Romance romântico

Quem um dia irá dizer
Que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração?
E quem irá dizer
Que não existe razão?

(”Eduardo e Mônica”- Renato Russo)

”O bar, o rio, a ponte”
(”Ambulantes da margem do rio”)

Outro dia li uma entrevista de Paula Lavigne onde afirmava ”Você viu no dia que o Caetano quis bater papo de Nietzsche e Heidegger comigo? (risos)  Eu falei, gente, não dá! Liga para um amigo seu! (risos)’, completava perguntando ”O que não entendem é que é que se eu ficasse babando o Caetano, falando que tudo que ele faz é lindo, sem dar opinião, ele não estaria comigo, né, gente?”… – Refleti sobre as palavras dela (nas palavras dela,né, nas dela) que há homens que preferem certos perfis de mulheres a outros. ”É a vida” – como diria Saramago.

Veja mais em: https://ninalemos.blogosfera.uol.com.br/2020/08/21/caetano-e-eu-nao-brigamos-nenhuma-vez-na-quarentena-diz-paula-lavigne/

(”Caravana” )

UM HOMEM, UMA MULHER

Sentiu um cheiro de mulher fatal nas palavras agressivas que destilava no Face. Gostou daquilo. De madrugada, sem que muitos se apercebessem postou um poema erótico de poeta feminina, ao responder algo postado por ela. Tinha traquejo nessas atividades, em sites de relacionamento. Sempre com picardia, atrás de um nick, mas se insinuando a uma, à outra, quem caísse na rede era peixe. Foi seguindo, na turma do gargarejo, por celular, mesmo quando estava distante, em estradas, viradas, picadas, veredas. Aspergia o sêmen autoritário – mas cabotino de beija-flor – ‘‘quem me quiser que venha ao meu jardim”, chamava pelas borboletas. E dá-lhe imagens de paisagens, versos de poetas consagrados, canções de efeito arrasador. Ele seguia.

Podia-se jurar que era mesmo sincero.

Ela sentiu o cheiro da competição feminina. Gostava de ser a desejada, a solicitada, a engraçada, a rainha da MPB. Entrou naquilo de cabeça. Foi atrás dele ”de véspera”. Entregou-se a ele, mas precisava demonstrar que ‘‘não era bem assim, ninguém é de ninguém, o bom de hoje é que a gente vai, mas no outro dia volta livre, leve e solta”. Era o seu número, companhia na cachaça, nas aleivosias, na iconoclastia genérica, nos disfarces. Mentia às amigas, aos conhecidos, que não tinha nada com ele “O peixe é pro fundo das redes, Segredo é pra quatro paredes”, entretanto em todos os fins de semana varava os céus de avião ao encontro dele em outro estado; em feriados, corriam para os mares do sul da Bahia, de mochila e cuia. Depois, seduziu a família do homem, condição essencial para efetivação no cargo (ele, sempre de quatro por ela, mas sem passar recibo, mentindo para amigos, conhecidos ”mulher tem muitas, fez doce, corro pra outra”).

Ora, ora, direis “E o que vocês têm com isso?” Pois é, sabe que nada. Apenas apreciar os fatos e escrever-se narrativas sobre eles. Aliás, bastante comuns, vulgares, tamanha a sua recorrência, não é mesmo? Aposto e ganho que você conhece outras narrativas semelhantes, alterados apenas tempo, espaço, foco narrativo …

”Instinto de sobrevivência” – me escreveu uma amiga, ao ler a história.

Normal. Velho normal.

”Paineira velha’

Texto: Odonir Oliveira

Imagens retiradas da Internet

Fotos de arquivo pessoal

1- Canal Radial by The Orchard

2- Canal Vander Lee Oficial

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