pentakósia centum quinque quinientos cinq cents cinquecento
grego latim italiano francês espanhol línguas mães línguas irmãs línguas parceiras línguas formadoras olhos sensíveis ouvidos cúmplices mãos que sentem
500 gritos 500 alívios 500 prazeres 500 gozos
em cada um desses 500 fornadas de versos baciadas de prosas cestas de flores ramalhetes de cores dores de amores
POEMAS SEM ALMA
o amigo leitor o amigo poeta o amigo virtual lê versos de A a Z reclama da falta de ânima suscita a dor, a mágoa, as feridas impele o suco nos versos ”não vejo alma aí”
há um pudico recolhimento há um esconderijo há uma dialética o que é público o que é privado
Pessoa conta ”Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda; Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel’‘
Janis Joplin canta ”não ter vergonha de se expor não ter vergonha de se mostrar”
Nem tudo que escrevo entrego. Há versos que guardo.
DIA DA CRIAÇÃO
O chão a terra o céu elementos primeiros elementos sólidos alimentos físicos.
A palavra a voz a vez elementos seguintes elementos consoantes alimentos constantes.
A luz a cor a pele do gosto do molho do dorso encantamentos de elementos encantamentos em tempos encantamentos em espaços. Passos
vozes internas em cores vozes internas em versos
FLORAÇÃO
Na rota, um porto Na reta, um ponto insípido inóspito infértil
No tronco, uns galhos Nos galhos umas folhas secas opacas estéreis
Alma no trajeto Curvas no caminho amargo Gotas de perfumes Pingos de cores Chuvas de flores fertilidade,sedução produção Poesia Caminhos doces então.
VERSOS ÍNTIMOS
Nem tudo que escrevo entrego. Há versos que guardo. Há versos que são presentes únicos a cofres únicos. Há versos que me aturdem sem trégua. Há versos que andam comigo por passeios matinais. Há versos intrusos que engasgam meu sentir como pedras nas picadas estreitas. Há versos que colidem com meu ir e vir de chicote e rédeas. Há versos que não serão escritos. Há versos que não serão lidos. Há versos impublicáveis. De minha intimidade gozam poucos. Bem poucos. Talvez apenas os versos.
Obrigada pela companhia, leitores. Quando me leem – confesso – sinto também suas mãos me afagando os ombros, os cabelos, apertando-me num gostoso abraço. Obrigada.
Hoje pode ser um dia de poesia. Há aqueles que veem a vida com poesia, todos os dias. Hoje tem lua cheia. Haverá os que nem se darão conta disso. Mas quem vive em poesia a estará namorando, fará dela fotos e até … poemas.
BONINAS MENINAS
A filosofia fugiu a história fugiu a lógica fugiu pensamentos vãos sentimentos vazios rochas arrumam o rumo vales, serras, montes campos em espaços uns cores em tardes outras menina bonina estética de cor em flor mistura de ar e vento nas mãos doce voz de estio menina bonina colar de nuances nos olhos recolho todas na cesta da minha memória enquadro-as emolduro-as registro sua graça duas três cores na mesma bonina maravilhas menina bonina ternuras no olhar
FLORES DO CAMPO
Caminho, encontro flores do campo, que lindas, amarelas selvagens, róseas-vermelho-alaranjadas, germinadas vadias, florescidas ao léu, alheias a cimento, areia, pedras.
De pouca água de sarjeta, De muito sol avassalador, alimentam-se, robustas coloridas selvagens.
Livres, esparramam-se por aqui, ali, acolá.
Sem perfume.
Colho-as, que lindas, Quero-as minhas. Carrego-as em meu regaço Mãos quentes Olhos vigilantes Caminho Tropeço Caminho Apressadamente Sofregamente adonadamente.
Minhas, sem perfume. Minhas.
Aperto-as, Que minhas.
Ao final do caminho, sem vida, sem viço, sem beleza.
Sem perfume.
Mortas. Minhas.
BARCOS E FLORES DO CAMPO
De nuances originais barcos repletos de flores anseiam por movimento de águas de ventos de perfumes de enleios
barcos vozes sonhos noites certezas noites seguranças madrugadas poéticas sopros de ar dos céus mãos segurando rostos ora em nascente ora em foz
terras distantes abraçam os barcos recolhem-nos acariciam-lhes sob a luz das estrelas e descobrem, por nuvens errantes qual velas berrantes, que nos barcos desconstruídos ainda pulsa o ritmo da corrente do rio ainda pulsa o som das águas nas pedras ainda pulsa o perfume das flores do campo.
Assim como conchas carregam o barulho do mar.
Encontrar flores do campo pode ser trivial demais. Entretanto há que se saber olhá-las, detalhadamente, sem pressa. Há nelas sempre uma simplicidade que pode ser confundida com algo de pouco valor, de pouca cor, sem perfume. Há que olhá-las bem, posto que se alimentam de quase nada: de uma água fortuita, de uma terra imprevisível, de um olhar especial.
