Drª Maria da Conceição atua nas relações entre casais; tem mais de 60 anos, fez inúmeros cursos acadêmicos no país e no exterior; viveu 3 casamentos, muitos namoros e ouve por mais de duas décadas pessoas em suas relações amorosas.
Esse é o meu trevo de 4 folhas, cuja mudinha tem mais de 15 anos. Quando penso que ele já nem existe mais, surge firme e forte. A natureza com suas metáforas estruturantes.
OPACIDADES (IN)VOLUNTÁRIAS
A doença machismo apresenta muitos sintomas e, diferentemente de outras, não pode ser tratada com homeopatia; é preciso extirpar o cancro, desde os primeiros sinais, inclusive o da traição, que é um machismo atávico.
Era menina linda, loira, altíssima, o maior par de pernas do mundo, tinha sonhos de vencer, de ser dona de seu patrimônio, de ter poder. Aos 16, encontrou no namorado mais velho que ela a emancipação através do casamento. Havia nela, além do tamanho das pernas, um tamanho desejo de possuir bens, propriedades… poder. Casaram-se.
O dono da família regia com uma batuta pouco afetuosa as necessidades de Lia. O produto final era vultoso, cresciam em ritmo frenético. Quis ser mãe lá pelos vinte e poucos, ele não quis. Atropelaria seus planos no volume do capital. Pelos trinta e poucos consentiu na gravidez da mulher. Patrocínios, imagem de família linda, publicidade garantida, confirmada. Boneca de vitrine, de repente pode se transformar em espantalho, em grilo falante, em boneca de ventríloquo com voz própria. Não interessava mais. Atos violentos, gestos violentos, subjugada aos seus desejos e a suas ações patriarcais. Era como se lhe cobrasse, com juros altíssimos, por aquela reserva de mercado, pela qual já nem dava mais conta de cuidar. Casos extras, machismo atávico, domínio pela força mais do que pela inteligência ou pela sensibilidade, duelos sufocados do conhecimento público, privacidade nas questões de Mercado, nada poderia prejudicar os negócios. Silêncio, mudez, angústia.
Sem se conter mais com as cobranças de Lia, o ser machista, empoderado socialmente, dono da palavra e das narrativas, agrediu-a fisicamente com mais vigor ainda, com maior poder ainda, com a chancela de dono do produto a ser vendido.
Lia, lia bastante a respeito, mas sem reflexão, sem ligar o nome à pessoa. Lia leu os fatos. Lia denunciou o ser machista.
A doutora Maria da Conceição acompanhou pelos jornais a reação de Lia e acreditou que havia ali um estímulo às outras Lias que também liam, mas não refletiam, não ligavam o nome à pessoa.
“A medida protetiva de urgência, prevista na Lei Maria da Penha, é uma ferramenta legal destinada a proteger mulheres em situação de violência doméstica e familiar.
Concedida em casos de risco à integridade física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral da vítima ou de seus dependentes, permite impor a distância mínima entre a vítima, seus filhos e o agressor, além de outras medidas de proteção.
A solicitação da medida protetiva pode ser feita em qualquer delegacia após o registro de um boletim de ocorrência, onde também podem ser requisitados exames periciais.
Após o registro, a polícia encaminha imediatamente o pedido ao juiz, que tem até 48 horas para atender à notificação. Em cidades menores, a autoridade policial pode emitir a medida, sendo ratificada pelo juiz em até 48 horas.
Em abril deste ano, o presidente Lula sancionou mudanças na Lei Maria da Penha, permitindo a concessão imediata de medidas protetivas no momento da denúncia, sem depender de inquérito policial ou processo.” – DCM
Leia aqui no blog: Maria da Conceição- terapeuta de casais I- https://poesiasdemaosquesentem.wordpress.com/2023/10/16/maria-da-conceicao-terapeuta-de-casais-i/
Maria da Conceição- terapeuta de casais II-https://poesiasdemaosquesentem.wordpress.com/2023/10/19/maria-da-conceicao-terapeuta-de-casais-ii/
Texto: Odonir Oliveira
Vídeo: Canal Instituto Piano Brasileiro