Liberdade ainda que tardia IX





Vídeos: Canal Odonir Oliveira

Liberdade ainda que tardia VII

As conjurações

PATAS DE CAVALOS

Há que se ter medo.

Há que se ter cuidados

que se ter ouvidos, olhos e mãos de entender.

Há que se confidenciar a poucos.

Há que se omitir de muitos.

A pata, a opressão, a chibata, a inaceitação.

Seguem-nos, cercam-nos, amordaçam-nos

Calam-nos, sem perdão.

São muitos.

ESTRADA, DERRAMA, ÓDIO

Passadas largas

tropeços

Passadas curtas

tormentas

Passadas trôpegas

Medo.

Quem vem lá?

É dia

Há pedras

Há marcas

Há dores

Há gritos

Há ferros

Há fogo

Há brasas

Há mortes.

Quem vem lá?

É noite.

Há choro

Há cortes

Há súplicas

Há berros

Há arrependimentos

Há delações

Há entregas

Há torturas

Há conspirações.

Há corpos.

Há retalhos de corpos.

Há deflagração de ódio.

Para sempre.

CONFIDÊNCIAS A MINEIROS

Nesse século dezoito, nas pedras em que vivo,
correm notícias ao pé do ouvido
são encontros secretos de vontades rebeldes
são encontros secretos de amores proibidos
percorro becos e vielas
salto calçadas em ritmo lépido
contorno esquinas
atravesso pontes
salto muros

Ali está ele
lá estão também eles.
Há luz na morada de uns
Há espera nas derramas dos outros

Tenho ouro em mim.

Poesias: Odonir Oliveira

Fotos de arquivo pessoal

Vídeo: Canal GrupoPontodePartida

Rapsódia brasileira

Significado de Rapsódia
substantivo feminino
Nome dado a certas composições musicais e poéticas, definidas por serem livres e muito emocionais: na Grécia antiga, dava-se o nome de rapsódia a um poema épico para ser recitado.
[Literatura] Cada um dos livros e dos contos escritos por Homero (século VIII a.C ).
[Literatura] Subdivisão ou parte separada de um poema.
[Literatura] Poema épico que, sobre uma nação, se pauta em históricos, entrelaçados com a lenda, o maravilhoso ou a Mitologia.
[História] Na antiga Grécia, trecho de um poema épico para ser cantado por um rapsodo (poeta popular que ia de cidade em cidade recitando poemas épicos).
Etimologia (origem da palavra rapsódia). Do latim rhapsodia.ae; pelo grego rhapsodía.
Para que se entenda melhor o conceito de rapsódia, no que se refere à música, esse é o termo empregado a uma obra que possui um único movimento, mas que tem a sua estrutura acontecendo de maneira livre e onde se faz a conexão de vários “episódios” com características distintas. Isso caracteriza uma rapsódia, no âmbito da música.
Outros exemplos de rapsódias são: Rapsódias húngaras (Franz Liszt), Première Rhapsodie (Claude Debussy), Rapsódia croata (Maksim Mrvica), e Rapsódia sobre um tema de Paganini (Sergei Rachmaninoff).
Uma outra definição para uma rapsódia seria que ela é quase que uma espécie de improviso musical. Já que nela há não apenas variações de intensidade e de ritmo, mas também variações de tonalidade, etc.
Para que se entenda melhor o conceito de rapsódia, no que se refere a música, esse é o termo empregado a uma obra que possui um único movimento, mas que tem a sua estrutura acontecendo de maneira livre e onde se faz a conexão de vários “episódios” com características distintas. Isso caracteriza uma rapsódia, no âmbito da música.
Outros exemplos de rapsódias são: Rapsódias húngaras (Franz Liszt), Première Rhapsodie (Claude Debussy), Rapsódia croata (Maksim Mrvica), e Rapsódia sobre um tema de Paganini (Sergei Rachmaninoff).
Uma outra definição para uma rapsódia seria que ela é quase que uma espécie de improviso musical. Já que nela há não apenas variações de intensidade e de ritmo, mas também variações de tonalidade, etc.