DE OLIVEIRAS
há troncos rijos há troncos milenares há raízes fincadas em nós há um azeitar de olhares e de horizontes longínquos há um devir incontestável há um verde insubstituível há um aroma de terra lusa há um aroma de terra negra há um misto de lusos e de negros em oliveiras há mastros de mares distantes há naus à deriva sem portos sem pousos há o monte das oliveiras há um óleo de ungir dores
nas mãos dela, ele na foto nas nuvens, ele na imagem no apito longe, ele no espectro na mata densa, ele no rumo na noite escura, ele no lume um cheiro de homem um gosto de sal uma pele acre um rodopio breve o disco a capa o trompete ele ela
1968
O bar da Maria Antônia, cheio. Dirceu tem barba, bigode, rosto de menino do interior paulista. E carrega nos erres. Demais. Marília o observa, faz tempo. Tem fome dele. Fome de ouvir aquele discurso embasado, aquelas leituras refletidas, aquelas vontades de mudanças. Há um desejo no corpo, nos pelos, na boca, nas mãos.
Chegam perto. Depois mais perto. Marília confirma na cartela de pílulas se havia tomado a do dia. Vai. Entram no ap. de Dirceu e de mais quatro. É início de noite. Beijam-se. Ninguém mais ali. Ninguém mais ali? Marília, mulher de seu tempo, tira a mini-saia, desabotoa a blusa de bolinhas. Ele fuma e a observa. Prende os cabelos com um elástico, desses de notas, e o beija no peito, na nuca, nos cotovelos, nos bicos dos peitos. Ele fuma e observa. Marília desabotoa o sutiã de bojo. Tinha seios pequenos. Dirceu retira o resto de roupa que lhes restava. São um. Fazem a revolução do corpo.
No dia seguinte, Madalena, a Madá, começa a frequentar o ap. de Dirceu. Era espiã. E ele se valendo da fama, com amigos, ”era a mais comestível de todas, libertária, livre, fumava maconha, bebia vodca – não apenas a cerveja das outras”. Ela ”comeu” todas as outras e o Dirceu também. Depois entregou-o à OBAN.
UM POEMA DE AMOR
Ah, que demorem essas noites a chegar, que fiquem as tardes, congeladas, com o ardor de seus beijos, que permaneçam em meu dorso seus toques firmes que em meus ouvidos cristalizem-se suas palavras todas que seu rosto, como um som, repercuta em meu colo que suas mãos cálidas entorpeçam minha voz incapaz que seus pés se sobreponham aos meus como se me sustentassem a alma que seus braços me envolvam com ternura e firmeza como um laço que sua boca nada mais diga a não ser sussurros e apelos de ais que seus olhos se fechem a apenas enxergar sabor em mim que seus encantos estrangeiros e únicos não se percam com o escurecer que sua língua armazene senhas de contato insubstituíveis que seus dedos deslizem como seda no percurso de mim que suas delicadas e sensíveis marcas se descubram por mim que eu possa escurecer, com você, à chegada da primeira estrela.
1978
Dirceu foi para o exílio. Sumiu. Marília não soube mais dele. Agora engajada na luta por eleições, conhece o Zé, no bar do Zé. Maria Antônia cheia. Manifestações explodindo por todo lado. Quer votar. Querem votar. Colagens nos postes, panfletos no metrô, caminhadas na Universidade, canções de protesto, censura, violência, desaparecimentos, mortes. Zé engravida Marília. Culpa dela que não tomou a pílula. Libertária, livre, fazia amor apenas com Zé. Zé dizia que nunca exigiu isso. Zé fazia sexo com metade do alfabeto do livrinho das companheiras. Não era de responsabilidade dele que alguma engravidasse. Propunha então, livres que eram todos, um aborto. Assim, Marília fez 1 e depois mais outros 2. Seguiam na luta pelas causas solidárias, pela igualdade, pela fraternidade.
BLOCO DURO
missa na catedral corpo pendurado corpo exilado corpo seviciado corpo sumido corpo meu corpo teu corpo nosso corpos nisso. imagens distorcidas vozes sufocadas portas lacradas estupor angústia fel vinagre dominicanos dor. bloco na rua blocos nas ruas vielas becos travessas melodias amordaçadas sonhos torturados medos.
1984
Mais de 1 milhão. Cinelândia. Candelária. Dirceu continua fora. Não se sabe dele. Marília segue o curso normal de evolução. Compra na barraquinha do partido, bottons. Prefere aquele que num espelhinho registra ”Não há socialismo, sem feminismo”. Alfineta na camiseta esse e mais outros três. É livre. Gosta de fazer escolhas, não deixa que lhe construam a narrativa. Se quiser, transa. Se quiser, engravida. Se quiser, muda de emprego. Se quiser, bebe vinho ou cerveja ou refrigerante. Não segue a macrô, tão modinha. Não se torna vegetariana. Não transa sem se proteger. E ama aos potes. Quer amar, fazer sexo não é essencial. Mas amar sim. Sabe o que quer do sexo, quer sentir-se bem. Não vai na onda de ” todo mundo é de todo mundo; ninguém é de ninguém”. Quer mais. Difícil encontrar o Dirceu. Continua vendo revolucionários que adoram mulheres liberadas que não lhes solicitem quaisquer responsabilidades ou compromissos com o ser. ‘‘Mulher tem muitas. Mulher é tudo igual”.
