Chico, 80

Canal Dalmo Pereira

Canal Biscoito Fino

Canal Assis Figueiredo

Canal tino certo

Canal Ella Droke

Amor nos céus

Crônica de domingo- Memórias póstumas

Como nascem os escritores

SEMENTES: Ouvir histórias é um composto orgânico natural? Pode ser. Ouvir histórias no rádio, escutar com ouvidos férteis a contação da professora, mesmo dos livros sem ilustrações, imaginar personagens, cenários, o que aconteceu depois do fim das narrativas. GERMINAÇÃO: Ah, as primeiras invencionices, logo depois da alfabetização, a atenção redobrada nas conversas de vizinhos, adultos, companheirinhos, tudo registrado, ampliado. FLORAÇÃO: Antologia de escritos em versos e prosas, os mestres da literatura como cerejas do bolo, bebendo nas fontes, pintando com cores e tons próprios – autoria em flor. FRUTIFICAÇÃO: Ventos assopram nas nuvens, na nuvem, o produto de anos de vidas.

As crianças do Clubinho da Leitura ouvem o poema e imaginam como seria “A menina que sabia dizer” e desenham o que imaginam.

A MENINA QUE SABIA DIZER

Entre casas de vila nasceu a menina.

De logo, acharam-lhe os dedos longos, de pianista famosa.

De rosto, encontraram nela traços de pimenta ardida

De observadora, perguntadeira, profetizaram sua inteligência.

Mas a menina gostava era de dizer.

A menina sabia dizer.

A menina tinha o que dizer.

A menina logo leu anúncios em bondes e trens em alto e bom som.

Depois, a menina escreveu palavras em paredes, portas e papeis.

Em muitos papeis.

A menina tinha palavras que lhe escorregavam pela língua,

saltando-lhe da boca infantil como pirilampos,

pairando em ouvidos alheios com assinatura.

A menina resolveu então

catar todas aquelas palavras que saltavam de si

reunindo-as em um ramalhete,

que de tão grande, tão grande, derramou-se por casas, ruas, avenidas…

Assim, muita gente pode saber o que a menina tinha tanto para dizer.

Depois de assistirem ao vídeo, concluem quem seria ”A menina que sabia dizer” e se surpreendem.

Texto e poesias: Odonir Oliveira

Foto de arquivo pessoal

Vídeo: Canal Odonir Oliveira

Uma sacada poética

FLORAÇÃO

Na rota, um porto
Na reta, um ponto
insípido inóspito infértil

No tronco, uns galhos
Nos galhos umas folhas
secas opacas estéreis

Alma no trajeto
Curvas no caminho amargo
Gotas de perfumes
Pingos de cores
Chuvas de flores
fertilidade, sedução
produção
Poesia
Caminhos doces então.

Poesia: Odonir Oliveira

Fotos de arquivo pessoal

Vídeo: Casa do Choro

Almanaque amoroso?

CONSELHOS E AUTO AJUDA PARA RELAÇÕES AMOROSAS?
-Qual é, cara?
Só sabe das dores quem por elas passou.
Fico pensando nas poetas e nos poetas que escreveram belíssimos versos sobre situações amorosas vividas, sabidas, observadas… e se alguém lhes viesse aconselhar com frases clichê para que desistissem de escrever sobre aquilo, de sofrer, que o que passou passou etc. quantas belíssimas páginas deixariam de ser escritas.
O que mais me incomoda é que quem faz isso, em geral, jamais viveu uma paixão, uma entrega, um mergulho, um sufocamento e se arvora a ser conselheiro ou orientador de situações amorosas. Geralmente são pessoas incapazes de escrever uma linha de cunho autoral, copiam, colam, reproduzem canções etc. mas resolvidos estão a palpitar nos assuntos alheios.
Deveriam se envergonhar de passarem anos a darem conselhos, prescreverem receituário inócuo – isso apenas os torna maçantes, enfadonhos, cacetes de serem suportados.
Poetas sofrem, sabia? Poetas sentem, poetas mergulham a se afogar como ninguém mais. Não minimize dores e cicatrizes alheias. Aprenda com elas, talvez, assim, se deliciando com os sentimentos, se saiba que cada um ama quando, como e a quem tiver de amar. Ocupe-se de outra coisa, pare de aconselhar, de traçar rumos para amores alheios. Será melhor.