Fontes:

https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/rapsodia

https://www.dicio.com.br/rapsodia/

ESTRADA, DERRAMA, ÓDIO

Passadas largas
tropeços
Passadas curtas
tormentas

Passadas trôpegas
Medo.

Quem vem lá?

É dia
Há pedras
Há marcas
Há dores
Há gritos
Há ferros
Há fogo
Há brasas
Há mortes.

Quem vem lá?
É noite.
Há choro
Há cortes
Há súplicas
Há berros
Há arrependimentos
Há delações
Há entregas
Há torturas
Há conspirações.
Há corpos.
Há retalhos de corpos.
Há deflagração de ódio.

Para sempre.

DEMOCRACIA

Bandeiras flamulando

Gente nas ruas

Papeis picados, santinhos, faixas

Músicas pelas ruas.

Votar pela primeira vez.

Participar da Nação

Encontrar caminhos, buscar soluções, acreditar nas mudanças.

Votar pela primeira vez.

Voto do rico igual ao do pobre

Ilusão de justiça

Ilusão de solidariedade

Ilusão de igualdade.

Por quê?

QUERO UM PAÍS NAÇÃO

Quero rios admiráveis

brasileiros amáveis

de dentes completos

com cultura acessível

beijos amistosos

abraços sinceros

sonhos realizáveis

desejos coletivos

alegrias sociais

barrigas cheias de letras

barrigas cheias de eletricidade

barrigas cheias de água potável

barrigas cheias de ruas saneadas e saudáveis

barrigas cheias de pensamentos e reflexões.

Quero gente dançando e reivindicando

Quero caminhadas e blocos de ritmos, em consagração

Quero jovens plenos de conhecimento e decisão

Quero irmãos vivendo com mais merecimento e menos sofrimento

Quero mais paz nas ruas, no campo, na lua.

Quero olhar o céu como quem já se vai

deixando um país nação

mais intenso a todos

os que nele ficarão.

Poesias: rapsoda greco-mineira Odonir Oliveira

Fotos de arquivo pessoal

Foto de Aílton Krenak retirada da Internet

Vídeo: Canal Instituto Piano Brasileiro

Liberdade ainda que tardia!

Com depoimentos de historiadores e trechos de O Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles

VILA RICA

(Foto de Thiago Perilo)

A origem da frase “Libertas Quae Sera Tamen”

O autor da frase da bandeira de Minas seria o poeta Inácio José de Alvarenga Peixoto, mais conhecido pelos seus dois últimos sobrenomes. Ele também foi um dos inconfidentes e teria se inspirado em um verso das Bucólicas (1.27), do grande poeta romano Virgílio: “Libertas, quæ sera tamen, respexit inertem“, cuja tradução é “Liberdade, a qual, embora tarde, (me) viu inerte”.

Há controvérsias sobre a tradução de “Libertas Quæ Sera Tamen”, que para alguns seria “Liberdade ainda que tardia, todavia…”, o que não faria sentido. Então, para os que defendem essa tradução a frase correta para a bandeira seria “Libertas Quæ Sera”, sem o “Tamen”. Certo ou errado, assim perderíamos o famoso meme do “Bão Tamen” usando a bandeira de Minas e fazendo um trocadilho com o sotaque mineiro.

Antes que se chegasse à frase escolhida, no entanto, outras sugestões foram consideradas (todas em latim). Cláudio Manuel da Costa sugeriu os lemas: “Libertas a quo spiritu” (Liberdade do espírito) e “Aut libertas aul nihil” (Ou liberdade ou nada). Como podemos notar, o que havia em comum entre todos eles era a palavra “liberdade”, que de toda forma estaria na bandeira de Minas Gerais.

FONTE: http://blog.estilobendize.com.br/historia-bandeira-minas-gerais/

TIRADENTES

Foto de 21 de abril de 2016, Tiradentes, MG

TIRADENTES
“Entrega
delata
Fala
Aponta
Trai”
Então,
puna
fira
corte
retalhe
desfibre
salgue
pendure.
Exiba
Impeça.
Liberdade, Plácido,
Liberdade ainda que tardia.
Aqui
Junto de ti.

