A História sempre se constrói com causas e consequências; buscar fontes, investigar fatos, formar conhecimento é papel de qualquer cidadão.
TELHADOS, EIRAS E BEIRAS
No cume do sonho a liberdade No alto do monte a reflexão Saltando por bandas, perseguindo uma flama, a vez Juntando pedras e marcas a torre de um ideário libertador Telhados, eiras, beiras escondem presságios devastadores
O que nos esperará ao final dessa outra derrama?
Vídeo: ” Guardado a sete chaves: entenda as expressões da época do Império que usamos até hoje”– Canal Band Jornalismo
Os pé rapados na porta das Igrejas mineiras no século XVIII
A História sempre se constrói com causas e consequências; buscar fontes, investigar fatos, formar conhecimento é papel de qualquer cidadão.
Cartaz desenhado no Centro Histórico de São João Del Rei- MG
ENTREGANDO O OURO MINEIRO
Vídeo: “Descubra detalhes sobre a Conjuração Mineira”– Canal Band Jornalismo
Vídeo: “Ouro do Brasil ajudou reconstrução de Lisboa”– Canal Band Jornalismo
MEU ENCONTRO COM JOAQUIM SILVÉRIO DOS REIS
AUTOR: Murillo Soares Barreto – 7ª A– 14 anos
Vou contar uma conversa, uma simples conversa, mas que mudou todo um movimento.
Lá estava eu andando pela CASA DOS CONTOS, quando avistei, ao fundo de uma sala escura, um homem. Me aproximei para ver e lá estava Joaquim Silvério dos Reis, um militar de nosso movimento. Lá estava ele, cabisbaixo. Na mão, um copo e na mesa uma garrafa de vinho quase vazia.
– Posso me sentar? – perguntei, já puxando uma cadeira.
– Claro!
– Então, Joaquim, todos já se foram e o que você está fazendo aqui?
– Bebendo, bebendo, para esquecer os problemas.
– Mas que problemas, a Conjuração vem seguindo tão bem?
– Ah, a Conjuração, a maldita CONJURAÇÃO. Mas quer saber, eu sou humano e como qualquer ser humano, tenho problemas! Todos vocês só se preocupam com esse movimento e se esquecem de que têm famílias e vidas para cuidar!
Percebi que Joaquim estava tenso. Pensei que talvez a bebida o tivesse deixado tão nervoso. Alguns minutos de silêncio e resolvi tentar descobrir o que estava havendo com ele.
– Me desculpe, talvez tenha sido inconveniente. Vou me retirar, com licença.
– Não, fique. Sinto que se eu ficar sozinho, vou acabar fazendo uma besteira.
– Então me conte o que está acontecendo, Joaquim, só assim poderei ajudá-lo.
– Ninguém nesse mundo além de mim pode me ajudar.
– Mas, talvez, desabafar, ajude.
– Pois bem, afinal não tenho nada a perder. É o seguinte: eu estava em um dilema entre a lealdade e a paz definitiva.
– Não entendo.
– Bem, tudo se concretiza assim: eu estou falido, endividado na Corte e não são dívidas pequenas, mas se por acaso eu acabasse com toda essa CONJURAÇÃO, a delatando ao Visconde de Barbacena, tenho certeza de que minhas dívidas estariam completamente quitadas.
– Joaquim, você tem consciência do que está dizendo? Se fizer isso, além do movimento, a vida de todos nós estará acabada.
– E você acha que não estou pensando nisso também?!
– Chega, não vou ficar aqui ouvindo isso. Faça o que vier em sua cabeça e o que você achar melhor. Só que se eu tiver que lutar por meus companheiros, vou lutar, mesmo que tenha de lutar contra você.
Depois de me retirar da sala, pensei que talvez tivesse sido rude demais com Joaquim, mas decidi deixar que o destino levasse tudo aquilo à diante.
