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FEMININO FLORAL
Conta a lenda que,
qual Pessoa contara,
vivia naquele reino trivial
de mato e flores,
a mais azul das hortênsias,
que, por mais que se esforçasse em ser igual,
era diferente,
tinha perfume diferente,
tinha tom diferente,
tinha sabor de cor azul.
As flores dos canteiros da família
sempre a advertiam por suas maneiras de ser azul.
As mais velhas, então, aconselhavam, preveniam
todas ficariam desbotadas igualmente,
todas mudariam o aveludado do azul,
todas despetalariam seus ramos.
E todas isso e todas aquilo.
Que fosse igual a qualquer delas!
As flores dos canteiros vizinhos a observavam,
tinha graça na postura,
tinha beleza ao amanhecer
tinha esperança ao pôr do sol.
Não entendiam por quê.
Todas teriam o mesmo fim,
passados os dias,
passada a estação.
Todas teriam o mesmo fim.
Naquele dia, hortênsia sentiu-se mais diferente ainda.
Percebia-se alongada,
percebia-se maior.
Foi quando olhou para o chão,
e descobriu em sua sombra.
Era uma mulher,
estava se transformando em mulher,
tinha corpo e braços de mulher.
Era Hortência.
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Poesia: Odonir Oliveira
Fotos de arquivo pessoal
Vídeo: Canal Daniel Lameira