Mulheres mineiras no século XVIII

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SINHÁ

O sinhô foi campeá, foi
Pegou cavalo, arreio,
sela, estribo, espora,
chicote
a faca na bainha
o laço
a tala
acenou discreto à sinhá
com chapéu de aba
Foi.

Sinhá ouvia cantorias ao anoitecer
vindas de longe
da venda da vila
gostava daquela sinfonia 
ora alegre ora triste
gostava.
E se arrumava, se perfumava com água de lavanda
e ficava na janela tal qual moça à espera
Eram noites e noites
de beijos e abraços
sonhados
de rostos e bocas consentidas.

O sinhô chegava
se ela estivesse pra dentro
ruminava umas falas, comia, bebia,
bebia muito e mais não lhe dava.
Se estivesse na janela
o chicote fazia riscos no ar
estalava estalava
Sinhá morria de medo
Sinhá amava o sinhô.

MUCAMA

Fez que saía
deu a volta e entrou pelos fundos
enrodilhou a negra mocinha
riu dela
se esfregou nela
tapou sua boca
Clara dos Anjos sem defesa
moça donzela a sonhar com o seu Tião
esse capataz tinhoso, meloso, jocoso
riu dela
enfiou-lhe os dedos em dentro
ela se estrebuchou
riu dela
levantou sua saia
pressionou Clara na tina de lavar
ela gemeu
ele gemeu
Clara dos Anjos
Clara do seu amado Tião
Clara mais não.
Clara entregue, exposta, de costas
por medo
por pavor
ele gemeu
ela gemeu
Clara mais não.

Hipólita nasceu em 1748 em Prados, interior de Minas. Educada, culta e de personalidade forte, casou-se com Francisco Antônio de Oliveira Lopes, companheiro do alferes Joaquim José da Silva Xavier. Seu marido era membro ativo do grupo de Tiradentes (a afinidade entre os dois nasceu quando serviam no Regimento dos Dragões de Minas, em Vila Rica), e Hipólita tinha pleno conhecimento e apoiava o movimento. O que não existe, segundo seus biógrafos, é uma imagem da inconfidente.

[…]

”Apesar de os autos da devassa registrarem apenas o julgamento e as penas dos integrantes masculinos da conjuração, Hipólita sofreu os efeitos da derrota dos inconfidentes. Durante anos, lutou para reaver os seus bens, confiscados pela Coroa.
“Após a prisão dos inconfidentes e do início de repressão contra as famílias, dona Hipólita não escapou das punições impostas pela Coroa portuguesa”, diz Figueiredo Rodrigues. Acusada de participar do movimento, ela perdeu todos os bens. Inconformada, escreveu ao secretário do Ultramar, dom Rodrigo de Sousa Coutinho, em Lisboa, solicitando a restituição de boa parte do patrimônio sequestrado em Minas Gerais, alegando ser herança paterna.

“A estratégia deu certo, pois ela conseguiu recuperar a fazenda Ponta do Morro, onde morava, e alguns bens, como objetos de casa e de mineração, móveis e escravos”, diz o historiador Rodrigues.
“A luta pela posse dos seus bens mostra o quanto Hipólita era corajosa e quebra a imagem da sociedade patriarcal em que as mulheres eram submissas e se restringiam aos afazeres domésticos”, diz o historiador Elias Feitosa. “É possível, inclusive, que possa ter havido uma estratégia para a troca de mensagens sem provocar a desconfiança da Coroa. Quem iria suspeitar de uma mulher participando de uma revolução?”


As outras mulheres envolvidas na Inconfidência

Apesar de não terem participação efetiva no movimento, outras mulheres foram importantes no período da Inconfidência Mineira. Nos versos de Marília de Dirceu, o poeta Tomás Antonio Gonzaga declarava seu amor à jovem Maria Doroteia Joaquina de Seixas, por quem era apaixonado e ficou noivo.
Filha da tradicional família mineira, Maria Doroteia viu seu amado ser preso e exilado para a África, pouco tempo antes do casamento, acusado de participação na Inconfidência Mineira. Gonzaga nunca mais voltou ao Brasil. Maria Doroteia acabou sendo conhecida como a noiva da Inconfidência.
Outra personagem de destaque foi a jovem Bárbara Heliodora Guilhermina da Silveira, de São João Del Rey. Filha mais velha do advogado José da Silveira e Sousa, aos 18 anos conheceu o poeta carioca Alvarenga Peixoto, que na ocasião era o ouvidor na Câmara de São João. Casados, foram felizes até a prisão do marido por participação na Inconfidência.

Assim como Hipólita Jacinta Teixeira de Melo, de quem era conhecida, Bárbara Heliodora não se deixou abater e lutou para reaver seus bens confiscados pela Coroa portuguesa. Como ocorreu com a amiga de Prados, ela também conseguiu salvar sua fortuna e a ampliou nos anos seguintes, tomando a frente dos negócios de mineração, agricultura e comércio de escravos.
“Bárbara Heliodora e Jacinta estavam bem distantes das mineiras passivas e solitárias. Após a prisão dos inconfidentes, assumiram a direção dos negócios e defenderam seus interesses”, afirma o historiador André Figueiredo Rodrigues”

LEIA NA ÍNTEGRA AQUI:

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AQUI NO BLOG: “Violência contra a mulher I “https://poesiasdemaosquesentem.wordpress.com/2020/09/30/violencias-contra-a-mulher-i/ ”Violências contra a mulher II”https://poesiasdemaosquesentem.wordpress.com/2020/10/07/violencia-contra-a-mulher-ii/-”Violências contra a mulher III”https://poesiasdemaosquesentem.wordpress.com/2020/10/08/violencias-contra-a-mulher-iii/

Poesias: Odonir Oliveira

Imagens de arquivo pessoal

Vídeo: Canal Pinho Brasil Projetos

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