Participa do ato público. Sente uma EMOÇÃO ENORME. Lembra de Dirceu. Estaria vendo aquilo também? Como seria Dirceu na volta? Porque ele vai voltar. A anistia vai acontecer já-já. Vem, Dirceu.
BLOCO DOS FAMINTOS
fome ignorância seleção cruel hipocrisias benesses ortodoxias sociologias torpes. Crescer o bolo depois repartir. Mobral, madureza, por décadas seca nomadismos exílios marginalização discriminação por séculos. Céu sem estrelas.
1992
Marília reencontra seu Dirceu. Não é o Dirceu por quem esperava. Tocam-se, reconhecem-se. Dirceu é plural. Dirceu é de muitas empreitadas. Marília dorme com ele. Dorme com ele. Dias seguintes, Dirceu pergunta a ela se ainda pode ser mãe, porque ele não quer ser pai. Proteja-se Marília. Sem lirismo 68, a vida seguiu. Marília percebe que Dirceu apresenta muitas demandas. Segue com ele. Panfleta para suas campanhas, faz lambe-lambe acendendo postes de engajamento.
Marília faz trabalho comunitário nas favelas, nas periferias, dedica-se ao socialismo ensinado e ao feminismo aprendido. Dirceu faz sexo sem proteção. Dirceu gosta de mulheres livres. Dirceu se encanta por mulheres que dizem que têm tesão por ele, que querem gozar. Gosta de quem tem orgasmo na boca, nas mãos, nos olhos feiticeiros.
Marília percebe que Dirceus são parecidíssimos uns com os outros.
O feminismo que Marília deseja é aquele com socialismo. Não apenas o de pautas identitárias, que visam a escandalizar machos e bater um pau na mesa, ”frustração freudiana” perversa. Mulher é fibra, luta, ação. Marília entende que discurso não enche a barriga. Na hora do trem, do ônibus, da creche, precisa mais do que ser liberada no sexo. Precisa bem mais que isso.
BLOCO “NUNCA NA HISTÓRIA DESSE PAÍS !”
Um filho teu não foge à luta, empunha bandeiras, entoa cânticos hinos loas distribui esperanças vence o medo. Vencem os medos. carne feijão arroz ovo leite luz água cisternas mães assistidas as bolsas das famílias celebradas escola para todos informática inglês natação teatro física em laboratórios bibliotecas computadores, moto-contínuo universidades públicas gratuitas. Viagens de ônibus … Viagens de avião … Geladeira fogão máquina de lavar Televisão moderna Celulares iguais aos dos patrões. Banda larga. Filhos nas universidades como os dos patrões. Bloco dos sem dentes de Darcy, bloco dos com dentes e dotes agora.
UNIDOS ESCOLA DA RESISTÊNCIA
Eles não desistem Eles não entregam Eles não aceitam Eles não acatam Atacam. Vígílias nos blocos duros? Vigília nos blocos dos famintos. Vigília nos blocos dos solidários. Vigiai. Sempre.
Quem é professor e professora tem um vício diferente daqueles das demais pessoas está no respirar a carência de ensinar a saciação de, em se dando, aprazeirar-se ser e estar ensinando mesmo a si mesmo mesmo sem salas de aulas mesmo em ágoras não ágoras …
Para sempre.
ENSINO DE TODAS AS ESPÉCIES
Como os gregos ensinavam? A Paidéia era compromisso, discussão, aquisição de conhecimentos e … compromisso. O que se ensina, como se ensina, a quem se ensina, tudo implica compromisso, seriedade, verdades.
Durante mais de 30 anos estive pelas salas de aula de ensino fundamental – nas de 1º ciclo – depois nas de 2º ciclo, mais tarde no nível médio, em cursinhos pré-vestibulares, nos cursos preparatórios para ingresso em colégios militares e também em cursos para professores de todos os níveis de ensino e já formados. Vi de quase tudo nessas 3 décadas. Acertei mais do que errei, acredito. Mas nunca me faltou compromisso com horários, planejamentos, execuções de trabalhos, avaliações minhas e dos educandos. Faltas, tive bem poucas. Quando eram necessárias, deixava material pronto para ser aplicado aos alunos e ainda combinava com eles como seriam feitos, esclarecia o porquê da minha ausência etc. Respeito ao processo educacional. Tive bem poucos casos de indisciplina e conto nos dedos das mãos quantos alunos tive que retirar de sala de aula, em 30 anos. Friso que eu e outros colegas de profissão com os quais trabalhei tínhamos o mesmo comprometimento.