CONFIDÊNCIAS A MINEIROS

Nesse século dezoito, nas pedras em que vivo,
correm notícias ao pé do ouvido
são encontros secretos de vontades rebeldes
são encontros secretos de amores proibidos
percorro becos e vielas
salto calçadas em ritmo lépido
contorno esquinas
atravesso pontes
salto muros

Ali está ele
lá estão também eles.
Há luz na morada de uns
Há espera nas derramas dos outros

Tenho ouro em mim.

PATAS DE CAVALOS
Há que se ter medo.
Há que se ter cuidados
Há que se ter ouvidos, olhos e mãos de entender.
Há que se confidenciar a poucos.
Há que se omitir de muitos.
A pata, a opressão, a chibata, a inaceitação.
Seguem-nos, cercam-nos, amordaçam-nos
Calam-nos, sem perdão.
São muitos.

ESTRADA, DERRAMA, ÓDIO
Passadas largas
tropeços
Passadas curtas
tormentas
Passadas trôpegas
Medo.
Quem vem lá?
É dia
Há pedras
Há marcas
Há dores
Há gritos
Há ferros
Há fogo
Há brasas
Há mortes.
Quem vem lá?
É noite.
Há choro
Há cortes
Há súplicas
Há berros
Há arrependimentos
Há delações
Há entregas
Há torturas
Há conspirações.
Há corpos.
Há retalhos de corpos.
Há deflagração de ódio.
Para sempre.

SENTIDO HISTÓRICO

Quer saber
que conhecer
quer viver
caminha por estas ladeiras
observa as patas dos cavalos da história
enxerga as colunas e os pórticos das igrejas
namora os alpendres das moradas
alisa os encantos barrocos
ouve as vozes sufocadas por movimentos debelados
adentra as cadeias públicas
bebe a bebida da terra
come a comida da terra
escuta as histórias da terra
sonha os sonhos dos sertões
reza suas procissões eternas
reconhece Brasil por aqui.
E volta.
Ou então fica para sempre.

TERRA MINEIRA

Toda toada enterra
um topo
um trono
um teto.
Todo terreno tanto
semeia um pomo
um botão
um perfume
um sabor
um tempo.
Vivenda do sobrenome
vivenda de ares e ventos
vivenda de céu coalhado de estrelas
vivenda fértil
vivenda da vinda
vivenda da volta
vivenda semeada.
Toda toada encerra
um ponto
um pouso
um corpo.

Poesias: Odonir Oliveira

Fotos de arquivo pessoal: Tiradentes, Ouro Preto (Vila Rica) – MG

Vídeo: Canal tvbrasil

Vila Rica

TEMPLOS

colônia ação
colônia produção
colônia expropriação
suor, sangue, morte

colônia servidão
ouro devassidão
terra devassidão
minas devassidão
geraes espoliação

colônia entregue
colônia lesada
pátria esfolada
pátria esfomeada
lesa-pátria
acabada

CONFESSIONAIS
I
É um ponto
é uma meta
é um rumo.
Persigo
sigo
avanço.
II
Entranhas, noites, sussurros, segredos
histórias, cumplicidades, desvãos
Um leque, uma moeda, um retrato
um terço
um meio
um décimo de vidas
um centésimo de tristezas
um milésimo de revelações.
Revelações de últimos meses, de últimos dias e horas.
Confidências insuspeitáveis.
III
Bato à porta,
que fechada, me permite contemplações
Bato à porta,
que inerte,
me permite reflexões.
Bato à porta,
que signo, me conduz a leituras internas.
Adentro o adro sagrado, profana que ainda sou.
Bato à porta.
IV
Cruzeiro de joelhos
ainda que doam e sangrem feito penitência ignorada.
Cruzeiro do madeiro bento
Cruzeiro da Senhora do Carmo
respondendo por mim
entendendo a mim
respondendo a mim.
Cruzeiro cheio de luz dos dias frios de junho.
Minas escorrendo sempre por minhas veias.
V
Luzes em penumbra
altares, sinos e santos
toalhas brancas, presépios, mistérios,
ritos de vida e de morte,
encontros domésticos, casuais, sacramentados,
flores brancas,
perfume de rosas, jasmins, camélias e cravos brancos
Silêncios sigilosos de evocações
Humanos, sagrados pecadores.