Texto: Odonir Oliveira

Foto de arquivo pessoal

Vídeo: Canal Gustavo B. L.

Pra melhorar

AGRADECIMENTO
Aprendi a agradecer ao sol por ter-se aberto em dia.
Aprendi a agradecer à lua por coroar a noite.
Aprendi a agradecer aos campos por me trazerem esse cheiro de mato.
Aprendi a agradecer aos poetas por me perfumarem de versos.

Poesia: Odonir Oliveira

Fotos de arquivo pessoal: minhas flores

Vídeo: Canal Marisa Monte

Livros de poesias

Canal Caetano Veloso- Direção e Produção: Monique Gardenberg
Music video by Caetano Veloso performing Livros. © 1999 Universal Music Ltda

Por que você não lê poesia?

Talvez porque queira descobrir o que a motivou

e não a sentir apenas?

Talvez porque não tenha hábito acumulado de ler poesias?

Talvez porque queira fazer a mesma leitura que a do poeta?

Talvez porque ache poesia algo muito abstrato?

Talvez porque poesia exija muito de sua interpretação?

Talvez porque poesia requisite sua leitura de mundo?

Talvez porque não reconheça sua estrutura?

Talvez porque não saiba ler estrofes e sim verso a verso?

Talvez porque prefira o que não demande

sentir

refletir

imaginar?

Presenteie-se com o lirismo,

ainda que com as infantis

inicialmente apenas.

Depois mergulhe com nadadeiras.

Depois pratique saltos sem floreios.

Aí, então, mergulhe de cabeça

em saltos líricos ornamentais.

Sem medos.

Poesia: Odonir Oliveira

Fotos de arquivo pessoal: romanzeiro e romãs

Leio poetas diariamente

A CORAGEM DE SE DESNUDAR PUBLICAMENTE – Tenho me encantado com poemas de amor de jovens que não se envergonham de expor suas mazelas de amor, suas fraquezas, suas incongruências e se desnudam a cada verso, mostrando cada parte de sua alma, de seu eu – que poderia estar disfarçado, camuflado, envolto e preservado daquelas paixões. Estão ali em versos e estrofes completamente nus. Na metáfora do lirismo, divago e lhes imagino os corpos nus em praça pública, com suas imperfeições, suas marcas e cicatrizes expostas. Estão sem pejo, em pele e pelos, assim se atirando aos despenhadeiros, às críticas, aos menosprezos e desprezos alheios. Quanta coragem! O que se diz entre quatro paredes ao ser amado, o que se confessa de joelhos a este alguém, o que se derrama em noites insones e lágrimas no travesseiro … tudo se apresenta, sem reservas, integralmente aos versos. Quanta coragem! Quem já se viu diminuído, rejeitado, regurgitado, incinerado, com mãos estendidas pingando amor não tem esse desprendimento, essa valentia, esse heroísmo. É preciso ter muita bravura, muita ousadia, muita audácia para se deixar ler em verso e prosa assim. Quanta coragem!

o eunuco, por Luk Ank

há muito que não te vejo
nem silêncio enrustido
nem prévia de beijo
nem tédio entretido
nem roto desejo

queria saber
se mudou
de religião
se viajou
para o inferno
se aprendeu
latim
se esqueceu
de fato
de mim

queria saber
se encontrou
o amor
além
do
cinismo
se descobriu
algo mais
intenso
que o meu
escapismo

por fim
antes
do mar
me levar
para perto
das pedras
pontiagudas
da solidão
só queria
saber
o que
não
se diz

onde
diabos
te perdi
nas marés
de dias
imperfeitos
e-mails
em solilóquio
e pequenos
apelidos
infantis

o vácuo, por Luk Ank

não entendo
como posso
querer
estar
dentro
através
permeado
e
além
da
sua
essência

e não estar
dói
arde
mutila
arranca
risos
nervosos
e
histéricos
da
minha
bochecha
fúnebre

somos
estranhos
que
se
odeiam
por
não
se
completarem

somos
fardos
pesados
passados
e
ressentidos
na leve
inércia
da
incompletude

Poesias: Blog “A ARTE QUE REPELE – LUK ANK.

Fotos de arquivo pessoal

Vídeos:

1- Canal Kuarup Produtora

2- Canal Cida Moreira – Tema