Acredito assim que devam ser levados a sério os procedimentos dos professores, em todos os níveis de ensino, sejam em instituições privadas ou públicas. Amigas, professoras de Universidades Federais, narram a falta de seriedade de certos colegas seus quanto ao cumprimento das 40 horas, em dedicação exclusiva – embora já exerçam dessas apenas 8 a 10 h com aulas – em relação aos projetos de pesquisa nos quais se encontram envolvidos, ausência da cidade em que exercem seu ofício no período, fazendo combinados com os alunos – mesmo tratando-se de cursos presenciais – e muito mais. Ocorre que surgem denúncias e passam a enfrentar processos administrativos, avaliados por grupos de docentes de outras Universidades Federais, de outros estados, sob pena de sofrerem punições por sua postura pouco ética no exercício do magistério.
Fico pensando nos salários vergonhosos dos professores de ensino fundamental e médio pelo Brasil, e em sua garra ao defender seus alunos, a melhoria das escolas, o envolvimento dos pais no processo ensino-aprendizagem, na carência de recursos que manifestam, quase sempre, e mesmo assim, ali presentes, todos os dias, no mesmo horário, sem abdicar de suas responsabilidades, cumprindo suas obrigações corajosamente.
MÚSICA EM NOSSOS OUVIDOS
No final da década de noventa, fui convidada a desenvolver projetos culturais com escolas públicas de São Paulo a fim de que viessem a usufruir, a frequentar equipamentos públicos como teatros, salas de concertos, Theatro Municipal. Em meio ao trabalho, fui conduzida a ser coordenadora pedagógica de uma escola pública de música. O cargo chamava-se ”assistente artístico”. Havia denúncias de que professores, todos pertencentes às melhores orquestras sinfônicas da cidade, não cumpriam as 30 horas pelas quais recebiam, nem prestavam assistência aos alunos em plantões, ensaios etc. Foi bastante difícil interferir nesse vício, pois até cartões de ponto eram ”batidos” por colegas, secretários, funcionários, uns pelos outros. Ao invés das aulas a que deveriam estar presentes, viajavam, apresentavam-se em concertos em outras cidades, estados, sem informarem, pedirem autorização, legalmente, ao órgão responsável. Muitas vezes davam aulas em conservatórios particulares naqueles mesmos horários. E ainda recebiam muitos adicionais para indumentária, por exibições etc.
Quando quis motivá-los a fazerem mais apresentações com seus alunos – em noites, para a coletividade, ou em escolas públicas ou as trazendo para as exibições, resistiam alegando que não faziam nem questão de receber os adicionais por tais exibições ”porque o Imposto de Renda levava tudo”. Ou seja, nada a ver com o pedagógico.
Quando propus escrevermos nos ”programas das audições” além das obras, na última capa, informações culturais sobre os grandes mestres autores das obras a serem executadas ou adicionar poemas do período medieval, barroco, renascentista, romântico, revoltaram-se literalmente, em motim mesmo, alegando que ali deveria constar apenas o nome deles e um mini-curriculum, seus créditos, portanto. Não havia neles qualquer intenção em socializar conhecimentos etc. Até o nome de uma audição de percussão, à qual intitulei ”BARULHINHO BOM”, fazendo referência ao último disco de Marisa Monte e, assim, gerando um atrativo para o comparecimento do público, foi rejeitado sumariamente. Não tinham o menor compromisso com as plateias, com a necessidade de formação de público, nada. Não cumpriam nem sua obrigação mínima. Hoje muitos estão aí nas melhores orquestras brasileiras, outros já faleceram e os de canto lírico, os vejo fazendo bastante sucesso. Seus alunos cresceram por si mesmos. Empenho daqueles famosos artistas músicos, vi muito pouco por lá.
Logo, precisei abandonar o cargo e ficar apenas com o projeto envolvendo a ida dos alunos das escolas públicas ao teatro etc. Em seguida, voltei para as salas de aula. Porque lá eu era senhora do meu trabalho, dona do meu compromisso e via sempre nos alunos muito reconhecimento e desenvolvimento.
Maritacas acordam aqui bem-te-vis florescem por aqui alheios a ameaças distantes de assassinatos e massacres Há sol aqui A chuva bebeu todo o chão de dores Há sol aqui O vento da serra assopra amenizando feridas tratando corações enxugando lágrimas O cheiro do amanhecer pulsa nas pernas fortalece os braços oferece colo Ainda que …
encosta tua pele aqui sente o calor encosta tua pele aqui sente a chama encosta tua pele aqui sente a cor uma encosta tua pele aqui sente a força do ir e vir encosta tua pele aqui bebe doce, acre, perfumes encosta tua pele aqui enxerga o éter, o ar, o lume encosta tua pele aqui sorve a ternura do estar absorve a delicadeza do embevecimento embriaga-te das nuvens de algodão
OBS: Imprescindível ouvir as canções.
DAS TERNURAS
Agradeço sua mãozinha leve sobre meu sonho leve Agradeço a cor da flor na moldura dos meus caminhos Agradeço a chuva que ensopou meus canteiros Agradeço o vento dessa tarde de arco-íris Agradeço não odiar ninguém Agradeço amorosidades maiores que aleivosias Agradeço ter saudades de beijos, abraços e suspiros Agradeço ainda poder sentir desejo de peles Agradeço alguma voz em serenata pela madrugada Agradeço um poema em asas pelos céus Agradeço as sensações Agradeço por ainda saber amar a um a outro a outros a tantos.
