INTERTEXTUALIDADES DE MÃOS QUE SENTEM
Durante mais de 10 anos, recebia revistas que minha filha me levava, publicitária que era, nas quais depositava meus sonhos. Olhava por horas e horas aquelas revistas, as ideias que traziam, as belezas que expunham, particularmente as coloniais, as costuras, os reaproveitamentos de materiais, os garimpos de objetos, a ressignificação de objetos… Assim, fui aprendendo a costurar meus sonhos, aos poucos, com o que já possuía e a edificar o que queria. Fiz muito daquilo que aprendi nas revistas (Meu irmão Odecio costumava dizer, já em SP, que minha casa era uma galeria). Hoje, sento-me no chão com as mesmas revistas nas mãos, olho ao meu redor, e constato que já realizei muito do que aprendi com aquelas revistas todas. E com um mérito maior: com as minhas mãos, com mãos que sentem.
A intertextualidade é a presença textual de elementos semânticos e/ou formais que se referem a outros textos produzidos anteriormente. Ela pode se manifestar de modo explícito, permitindo que o leitor identifique a presença de outros textos, ou de modo implícito, sendo identificada somente por quem já conhece a referência.
Por meio dessa relação entre diferentes textos, a intertextualidade permite uma ampliação do sentido, na medida em que cria novas possibilidades e desloca sentidos. Desse modo, ela pode ser utilizada para melhorar uma explicação, apresentar uma crítica, propor uma nova perspectiva, produzir humor etc.
Intertextualidade explícita
A modalidade explícita é aquela em que fica claro para o leitor a referência que o autor está utilizando em seu texto.
Um exemplo são as citações, que, em geral, são marcadas pelas aspas. Dessa forma, estabelece-se uma relação direta e nítida com o texto-fonte.
As principais característica dessa categoria são:
- Fácil identificação da intertextualidade por parte do leitor;
- Não necessidade de conhecimento prévio;
- Relação direta com o texto original.
Intertextualidade implícita
Em contrapartida, a modalidade implícita é mais sutil. Ela envolve uma referência indireta ao texto-fonte, o que exige do leitor uma bagagem cultural maior para compreender a relação entre os textos.
EXERCÍCIOS DE CRIAÇÃO DE TEXTO: Para quem deseja ampliar, diversificar a sua produção de textos – inclusive os poéticos – é interessante fazer exercícios de escrita; sabe aquelas séries da academia para exercitar os músculos? Então, algo similar, mas com o cérebro, com a emoção, com a degustação das palavras. Durante muitos anos em salas de aulas, motivei meus alunos a escreverem, a exercitarem com certa regularidade as mais diversas formas de intertextualidades. Quanto mais se escreve, mais se amplia a diversificação de formas e conteúdos, sem contar que para haver intertextualidade há que haver leituras, bagagem cultural anterior etc. É uma ótima forma de ”novos escritores” se encantarem com suas produções. Existem pelo menos 10 tipos de intertextualidades: citação, paráfrase, alusão, tradução, bricolagem, epígrafe, paródia, pastiche, crossover, hipertexto. Leia mais sobre Intertextualidade em: clubedoportugues.com.br/intertextualidade/
Aqui no blog há muitos exemplos de intertextualidades, produtos de meus exercícios de leituras e escritas. entre eles ‘‘As flores e a náusea”– https://poesiasdemaosquesentem.wordpress.com/2021/09/26/as-flores-e-a-nausea/ –“Exílios” – https://poesiasdemaosquesentem.wordpress.com/2021/05/15/exilios/
Texto: Odonir Oliveira
Fotos de arquivo pessoal
Vídeos:
1- Canal Aracy de Almeida – Tema
2- Canal Biscoito Fino