DOCE NA BOCA
faço doces como quem pinta
faço doces como quem dança e canta
faço doces como quem faz versos
faço doces como quem faz amor
seleciono as frutas
escolho as mais doces e coloridas
sinto seu cheiro com um gozo especial
cozinho seu sabor em banho-maria
em tachos, gamelas
perfumo cadinhos de especiarias sensuais
a cada colherada
mexo devagar
aguardo apurar
provo paladares
antes
depois
faço doces como quem faz amor
MULHERES E DOCES
Costumam dizer que são as mulheres que gostam de doces. Denunciam que são assim para suprir carências afetivas e que para confirmar isso basta se parar na frente de uma confeitaria, de uma delicatessen que lá estarão só mulheres. É, pode ser.
Adoro doces, por isso sinto tanta falta das confeitarias especiais paulistanas, repletas de tortas de morangos, bolos de nozes… camafeus, bombas de creme, de chocolate… Já cheguei a sonhar com elas.
Tenho um amigo em São Paulo, bastante formiga, que sempre lamenta estar longe daqui e não poder desfrutar do que faço e ofereço a eles no Facebook, por exemplo. Meu irmão mais velho era muito apaixonado por doces também.
Fumantes geralmente perdem bastante o prazer dos doces na boca. Para elas tanto faz tanto fez.
Eu invento, modifico receitas, aproveito o que tenho em casa, substituo e adoro ter um bolo para acompanhar o café da manhã, um sorvete à tarde… Outro dia havia umas nozes e umas passas escuras restando do Natal… fiz com elas pés-de-moleque, então.
Creio que tudo com sabor é bem melhor, sejam doces, bebidas… qualquer coisa.
Mulheres e doces. Mulheres doces. Doces de mulheres. Semântica.
Poesia e texto: Odonir Oliveira
Fotos de arquivo pessoal
Vídeo: Canal Jerry Adriani- Tema