ESPERA
o laço, a fita, a foto, o filho a vinda, a estrada, a entrada fora do útero, fora da proteção agora a caixa, a máscara, a espera o cheiro menino o cheiro franzino o cheiro pequenino a ternura na espera a ternura no esmero a ternura de vê-lo a suprema vontade de tê-lo nos braços na pele no calor do seu amor saudável, sonoro, suave de volta à ternura antiga
DESVELO
ternuras tantas afeto e companhia parceria, cumplicidade, comunhão ternuras tantas ternuras muitas vida, vidas ramais, rotas, rumos picadas, caminhos, veredas esperas, entregas desvelo dedicação, cuidados afetos, compreensão dedicação, cuidados todas e tantas ternuras antigas
Poesias: Odonir Oliveira
Fotos de arquivo pessoal
Vídeo: Canal Pimalves
Descrição no vídeo: Socorro Lira
” Sétimo álbum de canções inéditas da compositora, instrumentista e cantora paraibana, lançado em 2012, com a participação de João Pinheiro. Socorro se dedica neste trabalho a tecer um disco conceitual em torno da temática da delicadeza, tarefa complexa e engenhosa, pois, como define em suas próprias palavras no encarte do CD, “Esse é um tema que, no seu inverso, persegue-nos. Ser delicada é muitas vezes mais difícil”. A musicista alcança com beleza o seu propósito e nos entrega um conjunto de canções que impressionam por sua força e maturidade, com a tessitura leve, diáfana, que o tema demanda. Ela considera ainda: “Quanta dúvida na hora de dizer e de ser ela mesma, a palavra, ante o berro, o zunido das buzinas e choque dos metais! Na metrópole que ruge, acalentar a fera? Como? Sei lá… Não sei não” O fruto de seu labor poético, no entanto, afirma o oposto: ela sabe, sim, e muito bem !
A palavra de Socorro é límpida e vivaz, poderosa em seu intrincado engenho de simplicidade; sua voz, plena de sabedoria e graça ancestrais, acalenta docemente a fera desta humanidade carente de sutilezas”.
A 1244 km de São Paulo, a professora de ensino fundamental Maria Márcia, lê na Revista Nova Escola, material didático elaborado por mim. Consegue o endereço da Escola Municipal onde eu trabalhava e me envia uma carta. Sim, por correios. Estamos em 2001.
A cidade onde ela vivia em 2001 era Macaúbas, na beiradinha do rio São Francisco, na Bahia. Lecionava na área rural, para turmas multi-seriadas, ou seja, vários anos de ensino na mesma classe. Escrevia contando da sua carência, do trabalho que gostaria de fazer se tivesse mais recursos. Falava em recursos materiais, visto que só contava com um quadro-negro riscado, giz e apagador. Lecionava em Escola Municipal como eu, naquele ano de 2001. Pedia, curiosamente, indicações didáticas para trabalhar cordel com seus meninos. Reparei logo que ela sabia o que queria. Queria ensinar mais o de sua gente para sua gente. Sensibilizei-me, portanto.
Expus aos meus alunos do 8º ano a situação e li a carta da professora que apontava uma quantidade de dificuldades em seus meninos para ler e escrever. Assim, fizemos um trato: iríamos preparar materiais pedagógicos para enviar a eles. Pesquisaram bastante e criaram diversos tipos de jogos para que ela trabalhasse problemas de ortografia com seus meninos: jogos da memória, dominó, caça-palavras, quebra-cabeças, palavras cruzadas foram alguns de que me recordo. Todos bem embalados em saquinhos de TNT, com muitos desenhos e muita criatividade. Tornaram-se CÚMPLICES de Maria Márcia no processo ensino-aprendizagem. E, enquanto preparavam tais materiais, iam aprendendo também. Tornaram-se mestres e aprendizes, pegando o conhecimento, literalmente, com as mãos.
Depois, preparamos fichas e fichas com poemas dos mais diversos autores e no verso suas biografias. Consegui um bom número de livros em editoras, como doação para professores, e juntei-os aos meus, que lhe enviamos. Para cada obra, havia uma sequência didática a ser desenvolvida, no sentido de ensinar Maria Márcia a semear a fruição da leitura na garotada. E, claro, o trabalho a ser feito com cordel e o livro Guriatã, um cordel para menino, de Marcus Accioly. Mandei-lhe uma sapateira para que colocasse os livros e pudesse ser socializada para as outras salas também. Sugeri que fosse mudando as obras para oferecer a eles diversidade e novidades.
Por fim, escreveram cartas para mandarmos junto com as duas caixas repletas de material, via correios, à Maria Márcia, em Macaúbas, na Bahia. Nas cartas pedi que narrassem como nascera a ideia de fazer o material, como fora o processo de construção, o que haviam aprendido com aquilo durante mais de um mês etc.