Nesse século dezoito, nas pedras em que vivo, correm notícias ao pé do ouvido são encontros secretos de vontades rebeldes são encontros secretos de amores proibidos percorro becos e vielas salto calçadas em ritmo lépido contorno esquinas atravesso pontes salto muros
Ali está ele lá estão também eles. Há luz na morada de uns Há espera nas derramas dos outros
Significado de Rapsódia substantivo feminino Nome dado a certas composições musicais e poéticas, definidas por serem livres e muito emocionais: na Grécia antiga, dava-se o nome de rapsódia a um poema épico para ser recitado. [Literatura] Cada um dos livros e dos contos escritos por Homero (século VIII a.C ). [Literatura] Subdivisão ou parte separada de um poema. [Literatura] Poema épico que, sobre uma nação, se pauta em históricos, entrelaçados com a lenda, o maravilhoso ou a Mitologia. [História] Na antiga Grécia, trecho de um poema épico para ser cantado por um rapsodo (poeta popular que ia de cidade em cidade recitando poemas épicos). Etimologia (origem da palavra rapsódia). Do latim rhapsodia.ae; pelo grego rhapsodía. Para que se entenda melhor o conceito de rapsódia, no que se refere à música, esse é o termo empregado a uma obra que possui um único movimento, mas que tem a sua estrutura acontecendo de maneira livre e onde se faz a conexão de vários “episódios” com características distintas. Isso caracteriza uma rapsódia, no âmbito da música. Outros exemplos de rapsódias são: Rapsódias húngaras (Franz Liszt), Première Rhapsodie (Claude Debussy), Rapsódia croata (Maksim Mrvica), e Rapsódia sobre um tema de Paganini (Sergei Rachmaninoff). Uma outra definição para uma rapsódia seria que ela é quase que uma espécie de improviso musical. Já que nela há não apenas variações de intensidade e de ritmo, mas também variações de tonalidade, etc. Para que se entenda melhor o conceito de rapsódia, no que se refere a música, esse é o termo empregado a uma obra que possui um único movimento, mas que tem a sua estrutura acontecendo de maneira livre e onde se faz a conexão de vários “episódios” com características distintas. Isso caracteriza uma rapsódia, no âmbito da música. Outros exemplos de rapsódias são: Rapsódias húngaras (Franz Liszt), Première Rhapsodie (Claude Debussy), Rapsódia croata (Maksim Mrvica), e Rapsódia sobre um tema de Paganini (Sergei Rachmaninoff). Uma outra definição para uma rapsódia seria que ela é quase que uma espécie de improviso musical. Já que nela há não apenas variações de intensidade e de ritmo, mas também variações de tonalidade, etc.
É dia Há pedras Há marcas Há dores Há gritos Há ferros Há fogo Há brasas Há mortes.
Quem vem lá? É noite. Há choro Há cortes Há súplicas Há berros Há arrependimentos Há delações Há entregas Há torturas Há conspirações. Há corpos. Há retalhos de corpos. Há deflagração de ódio.
Para sempre.
DEMOCRACIA
Bandeiras flamulando
Gente nas ruas
Papeis picados, santinhos, faixas
Músicas pelas ruas.
Votar pela primeira vez.
Participar da Nação
Encontrar caminhos, buscar soluções, acreditar nas mudanças.
Votar pela primeira vez.
Voto do rico igual ao do pobre
Ilusão de justiça
Ilusão de solidariedade
Ilusão de igualdade.
Por quê?
QUERO UM PAÍS NAÇÃO
Quero rios admiráveis
brasileiros amáveis
de dentes completos
com cultura acessível
beijos amistosos
abraços sinceros
sonhos realizáveis
desejos coletivos
alegrias sociais
barrigas cheias de letras
barrigas cheias de eletricidade
barrigas cheias de água potável
barrigas cheias de ruas saneadas e saudáveis
barrigas cheias de pensamentos e reflexões.
Quero gente dançando e reivindicando
Quero caminhadas e blocos de ritmos, em consagração
Quero jovens plenos de conhecimento e decisão
Quero irmãos vivendo com mais merecimento e menos sofrimento
“O autor da frase da bandeira de Minas seria o poeta Inácio José de Alvarenga Peixoto, mais conhecido pelos seus dois últimos sobrenomes. Ele também foi um dos inconfidentes e teria se inspirado em um verso das Bucólicas (1.27), do grande poeta romano Virgílio: “Libertas, quæ sera tamen, respexit inertem“, cuja tradução é “Liberdade, a qual, embora tarde, (me) viu inerte”.
Há controvérsias sobre a tradução de “Libertas Quæ Sera Tamen”, que para alguns seria “Liberdade ainda que tardia, todavia…”, o que não faria sentido. Então, para os que defendem essa tradução a frase correta para a bandeira seria “Libertas Quæ Sera”, sem o “Tamen”. Certo ou errado, assim perderíamos o famoso meme do “Bão Tamen” usando a bandeira de Minas e fazendo um trocadilho com o sotaque mineiro.
Antes que se chegasse à frase escolhida, no entanto, outras sugestões foram consideradas (todas em latim). Cláudio Manuel da Costa sugeriu os lemas: “Libertas a quo spiritu” (Liberdade do espírito) e “Aut libertas aul nihil” (Ou liberdade ou nada). Como podemos notar, o que havia em comum entre todos eles era a palavra “liberdade”, que de toda forma estaria na bandeira de Minas Gerais.”