OFERECIMENTO


ESTRADA, DERRAMA, ÓDIO

Passadas largas
tropeços
Passadas curtas
tormentas

Passadas trôpegas
Medo.

Quem vem lá?

É dia
Há pedras
Há marcas
Há dores
Há gritos
Há ferros
Há fogo
Há brasas
Há mortes.

Quem vem lá?
É noite.
Há choro
Há cortes
Há súplicas
Há berros
Há arrependimentos
Há delações
Há entregas
Há torturas
Há conspirações.
Há corpos.
Há retalhos de corpos.
Há deflagração de ódio.

Para sempre.

ORAÇÃO

CONFIDÊNCIAS A MINEIROS
Nesse século dezoito, nas pedras em que vivo,
correm notícias ao pé do ouvido
são encontros secretos de vontades rebeldes
são encontros secretos de amores proibidos
percorro becos e vielas
salto calçadas em ritmo lépido
contorno esquinas
atravesso pontes
salto muros
Ali está ele
lá estão também eles.
Há luz na morada de uns
Há espera nas derramas dos outros
Tenho ouro em mim.

TESTEMUNHOS

PATAS DE CAVALOS
Há que se ter medo.
Há que se ter cuidados
Há que se ter ouvidos, olhos e mãos de entender.
Há que se confidenciar a poucos.
Há que se omitir de muitos.
A pata, a opressão, a chibata, a inaceitação.
Seguem-nos, cercam-nos, amordaçam-nos
Calam-nos, sem perdão.
São muitos.

TELHADOS, EIRAS E BEIRAS
No cume do sonho a liberdade
No alto do monte a reflexão
Saltando por bandas, perseguindo uma flama, a vez
Juntando pedras e marcas a torre de um ideário libertador
Telhados, eiras, beiras escondem presságios devastadores
O que nos esperará ao final dessa outra derrama?

PAZ
Mundo, mundo, mundo
você é muito maior que meu leito
minha mesa
minha casa
meu homem .
Não posso esquecer
a rua,
a cidade,
o país.
Meu mundo é muito maior do que uma rima.

RIBANCEIRA
o pó da covardia empalidece a história
no limiar da ação o medo ancestral
na esteira da glória a fraqueza do caráter
os compadrios coloniais
a hipocrisia social contumaz
o acordo dos cavalheiros semelhantes
tudo repete o teatro dos costumes
chicote nas mãos do capataz
vilões mascarados de mocinhos
sinhozinhos em gritos estridentes
sangue correndo pernas abaixo
dores em chagas sociais
jogos de poder desenhando hipocrisias eternas
falta coragem de formar fileiras
falta coragem de traçar rumos
falta coragem de tomar as rédeas
a ribanceira espia os declínios
a ribanceira não expia as culpas

Poesias: Odonir Oliveira

Fotos de arquivo pessoal: Ouro Preto e Mariana (agosto de 2017)

Vídeos:

1- Canal Orquestra Ouro Preto

2- Canal Hawk Filmes

Alferes Tiradentes, ”Minas são muitas”, sabia?

LIBERTAS QUAE SERA TAMEN

ainda que tarde
arde
ainda que tarde
queima
ainda que tarde
sofre
ainda que tarde
chora
ainda que tarde
maltrata
ainda que tarde
discrimina

ainda que tarde
luta
ainda que tarde
age
ainda que tarde
grita
ainda que tarde
executa
ainda que tarde
corta
ainda que tarde
extirpa

ainda que tarde
acolhe
salva
liberta

UMA ESTRADA REAL

No rumo, na rota , no traço
uma estrada real sangra meus olhos.

Parto com Beatles a meu lado
ora cantam
ora apenas orquestrados
ora apenas sussurrados.

O sol ao meio
as nuvens na ponta do para-brisas
o vento de acordes doces.