Fui a uma agência dos correios e enviei as duas grandes caixas. O prazer que senti nisso não sei se consigo retratar aqui, passados tantos anos. Mas posso contar a vocês que, umas semanas depois, recebemos na escola a resposta, com fotos de todos, de Maria Márcia, da irmã de Maria Márcia que também era professora ali, dos alunos felizes, lendo, jogando, aprendendo.
Maria Márcia mandava agradecer e pedia para me chamar de sua ”fada-madrinha”. Contava que estava grávida do segundo filho e que ela e a irmã haviam resolvido cursar faculdade de pedagogia – à distância- porque em Macaúbas, nem próximo dali, havia qualquer faculdade. Fez. Fizeram. Ajudei-a, anos depois com seu TCC, sobre ”As casas de farinha”. Durante anos nos falamos, quando ela ia à cidade e, em lan houses, me mandava e-mails. Certa vez até me telefonou de lá. Queria ouvir a voz de sua fada-madrinha – imaginem. Perguntou-me se eu gostava de farinha de tapioca, porque me mandaria, junto com um presente feito por ela e pela irmã. Disse-lhe que guardasse a tapioca para o dia que viesse a São Paulo e ela mesma me prepararia as suas delícias. Mandou-me, então, um conjunto de panos bordados por elas, formando oito joguinhos americanos com guardanapos. Adorei. E foram eles que hoje me fizeram lembrar de Maria Márcia, de Macaúbas, BA.
EU, NÓS
Se ando e enxergo, maravilho-me Se paro e contemplo, pulso Se ardo em sensações, vivo. Se estou numa fala num gesto num sorriso, continuo. Se toco a dor humana, emano Se acarinho a terra vermelha, sou. Se tenho compaixão, ajo. Se tenho ainda a emoção, levito. Se ando e enxergo, maravilho-me.
PROFESSORA, ESSA MULHER
Como um presságio, seu mestre mandou: “Toda mulher deveria ser professora para poder ajudar na educação dos filhos mais tarde” Faremos tudo que seu mestre mandar. Até a página dois, querido mestre. Trabalhadora, trabalhadeira, segue a mulher no caminho das escolas, dos alunos, com sua varinha de condão. Magias retiradas de tapetes mágicos e cartolas de coelhos sábios, cantarolando melodias de bruxas do bem, disparando saberes e sabores de seus mestres gregos, qual um desses seres brotados das páginas de seus ensinadores livros encantados. Corre por avenidas, estradas, sobe ladeiras, escadas entrega mensagens de anjos, serafins e querubins aos infantes meninos que bebem suas artes, palavras e mágicas como fossem verdades únicas, quando não passam de pequeninas estrelas a brilhar, algum dia, nos céus.
DEDICATÓRIA: Aos profissionais da EDUCAÇÃO que acolhem todos os dias meninos, meninas, jovens e adultos para semear neles mais do que o conhecimento. Beijos e abraços parceiros aos professores, às merendeiras e a todos da ESCOLA ESTADUAL RAUL BRASIL, em Suzano, SP.
Noivos primeira vez uma vergonha fóssil um medo intenso um vestido branco puro de vida um paletó e uma gravata nus um sim a ele um sim a ela promessas, juramentos, pactos vidas que seguirão por estradas e tempos mais sonhos menos sonhos mais cumprimentos mais bolo e mais doces presentes no presente festa, fotos, recordações
FESTA DE CASAMENTO
O casal Os padrinhos Os convidados Os vizinhos. Gente boa gente bonita gente alegre gente colorida. Risos às fartas Comida às fartas Música às fartas Nas bodas na serra Nas bodas na nuvem. Bodas no salão A dança das pernas dos braços. Os abraços no ritmo no prato no copo. No vestido branco que símbolo! Na madureza que ensino! Rico casamento encantador Uma celebração de amor.
CASAMENTOS & CASAMENTOS
Na década de 1990, desenvolvi um trabalho com alunos de 8ºs anos sobre as cerimônias de casamento. Começamos com fotografias. Traziam de casa as fotos de avós, tios, pais, e íamos analisando trajes, bolos, convidados, igrejas ou não, e conversando sobre o tema. Depois escreveram textos narrativos e poéticos sobre as fotos, que ficaram coladas em caderno de desenho espiral, com seus respectivos textos, em um álbum. Com capas criativas e diferenciadas.
Foi muito gratificante aprenderem também a analisar certidões de casamento, a compreenderem que alguns pais não haviam se casado no civil, nem no religioso, a conhecer e aceitar diferenças. Outro aspecto foi em relação ao significado do casamento, no início do século XX, e antes disso, como eram escolhidos os maridos para as filhas e que, naqueles casos, ”o amor nascia com a convivência e depois do casamento”. Estranharam, principalmente as meninas que cultivavam em si o amor cortês, o amor romântico. Puderam ver como as sociedades se modificam e as razões disso. Casamento como um contrato social, uma sociedade, com 2 sócios e mais tarde uma construção de amor, parceria e companheirismo – como se estima que seja hoje.