TIRADENTES “Entrega delata Fala Aponta Trai” Então, puna fira corte retalhe desfibre salgue pendure. Exiba Impeça. Liberdade, Plácido, Liberdade ainda que tardia. Aqui Junto de ti.
CONFIDÊNCIAS A MINEIROS
Nesse século dezoito, nas pedras em que vivo, correm notícias ao pé do ouvido são encontros secretos de vontades rebeldes são encontros secretos de amores proibidos percorro becos e vielas salto calçadas em ritmo lépido contorno esquinas atravesso pontes salto muros
Ali está ele lá estão também eles. Há luz na morada de uns Há espera nas derramas dos outros
Tenho ouro em mim.
PATAS DE CAVALOS Há que se ter medo. Há que se ter cuidados Há que se ter ouvidos, olhos e mãos de entender. Há que se confidenciar a poucos. Há que se omitir de muitos. A pata, a opressão, a chibata, a inaceitação. Seguem-nos, cercam-nos, amordaçam-nos Calam-nos, sem perdão. São muitos.
ESTRADA, DERRAMA, ÓDIO Passadas largas tropeços Passadas curtas tormentas Passadas trôpegas Medo. Quem vem lá? É dia Há pedras Há marcas Há dores Há gritos Há ferros Há fogo Há brasas Há mortes. Quem vem lá? É noite. Há choro Há cortes Há súplicas Há berros Há arrependimentos Há delações Há entregas Há torturas Há conspirações. Há corpos. Há retalhos de corpos. Há deflagração de ódio. Para sempre.
SENTIDO HISTÓRICO
Quer saber que conhecer quer viver caminha por estas ladeiras observa as patas dos cavalos da história enxerga as colunas e os pórticos das igrejas namora os alpendres das moradas alisa os encantos barrocos ouve as vozes sufocadas por movimentos debelados adentra as cadeias públicas bebe a bebida da terra come a comida da terra escuta as histórias da terra sonha os sonhos dos sertões reza suas procissões eternas reconhece Brasil por aqui. E volta. Ou então fica para sempre.
TERRA MINEIRA
Toda toada enterra um topo um trono um teto. Todo terreno tanto semeia um pomo um botão um perfume um sabor um tempo. Vivenda do sobrenome vivenda de ares e ventos vivenda de céu coalhado de estrelas vivenda fértil vivenda da vinda vivenda da volta vivenda semeada. Toda toada encerra um ponto um pouso um corpo.
Poesias: Odonir Oliveira
Fotos de arquivo pessoal: Tiradentes, Ouro Preto (Vila Rica) – MG
CONFESSIONAIS I É um ponto é uma meta é um rumo. Persigo sigo avanço. II Entranhas, noites, sussurros, segredos histórias, cumplicidades, desvãos Um leque, uma moeda, um retrato um terço um meio um décimo de vidas um centésimo de tristezas um milésimo de revelações. Revelações de últimos meses, de últimos dias e horas. Confidências insuspeitáveis. III Bato à porta, que fechada, me permite contemplações Bato à porta, que inerte, me permite reflexões. Bato à porta, que signo, me conduz a leituras internas. Adentro o adro sagrado, profana que ainda sou. Bato à porta. IV Cruzeiro de joelhos ainda que doam e sangrem feito penitência ignorada. Cruzeiro do madeiro bento Cruzeiro da Senhora do Carmo respondendo por mim entendendo a mim respondendo a mim. Cruzeiro cheio de luz dos dias frios de junho. Minas escorrendo sempre por minhas veias. V Luzes em penumbra altares, sinos e santos toalhas brancas, presépios, mistérios, ritos de vida e de morte, encontros domésticos, casuais, sacramentados, flores brancas, perfume de rosas, jasmins, camélias e cravos brancos Silêncios sigilosos de evocações Humanos, sagrados pecadores.
É dia Há pedras Há marcas Há dores Há gritos Há ferros Há fogo Há brasas Há mortes.
Quem vem lá? É noite. Há choro Há cortes Há súplicas Há berros Há arrependimentos Há delações Há entregas Há torturas Há conspirações. Há corpos. Há retalhos de corpos. Há deflagração de ódio.
Para sempre.
ORAÇÃO
CONFIDÊNCIAS A MINEIROS Nesse século dezoito, nas pedras em que vivo, correm notícias ao pé do ouvido são encontros secretos de vontades rebeldes são encontros secretos de amores proibidos percorro becos e vielas salto calçadas em ritmo lépido contorno esquinas atravesso pontes salto muros Ali está ele lá estão também eles. Há luz na morada de uns Há espera nas derramas dos outros Tenho ouro em mim.
