Como se criam e se descobrem as habilidades em cada um de nós no caminho das escolhas profissionais. Como trabalhar e, com dignidade, se sentir construindo algo. Ivan Lins sempre fez isso. E teve que escolher entre ser engenheiro químico e compor e cantar. A decisão aconteceu em Barbacena, MG, quando nos anos de 1970, já depois de ter ganho o Festival da Canção com “O amor é meu país” e tido “Madalena“, gravada por Elis Regina, o jovem com pós-graduação e estudos aplicados ao cimento, desistiu de tudo, na Cimentos Barroso, para onde seria contratado e teria uma carreira em ascensão na engenharia, cita isso em 34′ nesse vídeo, que é excelente, pois explicita a política dos direitos autorais, por que artistas ainda precisam fazer inúmeros shows, mesmo aposentados etc. Ivan Lins é um homem ultra sensível, que se mostra frágil, inseguro e se expõe em sua maturidade. INESQUECÍVEL mesmo!
SESSÃO DE CINEMA: Aprender e agradecer por poder aprender. Tenho visto muita gente no Youtube, sem conteúdo, até quando filmam com drones, sem agregarem nenhuma forma de informação que favoreça à busca do conhecimento. É pena que não se use a Internet para difundir conhecimento. Conclamo os jovens a se preparem melhor, a se informarem em busca do conhecimento.
O patriarcado fundante e as religiões estruturantes cristalizaram nas mulheres (e em grande parte dos homens também) um rochedo que dificilmente poderá ser escalado e vencido. No entanto, há mulheres que se libertaram, naturalmente, de certos processos sociais cristalizados.
NICE, UMA MULHER NATURAL
Nice era de mato, embora não soubesse disso nunca. Não se tratava de uma sabença ensinada por escola, aula ou universidade. Era sabença de vidas anteriores, de encontro com lagos, rios, cachoeiras e árvores. Nice era assim, de mato. Por ser de mato, não aceitava cerca no roçado, tormentas de estiagem, nem agressões de agentes exteriores nem de pesticidas. Era natural. Natural na cor da pele, na cor dos cabelos, na cor dos dentes, nos pelos todos que lhe cobriam derme e entranhas. Amava. Amava o mato, amava os pássaros, amava as flores, amava os filhotinhos de todas as espécies, amava crianças, amava homem da terra. Amava homem que cheira a homem, com cheiro natural de homem, mãos naturais de homem, cabelos naturais de homem, tato natural de homem. Gostava de gorjeio e de cantorias de pássaros. Perdia manhã, ganhava tardes, bebia noites nos gorjeios deles. Sentava na pedra, escutava o vento, namorava o rio.
Nice não era mulher de correr picadas pra caçar. Pra caçar animais, pássaros e homens. Tudo era lento, tudo era doce, tudo era fruta que amadurece no pé, sem forçar colheita. Nice gostava de ir descobrindo as plantas que não conhecia, as flores que nunca vira, os rios que nunca tocara, os homens que, incomuns, acreditava devessem ser percorridos, das margens, o curso, a nascente, a foz. Nice era lenta. Modelo antigo, desatualizado. Talvez necessitando de funilaria e pintura para olhos mais cobiçadores e exigentes. Mas sempre manteve o motor bom. Motor de jipe, daqueles antigões, que pouco se tem hoje por aí. Até se encontra, mas com outros layouts.
Nice migrou. Como as aves de arribação. Descobriu suas asas e compreendeu que era de mato. Trocou de pele, rompeu casulo, deixou capa e casca. Voou. Bateu de frente com sapos que ainda preferem rãs coaxando noitedia, noitedia em lagos lamacentos, por livre escolha. Viu. Bateu asas, foi uma, duas, três vezes ver os rios, os lagos, as matas distantes. Bateu, bateu, bateu. Porta na cara com violência jamais sentida com o vento na cidade grande. Lutou uma, duas, três vezes. Lutou com asas, lutou com o dorso, lutou com o verbo, lutou no porto. Nunca antes houvera luta tão inglória, tão belicosa, tão sangrenta. Feridas nas mãos, enxurradas de lágrimas, cachoeiras de maus tratos, infinitas lufadas de pedras pelas costas, nas costas, nas pernas, no coração.