No caminho, um aceno do pai na beira da estrada,
no outro lado, a mãe me sorri,
mais à frente vejo avôs e avós que me estendem as mãos.

No azul do céu mineiro uma seta desenhada cuidadosamente
por tios e tias como se preparassem uma festa de batizado.

Esse é meu torrão.
Essa é a minha vereda, a minha picada.
Estou entre os meus.

Tiradentes corre nas minhas veias.

PATAS DE CAVALOS

Há que se ter medo.
Há que se ter cuidados
Há que se ter ouvidos, olhos e mãos de entender.
Há que se confidenciar a poucos.
Há que se omitir de muitos.
A pata, a opressão, a chibata, a inaceitação.
Seguem-nos, cercam-nos, amordaçam-nos

Calam-nos, sem perdão.
São muitos.

TELHADOS, EIRAS E BEIRAS

No cume do sonho a liberdade
No alto do monte a reflexão
Saltando por bandas, perseguindo uma flama, a vez
Juntando pedras e marcas a torre de um ideário libertador
Telhados, eiras, beiras escondem presságios devastadores

O que nos esperará ao final dessa outra derrama?

ESTRADA, DERRAMA, ÓDIO

Passadas largas
tropeços
Passadas curtas
tormentas

Passadas trôpegas
Medo.

Quem vem lá?

É dia
Há pedras
Há marcas
Há dores
Há gritos
Há ferros
Há fogo
Há brasas
Há mortes.

Quem vem lá?
É noite.
Há choro
Há cortes
Há súplicas
Há berros
Há arrependimentos
Há delações
Há entregas
Há torturas
Há conspirações.
Há corpos.
Há retalhos de corpos.
Há deflagração de ódio.

Para sempre.

”Minas são muitas” – Guimarães Rosa

Poesias: Odonir Oliveira

Fotos de arquivo pessoal (Ouro Preto e Tiradentes)

Vídeo: Canal Marcus Messias

Muitos alferes

BLOCO DURO

missa na catedral
corpo pendurado
corpo exilado
corpo seviciado
corpo sumido
corpo meu
corpo teu
corpo nosso
corpos nisso
imagens distorcidas
vozes sufocadas
portas lacradas
estupor
angústia
fel
vinagre
dominicanos
dor.
bloco na rua
blocos nas ruas
vielas becos travessas
melodias amordaçadas
sonhos torturados
medos.

UNIDOS ESCOLA DA RESISTÊNCIA

Eles não desistem
Eles não entregam
Eles não aceitam
Eles não acatam
Atacam.
Vígílias nos blocos duros?
Vigília nos blocos dos famintos.
Vigília nos blocos dos solidários.
Vigiai.
Sempre.

ESTRADA, DERRAMA, ÓDIO

Passadas largas
tropeços
Passadas curtas
tormentas

Passadas trôpegas
Medo.

Quem vem lá?

É dia
Há pedras
Há marcas
Há dores
Há gritos
Há ferros
Há fogo
Há brasas
Há mortes.

Quem vem lá?
É noite.
Há choro
Há cortes
Há súplicas
Há berros
Há arrependimentos
Há delações
Há entregas
Há torturas
Há conspirações.
Há corpos.
Há retalhos de corpos.
Há deflagração de ódio.

Para sempre.

CONFIDÊNCIAS A MINEIROS

Nesse século dezoito, nas pedras em que vivo,
correm notícias ao pé do ouvido
são encontros secretos de vontades rebeldes
são encontros secretos de amores proibidos
percorro becos e vielas
salto calçadas em ritmo lépido
contorno esquinas
atravesso pontes
salto muros

Ali está ele
lá estão também eles.
Há luz na morada de uns
Há espera nas derramas dos outros

PATAS DE CAVALOS

Há que se ter medo.
Há que se ter cuidados
Há que se ter ouvidos, olhos e mãos de entender.
Há que se confidenciar a poucos.
Há que se omitir de muitos.
A pata, a opressão, a chibata, a inaceitação.
Seguem-nos, cercam-nos, amordaçam-nos

Calam-nos, sem perdão.
São muitos.

