério dos Reis moravam na vila de Barbacena. O padre, na Rua Tiradentes, o traidor, na região do Pontilhão.”–https://www.ipatrimonio.org/barbacena…
RADIONOVELA- LIBERDADE MINEIRA CENA III – CAPÍTULO XV AUTOR: Antonio Bastos do Vale – 7ª C- 14 anos
(A cena passa-se em 1774, em Vila Rica, Minas Gerais, na casa de Cláudio Manuel da Costa. São oito da noite)
Cláudio: Querida, mande as escravas aprontarem logo o jantar que nossos convidados já estão para chegar.
Juliana: Mas quem você chamou, afinal, Cláudio?
Cláudio: Ora, nossos grandes amigos: Marilia, Dirceu, Maria Dorotéia e Tomás Antonio Gonzaga.
Escrava: Senhora, os convidados chegaram.
Cláudio: (apressado) Depressa, Juliana, vá receber os convidados e diga que estou esperando na sala de visitas.
Juliana: (sorridente) Amigos, há quanto tempo! Boa noite, Tomás. Como é que vai? Oi, Marília. Cláudio os está esperando na sala de visitas.
Cláudio: (contente) Amigos, como vão? Por favor, vamos jantar?
Marilia: Eu e Juliana temos muito que conversar.
Maria Dorotéia: É temos que colocar a conversa em dia.
Cláudio: E como estão indo as coisas para você, Tomás?
Tomás: Como sempre, dando duro e os portugueses roubando mais que podem.
Maria Dorotéia: É mesmo, estão cobrando impostos demais. E altíssimos.
Marília: Só falta eles cobrarem impostos de nossas roupas íntimas!
Cláudio: Eu não duvido nada. Do jeito que esses portugueses são, eles seriam bem capazes disso.
Tomás: Se algum dia alguém se rebelasse contra o Governo de Portugal, eu certamente estaria do seu lado.
Cláudio: Eu seria capaz de arriscar a minha vida pela liberdade.
Juliana: (irritada) Pare com isso, Cláudio, e vamos jantar em paz.
Acabado o jantar…
Maria Dorotéia: O jantar estava ótimo, Juliana.
Marília: Precisamos nos reunir mais vezes
Cláudio: Até mais, amigos.
Tomás: Foi um prazer.
Juliana: (cansada) Eles já se foram embora. Vamos dormir, Cláudio.
Cláudio: (sério) Mas sinceramente, Juliana, daria a minha vida pela nossa liberdade.
Juliana: (sonolenta) Vamos dormir, por favor, Cláudio.
Vídeo: Canal Jornal Minas
Os Autos da Devassa da Inconfidência Mineira, em sete volumes, sob guarda do Arquivo Público Nacional, contêm documentos detalhados do que foi apurado pelos governantes e a justiça da época, o envolvimento de distintas figuras do clero, das forças militares e da governança dos idos de 1789. Dentre os presos e condenados que somam quase duas dezenas de pessoas, além de outros que sequer foram ouvidos perante o tribunal, se destacam:
[…]
Na comarca de Rio das Mortes, área que envolvia também a Borda do Campo: Joaquim Silvério dos Reis, Inácio José de Alvarenga Peixoto, Bárbara Eliodora Guilhermina da Silveira, Carlos Correia de Toledo e Melo, Luís Vaz de Toledo Piza, Domingos Vidal Barbosa Lage, Francisco Antônio de Oliveira Lopes e José Ayres Gomes.
Em, História de Nossa Terra III: Os Inconfidentes da Borda do Campo, Por Silvério Ribeiro