Tiro ao álvaro

Marinhas

SOLANDO

sol a pino
solicitando sombra
só a sós
ao sol
à sombra
ao tempo
ao quando
ao sempre
ao nunca
ao depois
ao depois do depois
ao sol
só a sós
solzinho sozinho
namoro ao céu
namoro ao sol
namoro ao sal
namoro à brisa
namoro às ondas
namoro ao mar
ao tempo
ao quando
ao sempre
ao nunca
ao depois do depois
dois
namorando o céu
namorando as ondas
namorando a areia
ao mar

PEGADAS

São pegadas essas que deixo aqui
São pegadas as que deixas aí
São incursões de ti em mim
São passos molhados
pelas águas
pelas lágrimas
pela paixão.

Pegadas é só o que se deixa
na natureza, então.

NA FRANJA DO MAR

Com as dores todas,
beijo a franja do mar
miro ao longe
quase na curva do horizonte
a entrega
do que a maré me trouxe
toco nela
bebo dela
sal da minha vida

Expurgo os restos refugos
aproveito as ondas
enxáguo as feridas,
sangrando ainda,
regozijo interno,
com o que me entrega o mar
porque não sou eu,
mas ‘quem me navega
é o mar.’

NÃO DEVERIA SE CHAMAR AMOR

Um afago, um empurrão
Uma lambida, um arranhão
Um céu, um inferno
Uma entrega, um medo
Um doce, um azedo
Um risco, um rabisco
Um colo, um chute
Um rio, um capeta
Uma música, um anátema
Um riso, um amargor
Uma fala, o humor.

VEREDAS

Meu corpo espera
abraçar e ser em ti.
Voe que te colho com minhas mãos
como colho teus cenários
e escrevo-te palavras.
Por quê, homem alado?
Porque é de púrpura a cor do meu vestido.

MEU AMOR ÚLTIMO

Último,
desconhece outros.
Estrangeiro,
tropeça em riscos.
Incomum,
inaugura vagões.
Avassalador,
enfrenta labirintos.

QUANDO MEU AMOR VIER

Olharei em seu olhos
e lhe entregarei minha fala
em poucas palavras porque já conhece quase todas.
Tocarei em seu dorso
alisarei seus braços seu rosto e seus ombros
e sentirei que é de verdade um homem.
Subirei com ele
vagarosamente
meus degraus,
um a um,
para que sinta meu andar
meu jeito de ser uma mulher.
Oferecerei a ele meu vinho,
sem mesmo saber se de vinho ele gosta.
Sentarei com ele no sofá,
colarei meu corpo ao seu,
entregarei a ele minha boca
porque dela sei que gostará.
Quando meu amor vier,
poderei dizer a ele,
e exclusivamente a ele,
– Estou perdidamente apaixonada por você !

Poesias: Odonir Oliveira

Fotos de arquivo pessoal (mar paulista)

Vídeos:

1-2- 4 Canal Julián Mandrino

3- Canal Gustavo B. L.