CAMINHOS DE PEDRAS

Quem era ela que acreditava nas águas dos rios?
Quem era ela que assobiava com os passarinhos naquelas manhãs?
Quem era ela que costurava panos leves de enfeitar venezianas solares?
Quem era ela que contava janelas coloridas em ruas de inconfidentes?
Quem era ela que pintava cores em telas desbotadas de perfumes?
Quem era ela que dedicava o olhar para uma única paisagem?
Quem era ela que saltitava pedra por pedra na trilha de ser?

REFÚGIO SECULAR

Quando desavisadamente
o céu mineiro quer me ensinar
bate forte em mim
bate forte na memória do real vivido.

Então fujo
Então me escondo
Então me deixo dormitar
no colo das montanhas
nas pedras do penar
no alvorecer, no entardecer
do desenho das montanhas.

Somos apenas nós
elas e eu
segredando verdades
acolhendo súplicas
curando feridas sempre abertas.

Se há alegrias … Tiradentes.
Se há tristezas … Tiradentes.

Somos confidentes,
secularmente.

Poesias: Odonir Oliveira

Fotos de arquivo pessoal (Tiradentes e Ouro Preto)

Vídeos:

1- Canal eloir dreyer

2- Canal regoneta

Sim ao Brasil !

 

BRASIS

UMA ESTRADA REAL

No rumo, na rota , no traço
uma estrada real sangra meus olhos.
Parto com Beatles a meu lado
ora cantam
ora apenas orquestrados
ora apenas sussurrados.

O sol ao meio
as nuvens na ponta do para-brisas
o vento de acordes doces.
No caminho, um aceno do pai na beira da estrada,
no outro lado, a mãe me sorri,
mais à frente vejo avôs e avós que me estendem as mãos.
No azul do céu mineiro uma seta desenhada cuidadosamente
por tios e tias como se preparassem uma festa de batizado.
Esse é meu torrão.
Essa é a minha vereda, a minha picada.
Estou entre os meus.
Tiradentes corre nas minhas veias.

ESTRADA, DERRAMA, ÓDIO

Passadas largas
tropeços
Passadas curtas
tormentas
Passadas trôpegas
Medo.

Quem vem lá?
É dia
Há pedras
Há marcas
Há dores
Há gritos
Há ferros
Há fogo
Há brasas
Há mortes.

Quem vem lá?
É noite.
Há choro
Há cortes
Há súplicas
Há berros
Há arrependimentos
Há delações
Há entregas
Há torturas
Há conspirações.
Há corpos.
Há retalhos de corpos.
Há deflagração de ódio.
Para sempre.

DEMOCRACIA

Bandeiras flamulando
Gente nas ruas
Papeis picados, santinhos, faixas
Músicas pelas ruas.
Votar pela primeira vez.

Participar da Nação
Encontrar caminhos, buscar soluções, acreditar nas mudanças.
Votar pela primeira vez.

Voto do rico igual ao do pobre
Ilusão de justiça
Ilusão de solidariedade
Ilusão de igualdade.
Por quê?

QUERO UM PAÍS NAÇÃO

Quero rios admiráveis
brasileiros amáveis
de dentes completos
com cultura acessível
beijos amistosos
abraços sinceros
sonhos realizáveis
desejos coletivos
alegrias sociais
barrigas cheias de letras
barrigas cheias de eletricidade
barrigas cheias de água potável
barrigas cheias de ruas saneadas e saudáveis
barrigas cheias de pensamentos e reflexões.

Quero gente dançando e reivindicando
Quero caminhadas e blocos de ritmos, em consagração
Quero jovens plenos de conhecimento e decisão
Quero irmãos vivendo com mais merecimento e menos sofrimento
Quero mais paz nas ruas, no campo, na lua.
Quero olhar o céu como quem já se vai
deixando um país nação
mais intenso a todos
os que nele ficarão.

