“Hoje eu tenho apenas uma pedra no meu peito, exijo respeito não sou mais um sonhador. Chego a mudar de calçada quando aparece uma flor. E dou risada do grande amor …” Chico Buarque
Post dedicado à minha filha, uma lisboeta chicólatra desde sempre.
CHICO, CHIQUINHO
Viveste antes de mim as ruas do Rio nove anos antes te conheci depois quando eu já sabia ler quando chegaram os festivais da canção quando guria despertava para as paixões teus olhos, tua presumida timidez tudo era sonho em ti fui aprendendo a ler o mundo tua ajuda foi imprescindível seguimos
CHICO, CIDADÃO BRASILEIRO
menina-moça tola, alienada, romântica Chico vai dando os tons é poesia é fantasia é país é nação vai poetizando o ar musicalizando os tempos vai com a lírica feminina vai com a lírica da democracia vai com as mãos dadas a nós aqui na Itália o amor pela companheira as parcerias com os amigos as dores e fragilidades humanas em si, em nós seguimos
CHICO, AMOR CONTEMPORÂNEO
Homem explícito homem verdadeiro um amor de cada vez pai de seu tempo avô de seu tempo companheiro dos parceiros companheiro das parceiras coerente com seu discurso amoroso político social democrático Chico romancista Chico teatrólogo Chico autor infantil Chico das trilhas sonoras inesquecíveis filmes, espetáculos de dança musicais, óperas Chico operário Pedro Pedreiro da cultura nacional na Construção, sempre como se fosse a última leitor admirável lançando cantores, músicos Chico, um ser humano maior que Fernando Pessoa maior que Camões …
Em tempo: Lembro-me de um episódio em que Chico caminhando na praia, como gosta de fazer sempre, bermuda, camiseta e boné, foi interpelado de forma ”veemente” e insistente por uma mulher que gritava pra ele frases de plateia assediadora. Respondeu, mais ou menos assim, me respeite, moça, sou um senhor de idade. O que demonstra que sabe viver de forma coerente com a idade que tem. Outra vez, minha amiga voltava ao Brasil e no aeroporto ficou frente a frente com Chico no balcão de um café. Apenas cumprimentou-o, sem alarde, sem exageros, sem selfie, porque Chico merece respeito por sua obra e por sua vida.
Post editado de publicação em 27 de outubro de 2019
Escolheu entrar no bloco TIRANDO A MÁSCARA. Tratava-se de um bloco formado em princípio por moradores das casas terapêuticas ( os chamados doentes mentais.) Era muito importante no movimento antimanicomial a inclusão de todos os ditos pacientes com os ditos normais. Cantou Caetano que “De perto, ninguém é normal”. Agradou-se de participar do bloco. Separou algumas máscaras que tinha. Usaria.
Pensou naquele homem que lia todas as noites as postagens no seu blog. Sempre as mesmas, como se lhe mandasse recados pela nuvem, num jogo de diz que disse, mas não disse. Aprendera antes que manter sentimentos de pessoas em suspensão, com gestalts interrompidas, enlouquece. Ou já é coisa de gente doida mesmo. Quanta falta de coragem de se comunicar, de se identificar, quanto medo de ser o que era. Sementes das loucuras sociais, jogo em fraturas expostas, impostas. Jogo virtual, impessoal, camuflado, cabotino, atrás de máscaras. Então, fez analogias simples. Sairia naquele bloco com gente de carne e osso, com gente marcada por dores e cicatrizes, mas sobreviventes. Estaria de máscara de carnaval apenas, sem camuflagem, com todos sendo o que eram e como eram.
SUAVE É A NOITE É tão calma a noite … Entro na revenda de mudas e caminho entre corredores de verdes e perfumes. Absorvo, absorvo, absorvo. Entorpecimentos uns, entorpecimentos outros. Correm por corredores uns garotos de 10, 12 anos, atrás deles o poeta compositor de Leãozinho e a esposa. Tumulto, nada de tietagem, meninos correndo, fascinados com tantas cores, com tantos tons de verdes, com tantos perfumes. Observo, sem me aproximar. Aprecio com reverência extrema aqueles arrulhos juvenis. Depois é ele que se aproxima, vem assobiando Que tal um samba? Sai no corredor, onde eu estava meio escondida, me reconhece. Falamos palavras poucas, mas seus olhos verdes – mais que azuis naquela tarde – eram de lirismo puro. Falamos poucas palavras, talvez tivéssemos lido versos em nossos pensamentos. Aperta-me em si, com a certeza de que eu lhe penetraria o ser único. Beija-me a boca com a intimidade de quem me conhecesse há décadas, de quem me soubesse em verso e prosa por uma vida inteira. Sua boca ainda está em mim, meu grande AMOR.
A beleza da arte é quando ela se confunde com o real – Óleo sobre tela do artista plástico Alfredo Vieira, de Lagoa Santa, MG
SUAVE É A NOITE É tão calma a noite … Entro na revenda de mudas e caminho entre corredores de verdes e perfumes. Absorvo, absorvo, absorvo. Entorpecimentos uns, entorpecimentos outros. Correm por corredores uns garotos de 10, 12 anos, atrás deles o poeta compositor de Leãozinho e a esposa. Tumulto, nada de tietagem, meninos correndo, fascinados com tantas cores, com tantos tons de verdes, com tantos perfumes. Observo, sem me aproximar. Aprecio com reverência extrema aqueles arrulhos juvenis. Depois é ele que se aproxima, vem assobiando Que tal um samba? Sai do corredor onde eu estava, meio escondida, me reconhece. Falamos palavras poucas, mas seus olhos verdes, mais que azuis naquela tarde, eram de lirismo puro. Falamos poucas palavras, talvez tivéssemos lido versos em nossos pensamentos. Apertou-me em si, com a certeza de que eu lhe penetraria o ser único. Beijou-me a boca com a intimidade de quem me conhecesse há décadas, de quem me soubesse em verso e prosa por uma vida inteira. Sua boca ainda está em mim, meu grande AMOR.
“A beleza da arte é quando ela se confunde com o real – Óleo sobre tela do artista plástico Alfredo Vieira de Lagoa Santa, MG”– Imagem extraída do Facebook CONHEÇA MINAS