Pessoalmente, não vou a cerimônias de casamento faz mais de 20 anos. Elas se tornaram uma festa qualquer. Os itens que antecedem ao evento são de deixar qualquer pessoa sensata estarrecida. Chega-se a fazer um blog/ site que vai reportando a vida pregressa do casal, fartamente ilustrada, e pedem-se colaborações em dinheiro para viagens etc. As listas de presentes de chá de panela, chá bar, e as de casamento são detalhadíssimas, especificadas por valores, em grandes lojas de presentes, e para serem adquiridos lá. Entregam, inclusive. As festas de casamento são coordenadas por cerimonialistas, meses e meses antes. No momento do evento, a noiva troca de roupa mais de uma vez, tem o momento da dança ensaiada previamente com o pai, depois com o noivo e depois com os amigos. Tudo coreografado e bastante treinado. As filmagens são verdadeiros acontecimentos, quase em busca de um prêmio de cinema. Sem falar na sequência do menu – seja de dia ou de noite. Muitos pratos, o quente, o frio, depois o bolo, os doces, indo até o café da manhã, com chocolates, carolinas etc. Ufa, que trabalheira. Quantos gastos, meu Deus.
Alguém poderá dizer que trata-se da realização de um sonho, muitas vezes dos pais, mais do que dos noivos até. Comprometem-se em dívidas, desgastam-se, mas ”realizam seus sonhos”. Cabe avaliar se tudo isso é mesmo manifestação de comunhão entre as pessoas envolvidas, principalmente entre os que estão se casando. Se for, que sejam felizes.
P.S DOS SIGNIFICADOS: Nos anos setenta, novinha, com menos de 20 anos, fui a uma casa de shows em Copacabana, no Rio, com dois casais de amigos casados. No meio do show, luzes quase apagadas, uma moça começou a se insinuar de leve, mas começou a se fazer deleitosa para o marido de minha amiga. E foi crescendo, crescendo, crescendo o assédio. Ele a ignorava. Eu, já não suportava mais aquilo e comentei com minha amiga, o que ela estava achando da situação ali desagradavelmente exposta, se não tinha ciúme, raiva, ou coisa assim – tratava-se de uma bela mulher, que sabia que sua beleza a fazia crescer junto aos homens, percebia-se. Ao que ela me respondeu ”O Giba não gosta desse tipo de mulher. Não é disso que ele gosta. Fique tranquila”. Nunca mais me esqueci dessa afirmação dela. Convém ressaltar que estão juntos até hoje, faz mais de 40 anos, e por quê? Porque parceiros, cúmplices e repletos de identidades construídas durante seus anos de namoro e de casamento. Você pode me perguntar ”Mas será que não tiveram algum, alguns casos fora do casamento?” Não sei. Podem ter tido. Mas são tão parceiros, que na saúde e nas doenças – e já passaram por muitas – sempre contaram um com o outro. Salve, salve, Sílvia e Giba !
EU E MEU VELHO
Quase sempre acordamos juntos, tomamos café, cada um do jeito que mais gosta, vamos aos canteiros de flores, vamos à horta, tratamos das galinhas e dos patos Quase sempre rimos de nossas imperfeições, gargalhamos de nossos prejuízos etários, sentamos e descansamos ouvindo nossos bolerões embaixo da mangueira. Quando há mangas, chupamos umas tantas, mas sem facas, mordendo a fruta. Aí, sem mais nem menos, acho meu velho tão sensual mordendo mangas ! Chego mais perto, rimos, nos tocamos, nos beijamos. Quase sempre lemos poesias, ficção, ouvimo-nos um ao outro como música nem sempre suave, nem sempre terna, nem sempre pacífica. Nós dois somos a música.
Poesias e texto: Odonir Oliveira
Fotos de arquivo pessoal
Vídeos:
1- Canal Do Si SOM Casamentos 2- Canal Odonir Oliveira
(…)Mas, quando nada subsiste de um passado antigo, após a morte dos seres, após a destruição das coisas, apenas o cheiro e o sabor, mais frágeis mais vivazes, mais imateriais, mais persistentes, mais fieis, permanecem ainda por muito tempo, como almas, a fazer – se lembrados, à espera sobre a ruína de tudo, o resto, a carregar sem vacilações sobre a sua gotinha quase impalpável o edifício imenso da memória.
Marcel Proust, in ”O Caminho de Swann”, Em Busca do Tempo Perdido
Como um Proust mineiro, caminho por veredas de inconfidentes, escuto sagas, mergulho nos meus sertões internos e nos dos meus. Assim, vou tendo uma compreensão fluvial e mineral de quem fomos e de quem somos aqui pelas Gerais.
HERANÇA GENÉTICA
Tenho sangue de inconfidentes tenho uma revolta na garganta um grito na boca uma cabeça cortada um corpo esquartejado por meu país liberdade é coletiva liberdade nunca pode ser apenas individual individualismo é chaga individualismo é sarça ardente assim me ensinou meu pai tenho bastante vergonha na cara amor próprio saliva na boca pra lhe cuspir escarro guardado pra lhe devolver tenho brios tenho valentia tenho força sou MULHER sei o meu lugar na fila do pão sei o meu valor na fila do pão sei que não tenho preço não me vendo por palavras doces e afagos de ocasião tenho afetos a torto e a direito não tenho essa carência subcutânea Tenho sangue de inconfidentes.
