Rio, mas Rio antigo

MANHÃS DE CHUVA
Quão poéticas são as manhãs de chuva
pingos nas calçadas
pingos de lembranças
pingos de alegrias e tristezas
pingos de saudades
Quão poéticas são as manhãs de chuva
quando as igrejas centenárias lavam calvários
quando as janelas namoram as ruas
quando os sons da chuva entoam canções
Quão poéticas são as manhãs de chuva
ao brincarmos nas poças qual crianças
ao fugirmos das gotas qual adultos
ao sentirmos o arrefecer das ilusões qual amantes traídos
Quão poéticas são as manhãs de chuva
pingos de céu
pingos de carícias
pingos de amores
Quão poéticas são as manhãs de chuva, meu Deus !

O VELHO NOVO
Meu Rio antigo é sonho
conheço a história fazendo histórias
bebo suas ruas de pedras ao som dos sambas
danço cores de ruas no tom dos bambas
sou subúrbio mais que nada
zona sul é ilusão de gente deslumbrada
quem nunca viu mar
quando vê se lambuza
usa e abusa
sou reclusa das histórias
o velho novo circunda a poesia
corpos cheios de raízes de cortesias
primazias de cadeiras nas calçadas de vilas
bandeirinhas enfeitando becos e subidas
sou nascida e criada no interior
Rio, só o antigo
percorro o Rio na minha imaginação
cronistas do Rio histórico sambam as ladeiras em mim
sou a veia vermelha do combate índio
Estácio de Sá está
Arariboia lá
sou Guanabara
sou Niterói
sou carioca e fluminense
não pense
sinta
o Rio antigo.

Poesias: Odonir Oliveira

Fotos do Rio antigo: Odonir Oliveira

Vídeo: Canal Flávio Carrijo

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