TESTEMUNHOS
PATAS DE CAVALOS Há que se ter medo. Há que se ter cuidados Há que se ter ouvidos, olhos e mãos de entender. Há que se confidenciar a poucos. Há que se omitir de muitos. A pata, a opressão, a chibata, a inaceitação. Seguem-nos, cercam-nos, amordaçam-nos Calam-nos, sem perdão. São muitos.
TELHADOS, EIRAS E BEIRAS No cume do sonho a liberdade No alto do monte a reflexão Saltando por bandas, perseguindo uma flama, a vez Juntando pedras e marcas a torre de um ideário libertador Telhados, eiras, beiras escondem presságios devastadores O que nos esperará ao final dessa outra derrama?
PAZ Mundo, mundo, mundo você é muito maior que meu leito minha mesa minha casa meu homem . Não posso esquecer a rua, a cidade, o país. Meu mundo é muito maior do que uma rima.
RIBANCEIRA o pó da covardia empalidece a história no limiar da ação o medo ancestral na esteira da glória a fraqueza do caráter os compadrios coloniais a hipocrisia social contumaz o acordo dos cavalheiros semelhantes tudo repete o teatro dos costumes chicote nas mãos do capataz vilões mascarados de mocinhos sinhozinhos em gritos estridentes sangue correndo pernas abaixo dores em chagas sociais jogos de poder desenhando hipocrisias eternas falta coragem de formar fileiras falta coragem de traçar rumos falta coragem de tomar as rédeas a ribanceira espia os declínios a ribanceira não expia as culpas
Poesias: Odonir Oliveira
Fotos de arquivo pessoal: Ouro Preto e Mariana (agosto de 2017)
ainda que tarde arde ainda que tarde queima ainda que tarde sofre ainda que tarde chora ainda que tarde maltrata ainda que tarde discrimina
ainda que tarde luta ainda que tarde age ainda que tarde grita ainda que tarde executa ainda que tarde corta ainda que tarde extirpa
ainda que tarde acolhe salva liberta
UMA ESTRADA REAL
No rumo, na rota , no traço uma estrada real sangra meus olhos.
Parto com Beatles a meu lado ora cantam ora apenas orquestrados ora apenas sussurrados.
O sol ao meio as nuvens na ponta do para-brisas o vento de acordes doces.
No caminho, um aceno do pai na beira da estrada, no outro lado, a mãe me sorri, mais à frente vejo avôs e avós que me estendem as mãos.
No azul do céu mineiro uma seta desenhada cuidadosamente por tios e tias como se preparassem uma festa de batizado.
Esse é meu torrão. Essa é a minha vereda, a minha picada. Estou entre os meus.
Tiradentes corre nas minhas veias.
PATAS DE CAVALOS
Há que se ter medo. Há que se ter cuidados Há que se ter ouvidos, olhos e mãos de entender. Há que se confidenciar a poucos. Há que se omitir de muitos. A pata, a opressão, a chibata, a inaceitação. Seguem-nos, cercam-nos, amordaçam-nos
Calam-nos, sem perdão. São muitos.
TELHADOS, EIRAS E BEIRAS
No cume do sonho a liberdade No alto do monte a reflexão Saltando por bandas, perseguindo uma flama, a vez Juntando pedras e marcas a torre de um ideário libertador Telhados, eiras, beiras escondem presságios devastadores
É dia Há pedras Há marcas Há dores Há gritos Há ferros Há fogo Há brasas Há mortes.
Quem vem lá? É noite. Há choro Há cortes Há súplicas Há berros Há arrependimentos Há delações Há entregas Há torturas Há conspirações. Há corpos. Há retalhos de corpos. Há deflagração de ódio.
Para sempre.
”Minas são muitas” – Guimarães Rosa
Poesias: Odonir Oliveira
Fotos de arquivo pessoal (Ouro Preto e Tiradentes)
missa na catedral corpo pendurado corpo exilado corpo seviciado corpo sumido corpo meu corpo teu corpo nosso corpos nisso imagens distorcidas vozes sufocadas portas lacradas estupor angústia fel vinagre dominicanos dor. bloco na rua blocos nas ruas vielas becos travessas melodias amordaçadas sonhos torturados medos.
UNIDOS ESCOLA DA RESISTÊNCIA
Eles não desistem Eles não entregam Eles não aceitam Eles não acatam Atacam. Vígílias nos blocos duros? Vigília nos blocos dos famintos. Vigília nos blocos dos solidários. Vigiai. Sempre.