A PRAÇA IMAGINÁRIA
Emoldurei uma praça tem uma cabeça baixa e um chapéu de aba cobrindo o rosto do sol tem um aceno a todos na rua – Ô, sô Zé, com Deus. – Com Deus. tem um riso de canto de boca tem uns dedos endurecidos de artroses tem um perfume de pão que assa, assa, assa na minha memória enfeitei uma praça mandei fazer placa subi no cavalo que galopava meu avô ah, os anos de 1910 ! fiz da praça canoa da terceira margem do rio, vô Zé seguro eu sua praça com rédeas e aroma de pão fresco confie em mim
José Galdino, um homem bom
Sova José sova o teu pão Sova José Acorda pelas madrugadas acende a fornalha assa teu pão Sova José
Faz teu milharal faz teu milho faz teu fubá
Namora o céu enfeitiça-te com as estrelas Arruma teu baú prepara teu embornal confere teus anzóis, varas pesca, José, pesca o nosso futuro
UMA ESTRADA REAL
No rumo, na rota , no traço uma estrada real sangra meus olhos. Parto com Beatles a meu lado ora cantam ora apenas orquestrados ora apenas sussurrados.
O sol ao meio as nuvens na ponta do para-brisas o vento de acordes doces. No caminho, um aceno do pai na beira da estrada, no outro lado, a mãe me sorri, mais à frente vejo avôs e avós que me estendem as mãos. No azul do céu mineiro uma seta desenhada cuidadosamente por tios e tias como se preparassem uma festa de batizado. Esse é meu torrão. Essa é a minha vereda, a minha picada. Estou entre os meus. Tiradentes corre nas minhas veias.
O vídeo a seguir, foi filmado em VHS, em 1990.
Tio Moisés, irmão de minha mãe, e meu pai , genro de José Galdino, falam quem foi meu avô e da Praça que acabava de ser inaugurada em sua homenagem.
Depois em 2005, transformei-o em DVD, a que assisti muito em São Paulo. Talvez tenha sido ele a semente que brotava de minhas raízes e que me tenha trazido para Minas. Aqui, nas terras de meu avô materno, José Inácio Galdino, edifiquei a Vivenda dos Oliveira e venho realizando muitos sonhos. Imaginem que outro dia fiz curau com milho que foi plantado nas mesmas terras onde meu avô plantava o seu milho, nos anos 30, 40, 50, 60. O sabor desse curau de milho, de primeira colheita, era muito mais saboroso do que todos os que já havia provado na minha vida.
Agora, transformo-o em vídeo para o meu canal no Youtube, acrescido da leitura de poemas que fiz para todos os meus antepassados. Quero que fiquem eternizados – como prometi à minha mãe.
Vídeo em homenagem aos 50 anos de falecimento de meu avô, José Inácio Galdino.
Ei, menino, quem tem sorriso de luz bate a varinha de condão sacode qualquer tristeza, aborrecimento … quem tem sorriso de luz ilumina vidas encanta caminhos … quem tem sorriso de menino mágico navega sem limites na aventura no tapete dourado da ternura, da alegria, do amor.
Vai, menino mágico, ser feliz !
PASSA-ANEL
sentados mãos em posição de oração agora eu agora você agora ela agora ele passa-anel passa passa com quem estará o anel? observa analisa conclui adivinha oxalá, achar um anel fosse para sempre a maior de nossas questões oxalá fosse
SONHOS
Sendo assim menina falante, galante qual minhas meninas, também eu, sonho como elas. Sendo assim aventureira e valente como meus meninos, também eu, sonho como eles Sendo assim livre, criativa e desafiadora como todos eles, também eu, me permito ser feliz como eles.
OBSESSÃO
Sou obsessiva. Sou obsessiva sim. Tenho ideia fixa de justiça Tenho ideia fixa de comprometimento. Tenho ideia fixa de educação Tenho ideia fixa de doação e entrega. Não tenho receio de dor. Não tenho medo de envolvimento. Não tenho pavor de amor. Minha obsessão por ensinar seja a miúdos, maduros, graúdos passa pelo ato de amar. Não restrinjam minhas ações. Não desprezem minhas veredas. Não me imponham o silêncio covarde. Não me limitem os braços e as pernas. Não me amordacem o verbo. Defendo meus aprendizes como felina parida. Não mexam com eles. Não os ignorem Não os maltratem. Não os desprezem. Somos raízes, mas também somos sementes.
QUISERA
ser fada-madrinha de encantar meninos viajar com eles pra fora de todas as ameaças e perigos arrumar sempre pra eles mesa de aniversário doces, balas, sucos e brindes balões de assoprar repletos de surpresas cantar com eles músicas repletas de rimas, estribilhos e graças
quisera ser fada-madrinha de encantar adultos-meninos fazendo multiplicar neles a bênção de encantar outros meninos e meninas conduzindo-os a presentes e futuros promissores favoráveis felizes
Veja também em Categorias, à direita: Clubinho de Leitura de Barbacena