Nice é mato. Nice ama, ama, ama, ama. Nice ficou sem energia para as lutas, talvez porque já nem se sinta mais com forças, nem queira continuar nas lutas. Nice aprecia o amor de braços, abraços, beijos, afetos, afagos e amorosidades. Nice aprecia bicho e gente do mesmo modo, com a mesma intensidade. Por ser de mato – e agora com sabença confirmada – gosta de vaga-lumes, bem-te-vis e beija-flores a amando no arredol. Prefere que venham até ela, cheguem pelas noites como estrelas, perfumem suas noites como flores, penetrem em seu coração com pés delicados. Nice ama, ama, ama. Nice não correrá atrás de migalhas que lhe atirem os pombos. Nunca mais. Nice ama, ama, ama. Nice bebe água de cachoeira, viaja na poeira vermelha, grava na memória o canto de pássaros desconhecidos, flores desconhecidas, veredas desconhecidas. Nice tem o peito dolorido, machucado, pisoteado, precisa ser abastecido de amor, carinho, carícias e atenções. Nada a menos que isso pode trazer gozo à Nice.
Nice, cansada, aguarda que aquelas maritacas companheiras confiram mais cor aos seus dias.
Vem cantar e se encantar com os Povos originários guarani Tenondé Porã, de Parelheiros, São Paulo. (repara no cãozinho ao centro, como se sente bem ali.)
Liderança feminina: esclarecendo conceitos equivocados/errados difundidos sobre a tradição guarani.
Fotos de arquivo pessoal: Instituto Rouanet, Tiradentes, MG
Costumam dizer que são as mulheres que gostam de doces. Denunciam que são assim para suprir carências afetivas e que para confirmar isso basta se parar na frente de uma confeitaria, de uma delicatessen que lá estarão só mulheres. É, pode ser.
Adoro doces, por isso sinto tanta falta das confeitarias especiais paulistanas, repletas de tortas de morangos, bolos de nozes… camafeus, bombas de creme, de chocolate… Já cheguei a sonhar com elas.
Tenho um amigo em São Paulo, bastante formiga, que sempre lamenta estar longe daqui e não poder desfrutar do que faço e ofereço a eles no Facebook, por exemplo. Meu irmão mais velho era muito apaixonado por doces também.
Fumantes geralmente perdem bastante o prazer dos doces na boca. Para elas tanto faz tanto fez.
Eu invento, modifico receitas, aproveito o que tenho em casa, substituo e adoro ter um bolo para acompanhar o café da manhã, um sorvete à tarde… Outro dia havia umas nozes e umas passas escuras restando do Natal… fiz com elas pés-de-moleque, então.
Creio que tudo com sabor é bem melhor, sejam doces, bebidas… qualquer coisa.
Mulheres e doces. Mulheres doces. Doces de mulheres. Semântica.
Comédia– Assisti, dias atrás, a essa comédia que tem uma temática muito interessante: a narrativa nasce da leitura de um livro e reúne amigas de muitas décadas, depois de diferentes trajetórias de vida, seguindo em frente juntas. Um elenco com atrizes lindas, ainda, que resgatam conceitos e reflexões muito válidas sobre o viver, a velhice, sonhos e realizações.
Jane Fonda, Candice Bergen, Diane Keaton, Mary Steenburgen
EFEITO BBB, EFEITO SANDY
Converso com uma profissional da área da beleza que me diz que tem muita dificuldade com leitura. Chega a sentir sono lendo. Não entende muito bem o que lê, se distrai, quando percebe já está com as ideias muito longe dali. Sugiro algumas estratégias e alguns passos para mudar isso.
O jovem trabalhador do supermercado diz que gosta de poesia. O que lê? Essas coisas que postam nas redes sociais.
O publicitário sessentão escreve que gosta é de imagens no Instagram.
Ler exige muito silêncio, muita concentração e isso é o que menos temos hoje – diz o homem já desistindo das leituras.
Ouvi de um editor numa Feira Literária no ano passado que certa obra da literatura clássica havia disparado em vendas no país, era o efeito Sandy, cujo marido mencionara ter decidido pela separação, após a leitura do referido livro.
Li hoje que foram proibidos livros no BBB. Antes eram permitidos. É, livro pode tirar a atenção dos leões.
“Damnatio ad bestias (em latim por “condenação a bestas”) era uma forma de pena capitalromana na qual a pessoa condenada era morta por animais selvagens, geralmente leões ou outros felinos. Essa forma de execução, que chegou à Roma antiga por volta do século II a.C., fazia parte da classe mais ampla de esportes de sangue chamada Bestiário.
O ato de damnatio ad bestias era considerado entretenimento para as classes mais baixas de Roma. O assassinato de animais selvagens, como os leões-do-atlas, fez parte dos jogos inaugurais do Anfiteatro Flaviano, conhecido como Coliseu, em 80 d.C. Entre os séculos I e III d.C, essa penalidade também foi aplicada aos piores criminosos, escravos fugitivos e cristãos.”