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Poesias: Odonir Oliveira

Vídeo: Canal Odonir Oliveira

21 de abril, do povo brasileiro

UMA ESTRADA REAL

No rumo, na rota , no traço
uma estrada real sangra meus olhos.
Parto com Beatles a meu lado
ora cantam
ora apenas orquestrados
ora apenas sussurrados.
O sol ao meio
as nuvens na ponta do para-brisas
o vento de acordes doces.
No caminho, um aceno do pai na beira da estrada,
no outro lado, a mãe me sorri,
mais à frente vejo avôs e avós que me estendem as mãos.
No azul do céu mineiro uma seta desenhada cuidadosamente
por tios e tias como se preparassem uma festa de batizado.
Esse é meu torrão.
Essa é a minha vereda, a minha picada.
Estou entre os meus.
Tiradentes corre nas minhas veias.

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PEDINDO ESTRADA

Paro, que gosto de respirar mato.
Paro, que gosto de beber ar de rio.
Paro, que nada pode ser mais sensual que nuvens de algodão doce no céu.
Paro, que gosto de ouvir o som do nada cortado pelo bucolismo de mim.
Paro, porque meu sonho, meu lirismo, minha rima pedem estrada.

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CAMINHOS DE PEDRAS

Quem era ela que acreditava nas águas dos rios?
Quem era ela que assobiava com os passarinhos naquelas manhãs?
Quem era ela que costurava panos leves de enfeitar venezianas solares?
Quem era ela que contava janelas coloridas em ruas de inconfidentes?
Quem era ela que pintava cores em telas desbotadas de perfumes?
Quem era ela que dedicava o olhar para uma única paisagem?
Quem era ela que saltitava pedra por pedra na trilha de ser?

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PATAS DE CAVALOS

Há que se ter medo.
Há que se ter cuidados
Há que se ter ouvidos, olhos e mãos de entender.
Há que se confidenciar a poucos.
Há que se omitir de muitos.
A pata, a opressão, a chibata, a inaceitação.
Seguem-nos, cercam-nos, amordaçam-nos
Calam-nos, sem perdão.
São muitos.

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TELHADOS, EIRAS E BEIRAS

No cume do sonho a liberdade
No alto do monte a reflexão
Saltando por bandas, perseguindo uma flama, a vez
Juntando pedras e marcas a torre de um ideário libertador
Telhados, eiras, beiras escondem presságios devastadores
O que nos esperará ao final dessa outra derrama?

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ESTRADA, DERRAMA, ÓDIO

Passadas largas
tropeços
Passadas curtas
tormentas
Passadas trôpegas
Medo.
Quem vem lá?
É dia
Há pedras
Há marcas
Há dores
Há gritos
Há ferros
Há fogo
Há brasas
Há mortes.
Quem vem lá?
É noite.
Há choro
Há cortes
Há súplicas
Há berros
Há arrependimentos
Há delações
Há entregas
Há torturas
Há conspirações.
Há corpos.
Há retalhos de corpos.
Há deflagração de ódio.
Para sempre.

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ONTEM HOJE AMANHÃ

uma estrada de trem de ferro.
uma estação de trem de ferro.
gente dentro do trem de ferro
gente fora do trem de ferro
gente de ontem
gente de hoje
gente do amanhã.
Eu?  Apenas contemplo…

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TERRA DE MINAS

Que bondade tem o garoto mineiro que ajuda a carregar embrulhos, mesmo sem precisão…
Que prosaico é aquele “cê bobo” ao final das frases coloquiais …
Que vontade é essa de ficar sentado na praça a tocar causos e prosas até o entardecer…
Que permissivo é esse tom de confidência de quem jamais nos viu antes …
Que adocicado é esse olhar de matutagem espalhado pelas calçadas …
Que coisa caseira é essa que me enternece de água os olhos …
Talvez seja encontro de sangue mineiro com sangue mineiro.
Talvez seja um ponto de vista repleto de montanhas .
Talvez seja essa vontade de encontrar o que uma vez se perdeu em mim.

Poemas: Odonir Oliveira

Fotos de arquivo pessoal : Tiradentes, abril 2016

1º Vídeo: Canal  TMusicaCanal   

2º Vídeo: Canal bananaetc

3º Vídeo: Canal Odonir Oliveira