É dia Há pedras Há marcas Há dores Há gritos Há ferros Há fogo Há brasas Há mortes.
Quem vem lá? É noite. Há choro Há cortes Há súplicas Há berros Há arrependimentos Há delações Há entregas Há torturas Há conspirações. Há corpos. Há retalhos de corpos. Há deflagração de ódio.
Para sempre.
CONFIDÊNCIAS A MINEIROS
Nesse século dezoito, nas pedras em que vivo, correm notícias ao pé do ouvido são encontros secretos de vontades rebeldes são encontros secretos de amores proibidos percorro becos e vielas salto calçadas em ritmo lépido contorno esquinas atravesso pontes salto muros
Ali está ele lá estão também eles. Há luz na morada de uns Há espera nas derramas dos outros
PATAS DE CAVALOS
Há que se ter medo. Há que se ter cuidados Há que se ter ouvidos, olhos e mãos de entender. Há que se confidenciar a poucos. Há que se omitir de muitos. A pata, a opressão, a chibata, a inaceitação. Seguem-nos, cercam-nos, amordaçam-nos
Calam-nos, sem perdão. São muitos.
CAMINHOS DE PEDRAS
Quem era ela que acreditava nas águas dos rios? Quem era ela que assobiava com os passarinhos naquelas manhãs? Quem era ela que costurava panos leves de enfeitar venezianas solares? Quem era ela que contava janelas coloridas em ruas de inconfidentes? Quem era ela que pintava cores em telas desbotadas de perfumes? Quem era ela que dedicava o olhar para uma única paisagem? Quem era ela que saltitava pedra por pedra na trilha de ser?
REFÚGIO SECULAR
Quando desavisadamente o céu mineiro quer me ensinar bate forte em mim bate forte na memória do real vivido.
Então fujo Então me escondo Então me deixo dormitar no colo das montanhas nas pedras do penar no alvorecer, no entardecer do desenho das montanhas.
Somos apenas nós elas e eu segredando verdades acolhendo súplicas curando feridas sempre abertas.
Se há alegrias … Tiradentes. Se há tristezas … Tiradentes.
Somos confidentes, secularmente.
Poesias: Odonir Oliveira
Fotos de arquivo pessoal (Tiradentes e Ouro Preto)
No rumo, na rota , no traço
uma estrada real sangra meus olhos.
Parto com Beatles a meu lado
ora cantam
ora apenas orquestrados
ora apenas sussurrados.
O sol ao meio
as nuvens na ponta do para-brisas
o vento de acordes doces.
No caminho, um aceno do pai na beira da estrada,
no outro lado, a mãe me sorri,
mais à frente vejo avôs e avós que me estendem as mãos.
No azul do céu mineiro uma seta desenhada cuidadosamente
por tios e tias como se preparassem uma festa de batizado.
Esse é meu torrão.
Essa é a minha vereda, a minha picada.
Estou entre os meus.
Tiradentes corre nas minhas veias.
Quem vem lá?
É dia
Há pedras
Há marcas
Há dores
Há gritos
Há ferros
Há fogo
Há brasas
Há mortes.
Quem vem lá?
É noite.
Há choro
Há cortes
Há súplicas
Há berros
Há arrependimentos
Há delações
Há entregas
Há torturas
Há conspirações.
Há corpos.
Há retalhos de corpos.
Há deflagração de ódio.
Para sempre.
DEMOCRACIA
Bandeiras flamulando
Gente nas ruas
Papeis picados, santinhos, faixas
Músicas pelas ruas.
Votar pela primeira vez.
Participar da Nação
Encontrar caminhos, buscar soluções, acreditar nas mudanças.
Votar pela primeira vez.
Voto do rico igual ao do pobre
Ilusão de justiça
Ilusão de solidariedade
Ilusão de igualdade.
Por quê?
QUERO UM PAÍS NAÇÃO
Quero rios admiráveis
brasileiros amáveis
de dentes completos
com cultura acessível
beijos amistosos
abraços sinceros
sonhos realizáveis
desejos coletivos
alegrias sociais
barrigas cheias de letras
barrigas cheias de eletricidade
barrigas cheias de água potável
barrigas cheias de ruas saneadas e saudáveis
barrigas cheias de pensamentos e reflexões.
Quero gente dançando e reivindicando
Quero caminhadas e blocos de ritmos, em consagração
Quero jovens plenos de conhecimento e decisão
Quero irmãos vivendo com mais merecimento e menos sofrimento
Quero mais paz nas ruas, no campo, na lua.
Quero olhar o céu como quem já se vai
deixando um país nação
mais intenso a todos
os que nele ficarão.